terça-feira, 2 de outubro de 2007

O lucro dos bancos é um escárnio


Pra não ir muito depressa: lucro é quando você subtrai o faturamento das despesas. É o que sobra depois de pagar as contas. Pois é. Ocorre que os jornais divulgaram ontem, sem o menor vestígio de indignação, que o lucro dos dois maiores bancos privados que operam no país superaram R$ 8 bilhões só no primeiro semestre, sendo este valor 28% maior em relação ao mesmo período do ano passado.

Meu caro amigo, prezada amiga, você já parou para pensar no absurdo que isso representa num país que tem metade de sua população desempregada ou subempregada? Num país onde o salário mínimo é de R$ 380,00 e o mínimo para sobreviver com dignidade, segundo o IBGE, são R$ 1.500,00 mensais?

O lucro crescente das corporações financeiras é a total subversão de qualquer valor ético que se pretenda alcançar, sobretudo num país tão desigual quanto o Brasil. Essa situação só pode prosseguir porque é tolerada pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda. Seus dirigentes sofrem pressão dos assassinos econômicos? Claro que devem sofrer. E como o povo não faz pressão suficiente, a corda arrebenta do lado mais fraco. Sugestão de leitura sobre o tema: "Confissões de um assassino econômico" (John Perkins, editora Cultrix).

Segundo o insuspeito FMI, o crime organizado movimenta US$ 750 bilhões por ano, sendo US$ 500 bilhões gerados pelo narcotráfico. De acordo com Jean Ziegler, no livro "A Suíça lava mais branco" (Editora Brasiliense), o dinheiro do tráfico de drogas e de armas é lavado justamente nas instituições financeiras - verdadeiras responsáveis, portanto, pelas matanças que ocorrem nas disputas por bocas de fumo nas periferias de todo o mundo. Nesse sentido, como esquecer a pergunta de Bertolt Brecht: o que é assaltar um banco comparado a fundar um banco? Enquanto pensam na resposta, os homens do governo poderiam trabalhar para regulamentar o artigo 153 da Constituição, que em seu inciso VII determina a cobrança de imposto sobre as grandes fortunas.

"Esse é o crasso cinismo da turminha do Lula. Criticar o lucro dos bancos como se não fosse fruto da mórbida política do maior-presidente-da-história-dezte-paíz..."
Waldo Luís Viana

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