12/08/2007
Clóvis Rossi
A reação do lulo-petismo à pesquisa Datafolha sobre a popularidade do presidente Lula é mais uma demonstração da escandalosa mediocridade da turma. Para usar linguagem que o presidente entende, eu nunca festejo a estabilidade do Palmeiras na tabela do Brasileirão. Festejo quando sobe (o que é raro, admito). Tampouco festejo o fato de que a maioria dos eleitores está insatisfeita com o meu time. Como? Sim, 48% de "ótimo/bom" para 51% de "regular/ruim-péssimo" (36% + 15%, respectivamente) revela insatisfação. Sei bem que os governantes de turno costumam agregar ao "ótimo/bom" o "regular" para poder cantar vitória. Paulo Maluf era campeão mundial nessa estratégia. O PT, à época, usava um argumento correto, que é o seguinte: se eu voto em alguém, espero um governo "ótimo". Ou "bom", na pior das hipóteses. Se acho que o governo é apenas "regular", está me frustrando. A turma do "regular" pode não ter cansado do governo, mas tampouco bate palmas para ele. Não quer obviamente dizer que Lula é impopular. Ao contrário, é popular, bastante popular. Mas vale para a pesquisa a constatação que o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) fez para as vaias ao presidente na abertura dos Jogos Pan-Americanos: sugeriu a petistas e governistas que "reconheçam que há desgaste do governo, que ainda tem popularidade, mas não unanimidade". A pesquisa permite mostrar os tamanhos tanto da popularidade quanto da falta de unanimidade: metade gosta do governo, um terço está frustrado e 15% odeiam. Seria, de todo modo, um bom resultado, não fosse o fato de que Lula acha estar fazendo o melhor governo da história republicana. Ou é ufanismo tolo ou mais da metade dos brasileiros é de uma tremenda ingratidão.
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