quarta-feira, 31 de outubro de 2007

COMUNOSSAUROS

Folha online manipula texto da France Presse

Por Janer Cristaldo Geral



João Paulo II foi o papa que mais santos fez em dois mil anos de história da Igreja. Pelos dados que disponho, até o final do século passado, canonizou nada menos que 447 beatos. Todos os outros 263 papas anteriores, somados, fizeram 302 canonizações. De uma leva só, no começo de outubro de 2000, João Paulo II canonizou 120 cristãos martirizados na China entre 1648 e 1930. Além disso, promoveu outras 1052 pessoas à condição de beatas, o penúltimo estágio antes da santidade. Bento XVI está se revelando sério candidato a desbancar seu predecessor como fabricante de santos em série. De uma tacada só, acaba de beatificar 498 espanhóis mortos durante a guerra civil. A lista dos novos candidatos à canonização compreende dois bispos, 24 padres, 462 religiosos, três seminaristas e sete leigos.


Vejamos como a France Presse noticia o fato, pelo menos segundo a transcrição da Folha Online.


PAPA BEATIFICA 498 MÁRTIRES DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA


Cerca de 30.000 pessoas assistiram neste domingo (28) na Praça São Pedro à cerimônia de beatificação de 498 "mártires" das "perseguições religiosas" da Guerra Civil espanhola (1936-1939). Ao término da cerimônia, o papa Bento 16 exortou os espanhóis a trabalharem pela "reconciliação e pela convivência pacífica".

"Com suas palavras e gestos de perdão para com seus perseguidores,(os novos beatos) nos estimulam a trabalhar incansavelmente pela misericórdia, pela reconciliação e pela convivência pacífica", disse o papa ao término do Angelus, pronunciado da janela do Palácio Apostólico no Vaticano.


Bento 16 não presidiu a cerimônia de beatificação celebrada na Praça São Pedro, embora tenha assistido ao rito do Palácio Apostólico de onde dirigiu a mensagem para os cerca de 30.000 peregrinos presentes. A cerimônia, realizada em espanhol, ficou a cargo do cardeal português José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, representante oficial do papa. Nas primeiras filas estavam importantes representantes do governo, entre eles o ministro das Relações Exteriores, Miguel Angel Moratinos. As presenças de Moratinos e de um dos autores da Lei de Memória Histórica na cerimônia no Vaticano foram consideradas "um gesto amistoso após fortes atritos" com a Igreja, segundo o jornal espanhol El País, e deverá servir para pôr fim a qualquer polêmica com o governo socialista.


O governo de José Luis Rodríguez Zapatero apresentou uma lei para reabilitar as vítimas do regime do general Francisco Franco.


Que deduzir da notícia assim reproduzida? A frase final deixa claro que os 498 espanhóis foram vítimas das forças de Francisco Franco. O que está longe de ser verdade. Entre 1931, quando a República Espanhola foi proclamada, e 1939, quando a Guerra Civil terminou, cerca de sete mil religiosos católicos foram assassinados… pelos republicanos. Isto é, pelos comunistas. Segundo o historiador Ricardo de la Cierva, em Historia Total de España, "nos quatro meses que precederam a guerra civil houve 160 igrejas incendiadas. Entre os milhares de civis mortos pelos comunistas, anarquistas e socialistas, estão pelo menos 6 mil padres, freiras e monges, além de 12 bispos. Muitos foram queimados vivos e outros foram enterrados ainda com vida".

Bento XVI não está beatificando as vítimas de Francisco Franco. Está beatificando as vítimas dos comunistas espanhóis. Houve manipulação na notícia publicada na Folha Online. Manipulação da France Presse ou da Folha Online? Conhecendo os bois com que lavro, eu diria que da France Presse não foi. Isto eu dizia no domingo passado. Segunda feira, Charles Pilger me envia o texto original da France Presse:

498 "MARTYRS" DE LA GUERRE CIVILE ESPAGNOLE BÉATIFIÉS

lundi 29 octobre 2007

Une messe de béatification de 498 "martyrs" des "persécutions religieuses" de la guerre civile espagnole a eu lieu dimanche place Saint-Pierre, à Rome. Un évènement qui suscite la polémique.

Par AFP

Quelque 30.000 fidèles assistaient dimanche matin au Vatican, place Saint-Pierre, à la messe de béatification de 498 "martyrs" des "persécutions religieuses" de la guerre civile espagnole célébrée en espagnol par le représentant du pape, le cardinal José Saraiva Martins. La célébration a commencé par la lecture de la longue liste des noms des "martyrs", qui comprend deux évêques, 24 prêtres, 462 religieux, trois diacres ou séminaristes et sept laïcs.

Ces catholiques ont été tués dans diverses circonstances en 1934, 1936 ou 1937, pour la plupart au début des affrontements qui déchirèrent l'Espagne après le soulèvement des "nationalistes' du général Francisco Franco contre le gouvernement de Front populaire.

La quasi-totalité des évêques espagnols ont fait le voyage de Rome pour participer à la messe de béatification, mais l'assistance était beaucoup moins importante que celle qui avait été initialement annoncée: l'Eglise d'Espagne avait avancé début octobre le chiffre d'un million de personnes.

Cette béatification de masse, la plus importante de l'histoire de l'Eglise catholique, a provoqué une polémique dans les médias de gauche alors que le gouvernement de Madrid s'apprète à faire adopter par le parlement une loi réhabilitant la mémoire des victimes du franquisme.

Le rapporteur du projet de loi, le socialiste Jose Torres Mora, assistait à la messe de béatification et le gouvernement était représenté par le ministre des Affaires étrangères Miguel Angel Moratinos. Plusieurs milliers de religieux et religieuses espagnols, selon les historiens, ont été tués par des sympathisants républicains, où le courant anticlérical était puissant, avant et pendant la guerre civile (1936-1939) qui fit plus de 500.000 morts dans les deux camps.

Après leur défaite, 50.000 Républicains ont été exécutés par les forces nationalistes et des dizaines de milliers d'autres ont été incarcérés. L'Eglise catholique a été un des piliers du régime franquiste jusqu'à sa disparition en 1975.

Le rapporteur du projet de loi, le socialiste Jose Torres Mora, assistait à la messe de béatification et le gouvernement était représenté par le ministre des Affaires étrangères Miguel Angel Moratinos. Plusieurs milliers de religieux et religieuses espagnols, selon les historiens, ont été tués par des sympathisants républicains, où le courant anticlérical était puissant, avant et pendant la guerre civile (1936-1939) qui fit plus de 500.000 morts dans les deux camps.
Après leur défaite, 50.000 Républicains ont été exécutés par les forces nationalistes et des dizaines de milliers d'autres ont été incarcérés. L'Eglise catholique a été un des piliers du régime franquiste jusqu'à sa disparition en 1975.
Le pontificat de Jean Paul II, décédé en avril 2005, a déjà connu onze séries de béatifications de "martyrs" de la guerre civile espagnole, pour un total de 471 victimes.

A manipulação da Folha online se evidencia na omissão deste trecho fundamental do despacho da France Presse: "Vários milhares de religiosos e religiosas espanhóis, segundo os historiadores, foram mortos por simpatizantes republicanos, onde a corrente anticlerical era poderosa, antes e durante a guerra civil (1936-1939) que fez mais de 500 mil mortos nos dois campos".

Já transcorreram 18 anos da queda do Muro de Berlim, 16 anos do desmoronamento da União Soviética e ainda há comunossauros infiltrados nas redações de jornal do Brasil.

Nenhum comentário: