segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O Fim da Metamorfose

Por Luís Mauro Ferreira Gomes
Coronel-Aviador Reformado

Em 16 de dezembro de 2007

Temos, ainda, viva, na memória, a decisão imprudente e desastrosa da Oposição de tirar Severino Cavalcante da Presidência da Câmara dos Deputados, sem ter a certeza de poder eleger-lhe o sucessor, o que colocou aquele cargo no colo de Aldo Rebelo, e ajudou a salvar o Governo da crise em que se havia metido, por falta de caráter de seus próprios membros e de filiados aos partidos que o apóiam.

Desta vez, porém, ela agiu com rara competência em todo o processo que culminou na sessão de julgamento da PEC que prorrogaria a CPMF

Diante da derrota iminente, o Presidente ainda “quis salvar o doente na hora do enterro”, como muito bem disse o Professor de Ética e Filosofia da Unicamp, Roberto Romano (O Globo, 14/12/2007, 2ª edição, página 9).

Conforme era de se esperar, fracassou.

– As mentiras do Governo

Incapazes de lidar com a perda, os integrantes do Governo, muitos dos quais foram terrorista armados ou simpatizantes destes no passado, agora, dedicam-se à prática do terrorismo verbal.

Acusam a Oposição de cortar quarenta bilhões de reais do Orçamento da União. Como se poderiam cortar esses recursos, se, simplesmente, não existiam?! Por imperativo constitucional, a CPMF termina no dia 31 de dezembro próximo. Os governistas é que pretendiam modificar a Constituição, para angariar mais fundos. Se contaram, como diz a sabedoria popular, “com o ovo antes de ser posto”, mais uma vez, foram eles os irresponsáveis.

E, ao contrário do que propalam, a destinação do tributo não seria a Saúde ou os programas sociais, senão financiar os seus projetos de perpetuação no poder, por meio de um golpe de Estado pela via da reeleição indefinida.

Somente um ingênuo não perceberia que o desespero com que o Presidente e os seus defenderam a aprovação dessa PEC reside em que a CPMF os ajudaria a tirar o passaporte para o terceiro mandato. Boa parte dos quarenta bilhões (dizem que eram muitos mais) seria desviada para o caixa partidário, e o restante serviria para comprar o voto dos eleitores carentes – por meio de programas assistencialistas – e a consciência de congressistas corruptos – mediante a liberação de emendas parlamentares, a distribuição de cargos, ou mesmo, o pagamento de mensalões. Esse foi sempre o “modus operandi” em situações semelhantes anteriores

Dizem que “a derrota não foi do Governo”, que “a vitória da Oposição foi contra o povo”. A Oposição fez o que deveria. Desde quando rejeitar emenda constitucional lesiva aos interesses da sociedade é derrotar o povo? Somente na visão desse Governo tão incompetente quanto arrogante, maniqueísta, excludente e sectário, que confunde os seus interesses com os dos sofridos brasileiros, cada vez mais, massacrados pelos agentes governamentais.

Também não são os sonegadores os únicos vitoriosos, como gritam as vozes oficiais. Estes sempre estiveram a salvo, desde que fossem partidários do Governo ou contribuíssem com “recursos não-contabilizados” para o caixa dos partidos aliados. Se assim não fosse, os desvios de dinheiro público feitos por intermédio do Banco Rural teriam sido descobertos antes, e não teriam ficado impunes, até agora. A cobrança da CPMF estava em toda a sua plenitude naquela época, e a Delegacia da Receita Federal, como o Presidente da República, nada viu, nada fez.

Outro recurso usado para impor à Nação as medidas de interesse do Governo é a manipulação das pesquisas de opinião. Como elas já estão muito inflacionadas, não seria possível, simplesmente, aumentar os índices de aceitação. Caso o fizessem, a estas alturas, já teriam elevado a aprovação dos eleitores a algumas centenas por cento. Vejamos, então, como é feita a manobra. Quando os estrategistas governamentais prevêem que precisarão alegar o crescimento da popularidade do Presidente, um pouco antes, anunciam pequena queda, para, nas vésperas do momento crítico, retornarem ao patamar anterior. Assim, podem alardear o fato como crescimento, e usá-lo em defesa dos seus objetivos. Foi o que aconteceu agora, mais uma vez. Segundo pesquisa do IBOPE liberada recentemente, em junho, a avaliação do Governo como ótimo ou bom estava em 50%, em setembro, “caiu” para 48% e, agora, em dezembro, “subiu” para 51%. A imprensa divulgou o “crescimento” com grande alarido, e não faltou quem, referindo-se à defesa da prorrogação da CPMF, ridiculamente, perguntasse aos brados: “Como pode estar errado o Presidente, se a sua popularidade não pára de crescer?”. Ora, mesmo que os números fossem verdadeiros, no que não cremos, as variações estão, virtualmente, dentro da faixa de erro da pesquisa, indicando, apenas, estabilidade. Por que será que ninguém diz isso?

Mas a torpeza não termina aí. Cinicamente, procuram intrigar os diversos segmentos da sociedade com a Oposição, a ela transferindo a culpa pelos seus próprios desmandos, incompetências e ações hostis. Mentem descaradamente, espalhando que o corte da CPMF promoverá o caos no sistema de Saúde e impedirá o aumento dos Funcionários Públicos e dos Militares.

Nada mais falso. Nunca houve intenção de investir mais em saúde, caso contrário, mais dinheiro teria sido canalizado para esse setor, durante todos esses anos em que a CPMF esteve disponível, e os poucos recursos orçamentários não teriam sido, sistematicamente, contingenciados, levando o sistema ao estado de inoperância em que se encontra.

Sobre a referência a aumentos salariais dos Funcionários Públicos, trata-se de um grosseiro desrespeito a esses trabalhadores. Aumento, há décadas, essa categoria não recebe. Depois de anos sem qualquer atualização, os reajustes, sempre ridículos e insuficientes para repor as últimas perdas, somente saíram nas proximidades de eleições. Parece que esse Governo deletério já se esqueceu de foi ele mesmo que deu a seus Funcionários 0,01% de reajuste, meramente para cumprir a obrigação formal de fazê-lo (um escárnio imperdoável, que somente poderia vir de quem veio). Mas as vítimas, essas sim, lembram-se disso perfeitamente.

Quanto a nós militares, sabemos, muito bem, quem são os responsáveis por todas as nossas mazelas e quem são os que estão infelicitando a Pátria que juramos defender. É inútil, pois, tentar enganar-nos.

– Como se financia a ditadura lulista

As fontes de financiamento da subversão parecem ser inesgotáveis. A CPMF seria, apenas, uma gota d’água no oceano que abastece o Governo. O golpe de Estado em gestação para perpetuar a ditadura lulista conta, ainda, além do dinheiro público desviado pelos meios tradicionais, com os recursos da DRU, que a Oposição não conseguiu ou não quis estancar, e com a injeção dos petrodólares bolivarianos do caudilho venezuelano, que, cada vez com maior desenvoltura, interfere na nossa política interna, com a cumplicidade do Presidente da República e do Ministério das Relações Exteriores, ademais de vários outros integrantes do Poder Executivo. Se o bom senso prevalecer entre os oposicionistas, eles denunciarão energicamente os avanços chavistas e procurarão derrubar a DRU em segundo turno. É uma questão de sobrevivência.

– Quem ganhou e quem perdeu

Em linhas gerais, foi o Brasil que mais ganhou com o fim da CPMF, e o grande derrotado foi o próprio Presidente Luiz Inácio da Silva.

Mas uma verdade que não se pode negar é que quem também se saiu muito mal de todo esse processo foram alguns políticos que vinham conseguindo enganar os eleitores, apresentando-se como pessoas sérias, confiáveis e de grande respeitabilidade. Uma observação um pouco mais atenta lhes teria, porém, revelado a verdadeira face oculta.

O Senador Pedro Simon, que propôs o adiamento da sessão para que o Governo tivesse mais tempo para cooptar Senadores, apresentava-se tão desconfortável e soava tão artificial, que dava pena, na tentativa de “explicar a inexplicabilidade” da mudança do voto que anunciara publica e ostensivamente, poucos dias antes, para apoiar aqueles que, por duas vezes, o substituíram na Comissão de Justiça, com o fim de alterar a correlação de forças naquele colegiado. Um homem sério não mereceria prestar-se a esse papel. Mas o que esperar de quem elogia Che Guevara e condena uma reportagem em que se criticava o guerrilheiro terrorista?

O Senador Jefferson Péres, que aparentava estar inteiramente perdido e fora da realidade, quando procurava justificar voto favorável à CPMF, sob a alegação de que o Ministro Guido Mantega havia prometido redução gradual da alíquota de 0,38%, a partir de 2008, e adoção de um mecanismo para limitar os gastos correntes do Governo (sem mencionar valores ou dizer que mecanismo). Muito conveniente essa ingenuidade de quem parece não ter percebido que, como a experiência sugere, a palavra do Ministro não vale mais do que um tostão furado. Não é de se estranhar. O Senador já nos tinha dado prova do seu grande mimetismo político em palestra realizada no Clube de Aeronáutica, em 17 de maio deste ano.

O Senador Cristóvão Buarque, outro “ingênuo”, que parecia querer mostrar uma inocência que não tem, ao fingir acreditar, mais uma vez, naquele que o demitiu pelos jornais. Não obstante, ele já apoiara o seu demissor no segundo turno das eleições presidenciais, em troca de “promessas” (também não cumpridas) relacionadas com a Educação, paradoxalmente, mesmo depois das críticas e denúncias arrasadoras que fizera no primeiro turno.

O prefeito José Serra (que, tudo indica, participou do conchavo de que resultou a carta presidencial e a atuação patética do Senador Pedro Simon) e o Governador Aécio Neves, que, juntamente com a Governadora Yeda Crusius, pressionaram os seus Senadores para que traíssem os compromissos assumidos e apoiassem o Governo em troca das promessas de que teriam mais recursos em seus Estados, para embalar os respectivos projetos políticos pessoais, mesmo tendo o seu partido, consoante a vontade da maior parte da sociedade brasileira, fechado questão contra a CPMF. Todavia, parece que os dois primeiros entendem muito bem de traição, pois, durante a última campanha eleitoral, era evidente o desconforto com que, tímida e tardiamente, “apoiaram” o seu correligionário, enquanto o eleitor atento via, claramente, que investiam na reeleição do adversário, cada um pensando, tão somente, em candidatar-se quatro anos depois.

Os grandes vitoriosos desse embate foram, mesmo, os bravos Senadores da Oposição e aqueles que a eles aderiram, assim como os políticos que os apoiaram. Todos resistiram aos mais violentos tipos de pressão, aí incluídas as sistemáticas tentativas de corrupção e de chantagem (para o Governo, negociar é, simplesmente, ameaçar ou comprar políticos), além dos apelos emocionais que sempre acontecem nesses casos. Cometerão o suicídio, contudo, se renunciarem ao aproveitamento do êxito para, timidamente, tratarem de compor-se com o Governo, esquecidos de seus compromissos com os eleitores, para lhe dar, amanhã, o que lhe tiraram ontem, em troca de “seja lá o que for”.

– Benditas bengaladas

Às vésperas do julgamento do então Deputado José Dirceu, o Escritor Yves Hublet (*), encarnando a ira nacional, desferiu-lhe emblemáticas bengaladas. Isso foi suficiente para mudar o ânimo daqueles que fariam o julgamento político, levando à condenação do réu e poupando-nos do espetáculo grotesco em que se transformaram os outros processos.

A sessão que decidiu o destino da CPMF também foi precedida por uma bengalada metafórica de grande valor, a derrota do ditador venezuelano no referendo que convocara para decidir, entre outros absurdos, a sua reeleição ilimitada. Essa vitória mostrou que, mesmo em situações extremamente desfavoráveis, os oposicionistas podem reagir contra as ditaduras que procuram instalar-se em seus países, utilizando-se dos mais variados disfarces de democracia para enganar os tolos.

A oposição de lá reagiu, como pôde, aos avanços totalitários do tiranete local. O passo foi pequeno, mas de extraordinária importância simbólica.

A nossa, sequer, parece ter-se dado conta, claramente, da ditadura que se agiganta e nos sufoca, mas também já ensaiou um passinho, ainda que muito menor.

– O princípio do fim da metamorfose

Em meio a tudo isso, agride-nos todos os dias a caricatura de um Presidente da República que se diz uma metamorfose ambulante. E por que não uma metamorfose volante, já que não sai do Aerolula? Pessoalmente, achamos que metamorfose falante lhe fica melhor, uma vez que Sua Excelência não deixa de dizer bobagens. Mas pouco importa se é ambulante, volante ou falante. O que o Brasil menos precisa neste momento é de uma metamorfose presidencial.

Até quando nós nos sujeitaremos a conviver com essa tragédia evitável?

Apesar da apatia generalizada que tomou conta dos brasileiros, a situação começa a reverter-se.

Dissemos, acima, que dois pequenos passos foram dados, um aqui e outro na Venezuela.

Que tenham sido os primeiros da marcha que varrerá, para sempre, a epidemia de ditaduras de esquerdas do continente sul-americano!




(*) Nota

Yves Hublet escreveu, em comemoração ao centenário do primeiro vôo do 14 Bis, “O Dia em que o Homem Voou”, publicado pela Editora Record, em 4 de abril de 2006. Na primeira parte da obra, o autor, satiriza, por meio de ficção fantástica cheia de fina ironia, a idéia de que os Irmãos Wright foram os primeiros a voar com aeronave mais pesada do que o ar. Em uma segunda parte, fundamenta sua argumentação com pesquisa muito bem documentada e desenvolvida. O articulista recomenda, com empenho, a leitura desse trabalho, que tem a forma de uma fábula infantil, mas que, como O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, agrada ao público de todas as idades.


sábado, 15 de dezembro de 2007

O ESPETÁCULO DA VOTAÇÃO DA CPMF

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VOTAÇÃO DO FIM DA CPMF – COMEMORAÇÃO...


VOTAÇÃO DA DRU – DESVINCULAÇÃO DAS RECEITAS DA União E DAS MEDIDAS EM CONTRÁRIO
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domingo, 9 de dezembro de 2007

VENEZUELA: NIEMEYER APONTA MÍSSIL PARA OS EUA

O monumento à Simon Bolívar, presente de Oscar Niemeyer, o gênio comunista do espaço inútil, para Hugo Chávez, será construído em Caracas, Venezuela. Representa uma lança ou um míssel apontado para o coração dos Estados Unidos da América.

AERONÁUTICA APELA PARA O SURREALISMO!!!

Por Coronel



Ontem, a Aeronáutica concedeu a Medalha de Honra ao Mérito Santos Dumont para a primeira dama Dona Marisa Letícia, pois a considerou uma cidadã brasileira que prestou relevantes serviços à Força Aérea Brasileira. Pelo menos é para isso que a condecoração foi instituída em 1956, por decreto presidencial.

Não foi dado saber ao Brasil quais foram estes relevantes serviços que a primeira dama prestou à Aeronáutica para merecer tamanha honraria. Uma homenagem que não foi concedida, por exemplo, às esposas dos comandantes mortos nos acidentes com os aviões da Gol e da TAM, recentemente ocorridos, que escancararam o apagão aéreo que o Brasil está vivendo. Elas também mereciam esta deferência.
Na foto de Ricardo Stuckert, a primeira dama, vestindo vermelho vivo, ostenta a sua medalha, tendo, ao fundo, a tropa formada da Força Aérea Brasileira. Um dia, esta FAB teve um lema que dizia: "servir, nunca se servir".Atualizando: a Medalha de Santos Dumont é a mesma que foi concedida a Milton Zuanazzi e a Denise Abreu, ex-diretores da ANAC, demitidos e escorraçados pela sua culpa no apagão aéreo. A condecoração a eles causou revolta entre os "fabianos". Cláudio Candiota, presidente da ANDEP, que havia recebido a condecoração em 1989, devolveu a comenda.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Muitas importantes personalidades venezuelanas haviam destacado, antes do plebiscito de 2 de dezembro sobre a reforma constitucional proposta pelo governo de Hugo Chavez, que o sistema eleitoral totalmente automatizado da Venezuela já não era confiável. Entre outras razões das críticas ao sistema estava, por exemplo, a questão da simples aceitação do súbito aumento do número total de eleitores do país – que subiu de 10 para 16 milhões em apenas 5 anos; ou ainda registros que mostravam a incrível quantidade de 100 mil eleitores que já estariam com mais de 100 anos. Além disso, temia-se pela fraude dentro dos próprios programas internos das urnas (fraude mais difícil ainda de ser detectada) e também pela quebra de sigilo dos votos (coisa que há razões de sobra para se suspeitar que realmente já tenha ocorrido).

Mas, e agora, que a opção pelo NÃO à proposta de reforma da Constituição venceu com pouco mais da metade dos votos? Naturalmente, muitos pensam, aliviados, que não houve como acontecer fraudes que estariam planejadas, por causa da intensa vigilância nacional e internacional sobre as votações do plebiscito e ainda que tenha havido uma espécie de ressurreição do Estado de Direito democrático e das oposições venezuelanas ao chavismo. Sem querer retirar o mérito inegável e invejável do povo venezuelano – que já deu inúmeras demonstrações de que não vai para a forca calado e de cabeça baixa -, é óbvio que, infelizmente, as coisas não são tão simples assim como parecem ser e que, na verdade, preparam o cenário para a entrada definitiva e triunfante do comunismo bolivariano de Chavez.

É muito simples. De que andava sendo acusado o coronel Hugo Chavez? De antidemocrata; de que o que fazia na Venezuela não era fruto de legítima concessão democrática da maioria dos venezuelanos e de que poderia estar fraudando os pleitos, desde alguns anteriores ocorridos naquele país. Então, qual seria o verdadeiro triunfo de Chavez nesse plebiscito tão importante sobre sua “precipitada” proposta de reforma constitucional de viés nitidamente comunista? Perder e aceitar a derrota “democraticamente” – desde que fosse por margem muito pequena, é claro, para, depois de certo tempo, quando fizer outro e se sair vitorioso, dar a impressão de que as coisas possam facilmente ter se invertido. Assim, o ditador venezuelano caberia perfeitamente na carapuça de “que pode ser acusado de tudo, menos de não ser um legítimo democrata”, como declarou recentemente seu fiel colega do Foro de São Paulo, o Sr. Lula, presidente do Brasil.

Não consigo entender como não houve uma só linha em nenhum jornal de grande circulação que especulasse sobre o assunto sob esse ponto de vista. A nós brasileiros, por exemplo, não nos falta experiência: não viram para que serviu o referendo sobre o Desarmamento? A vitória do NÃO à proibição de venda de armas e de munições em território brasileiro foi praticamente inócua, posto que o Estatuto do Desarmamento, votado e aprovado pelo Congresso, estabelece regras que já, na prática, instituem o desarmamento dos cidadãos brasileiros, além de colocarem sob risco de prisão inafiançável qualquer cidadão honesto que possua uma arma dentro de casa, mas que não tenha condições financeiras de desembolsar mais de R$ 2000,00 para renovar o registro desta arma, se não me engano, de 3 em 3 anos.

Isso para não falar que o respeito “democrático” à derrota no referendo deu legitimidade à “segurança e à inviolabilidade” das urnas eletrônicas, que, nas eleições seguintes revelaram a reeleição incompreensível de “mensaleiros”, de “invasores de contas bancárias de caseiros indefesos” e de um presidente que conseguiu a proeza – inédita na história das eleições mundiais – de retirar de seu adversário cerca de 11 milhões de votos, da noite para o dia, no segundo turno das eleições presidenciais, e de ainda levar mais de 2 milhões de eleitores que haviam anulado seu voto no primeiro turno, a mudar de idéia e resolver votar no candidato do PT, que acabou sendo reeleito.

Ora, no caso agora do plebiscito da Venezuela, trata-se da mesma jogada, para dar às ditaduras o respaldo “democrático” de que precisam para fingir que enganam o mundo. É, na verdade, as pessoas fingem que estão sendo enganadas e quem engana finge que não sabe que todo mundo finge que não sabe que está sendo enganado.

Ser um democrata é, antes de respeitar a vontade da maioria, respeitar a lei, viver sob um Estado de Direito, com Instituições fortes e independentes (e não aparelhadas por militantes de um partido só) e onde exista liberdade de imprensa e amplo acesso a todo tipo de informação por parte da população. Assim, quando a “democracia” se limita, simploriamente, à expressão, por voto, da vontade e/ou da opinião da maioria, o que existe, na verdade, é a ditadura do voto - quase sempre a expressão de doutrinamento e de falta de informação. Portanto, dizer que uma pessoa seja democrata apenas por transformar todas as grandes questões nacionais em plebiscito, comprometendo-se a acatar os resultados, ou por ter sido eleito ao poder pelo voto popular é reduzir a democracia à simples “ditadura votocrcrática manipulada”, na qual, na realidade, uma minoria paralisa e emudece a maioria.

Será que não há entre nós quem perceba que as ações e os planos de todos os líderes de esquerda – incluindo muitos dos presidentes dos países - da América Latina sejam todos “coincidentemente” coordenados e todos visando a uma longa continuidade que não pode vir a sofrer interrupções futuras por causa das alternâncias de poder nos governos locais de cada país da região? O sonho megalômano esquerdopata - alimentado pela esquerdopatia comunista internacional, diga-se de passagem - de transformar em realidade a União das Repúblicas Socialistas da América Latina (URSAL) está se convertendo em realidade – mesmo que por imposição. São tantas e tão óbvias as evidências desse processo que fica difícil acreditar que o discurso de muita gente que se diz séria e patriota ainda possa estar voltado para eleger o Estado norte-americano como o maior dos inimigos imperialistas do Brasil.


Veja-se, por exemplo, a última proposição do governo Lula:
Brasil vai propor defesa única para litoral do continente (matéria de Kayo Iglesias – JB de 29/11/2007), revelada pelo assessor especial de assuntos internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia, ao dizer que “Lula pretende propor, em janeiro, na 3ª reunião de chefes de Estado da União Sul-Americana de Nações, em Cartagena, Colômbia, a criação de uma junta de defesa do continente. O grupo seria formado pelos ministros da Defesa de todos os países e teria como principal missão proteger a Região Amazônica e as fronteiras marítimas”. Sabem o que MAG disse para justificar a tal proposição? Que “a descoberta de novas riquezas e a consolidação do continente como principal fonte de recursos naturais geradores de energia requerem atenção e preocupação com possíveis interferências externas”.

Nossa perguntinha inocente: “Quer dizer que só devemos nos preocupar ou considerar como interferência externa aquela que vier de fora do Continente sul-americano?”

MAG disse mais. Ao ser questionado sobre os problemas que o Brasil enfrenta com outros países da região, especialmente com a Bolívia, disse que “as relações econômicas entre os dois países não seriam afetadas por causa dos problemas ocorridos com a Petrobrás naquele país e nem por causa dos problemas com o fornecimento de gás para o Brasil”. Preste-se atenção em sua justificativa: “A riqueza, quando é um bem compartilhado, é um fator de paz”. É isso mesmo que o leitor leu – nosso “sem problemas e biliardário” país deve compartilhar suas riquezas com os povos irmanados da região, por imposição de sua excelência, o escravagismo comunista.


A matéria do JB revelava ainda que Lula já estaria em conversações a respeito desse plano de defesa continental unificada com os ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores, e Nelson Jobim, da Defesa. Para Amorim, a “importância da Amazônia” seria “como um fator agregador entre as nações” e que, por lá, haveria “entidades que simulam papel de protetoras da floresta, mas que representam interesses econômicos de outros países”.

Não vou repetir a perguntinha inocente.



O jornalista Merval Pereira escreveu sobre esse plano em
artigo para o jornal O Globo no qual citava a análise do cientista político Amaury de Souza (*) de que "para contra-arrestar a ameaça militar norte-americana, três linhas de ação vêm sendo implementadas: 1) uma nova visão estratégica de defesa nacional no marco de uma guerra assimétrica; 2) a defesa integral da nação com base em uma aliança cívico-militar; 3) o fortalecimento e a preparação da Força Armada Nacional, com a modernização de seu equipamento e a criação de uma força conjunta para a defesa da América do Sul". Para Amaury de Souza o que estaria sendo “menos perceptível no esquema militar chavista” seriam os "esforços em prol de uma integração militar e geopolítica paralela à integração econômica da região e do desenvolvimento de um pensamento militar autóctone".

Recentemente, o jornal Correio Brasilense publicou uma
reportagem do jornalista Cláudio Dantas Sequeira dizendo que Chavez teria um projeto para transformar o Brasil numa “democracia socialista” e que, entre outras coisas, para isso, teria enviado 15 “diplomatas” para ajudar a implantar e/ou a organizar os Círculos Bolivarianos e outras unidades de apoio à causa chavista. A matéria dizia ainda que o trabalho de campo estaria sendo coordenado pelo venezuelano Maximilian Arvelaiz, homem de confiança de Chavez, e que toda a articulação culminaria na realização da primeira Assembléia Bolivariana Nacional em dezembro, no Rio de Janeiro. Trata-se de uma frente antiimperialista dedicada a transformar o Estado numa “democracia socialista”, como consta do próprio estatuto desse futuro organismo, cujas linhas teóricas repetem, claramente, o ideário da Reforma Constitucional chavista e sua meta de construir um “poder popular” para formar uma “federação socialista latino-americana”.

Agora, imagine o leitor se os EUA resolvessem promover aqui movimento semelhante, só que de ideologia democrata... E quantos movimentos nazi-fascistas já foram destituídos no Brasil por serem, evidentemente, considerados ilegais? Entretanto, o movimento revolucionário bolivariano pode instalar-se aqui, sem a menor cerimônia, e contar com a ajuda explícita da Venezuela, através de seus consulados espalhados pelo país.

No site do Círculo Bolivariano Leonel Brizola (
http://assembleiabolivariananacional2007.blogspot.com), cujo coordenador é o jornalista Aurélio Fernandes, membro da CUT-RJ e do diretório nacional do PDT, pode-se ler, entre outras coisas, o estatuto do movimento, que terá como fachada jurídica a Associação Nacional pela Educação Popular e a Cidadania, em cujo nome estarão todas as propriedades e documentos legais. Um dos responsáveis pelo Círculo Bolivariano Che Guevara, ligado ao Círculo Bolivariano Leonel Brizola confirmou à reportagem do Correio: “A gente conta com a ajuda deles (dos consulados), não só formando uma base de solidariedade à revolução na Venezuela e em Cuba, mas ajudando na construção de uma revolução no Brasil.” A mesma pessoa ressaltou o trabalho intenso do novo cônsul no RJ, mas garantiu que se trata de apoio político e não financeiro. Ainda segundo ele, quem banca os Círculos são os próprios integrantes, não havendo financiamento externo. No entanto, segundo a reportagem, “o capítulo novo do estatuto do Movimento determina que as finanças terão origem em contribuições não só dos militantes, mas ‘doações de pessoas e entidades jurídicas’ — o que inclui qualquer tipo de patrocinador”.


Em outra reportagem, publicada pelo Estado de São Paulo, em 2 de fevereiro deste ano, já se falava que o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) britânico apontava em seu relatório anual que Venezuela teria adquirido armas além de sua necessidade e que estaria repassando armas ao governo boliviano (será que realmente esse repasse seria somente para a Bolívia?). O informe ainda ressaltava que o governo boliviano do presidente Evo Morales se comprometia, segundo
acordo militar bilateral, a receber efetivos militares venezuelanos "em tempos de crise", e a aceitar financiamento da Venezuela em instalações militares. Na ocasião, Morales disse não saber precisamente quantos militares provindos da Venezuela estariam na Bolívia, mas disse que a missão dos soldados seria humanitária. Também, segundo o IISS, a Venezuela estaria construindo um porto sobre o rio Paraguay e uma base militar, a de El Prado, próxima à fronteira com o Brasil, que abrigaria 2.500 soldados e que havia transferido à Força Aérea Boliviana dois helicópteros Cougar, incluindo os que o operavam - integrantes do X Grupo de Operações Especiais das forças armadas venezuelanas.

Ora, todas as vezes que um avião ou helicóptero militar sai da Venezuela em direção à Bolívia deve necessariamente cruzar o espaço aéreo brasileiro, precisando para isso pedir autorização. Sabem quantas autorizações a Venezuela já pediu, só este ano? Mais de 50! Ontem, dia 6/12, um avião venezuelano foi recebido a pedradas por populares na Bolívia, de modo que teve que levantar vôo novamente e pedir para pousar em Rio Branco, no Acre. Os bolivianos contrários ao governo do cocaleiro Evo Morales garantem que o avião estava carregado de armas.

Em outubro deste ano, o jornal El Universal publicou reportagem sobre os acordos que o governo da Venezuela tem com a Rússia de compra de armas em valores que somam 4 bilhões de dólares, mas que podem chegar ainda a três vezes esse valor. Como se sabe, Moscou já vendeu à Venezuela 24 caças Su-30MK, 50 tipos de helicópteros de combate e de transporte, sistemas de defesa aérea Tor-M1 e 100 mil fuzis Kalashnikov, além de se comprometer a construir três fábricas de armamentos militares: uma de fuzis AK-47, uma de munição e outra para a manutenção e conserto de helicópteros. Não acabou. A Rússia ainda vai vender lanchas patrulla "Mirazh", lanchas de desembarque "Murena-E", helicópteros de "Kamov" e sistemas costeiros de mísseis capazes de alcançar alvos situados entre 7 e 130 quilômetros.

Mais recentemente, em junho de 2007, o jornal Estado de São Paulo publicou outra reportagem sobre a proposta de Chavez de um pacto militar na Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), entre Venezuela, Bolívia, Cuba, Nicarágua e que pretende incorporar também o Equador. Segundo o presidente venezuelano, o pacto é necessário por causa “do terrorismo e da agressão permanentes dos EUA” na região. Ele permitiria compartilhar equipamentos e incluiria outras formas de cooperação militar, além dos serviços de inteligência. De acordo com Chávez, a Alba deveria se transformar, no futuro, numa “confederação de Estados”. “Devemos nos ver como um projeto de uma grande nação, que transcenderá os espaços nacionais - uma Confederação dos Estados da Alba”, explicou o presidente venezuelano. “Só unidos poderemos ser livres para desenvolver nossa própria visão de mundo.”

Em novembro deste ano o jornal Estadão (SP) publicou outro artigo dizendo que o planejamento militar de Chavez seria de longo prazo: “Até 2010, ele quer ter garantido, ao menos sob contrato, o fornecimento de outros 120 aviões de combate, 15 submarinos lançadores de mísseis, 138 navios, 25 radares tridimensionais e fábricas inteiras para produção de sistemas de defesa. Se possível, quer ainda alguma capacidade nuclear. “É para gerar energia elétrica”, garantiu Chávez numa apresentação em Moscou, há quatro meses”... “Há dois prováveis parceiros bem cotados para essa empreitada - a Rússia, que responde pela maioria das encomendas dos novos equipamentos de defesa da Venezuela, e o Irã, de Mahmud Ahmadinejad, que ofereceu o serviço.

Já em fevereiro de 2005,
o site Defesa @ Net publicava com exclusividade um trecho da entrevista coletiva que Hugo Chavez concedeu aos jornalistas no V Fórum Social Mundial, no Rio Grande do Sul, quando respondeu sobre qual deveria ser o papel desempenhado pelos militares da América Latina hoje: “O papel dos militares na América Latina já foi definido por Simon Bolívar, líder, libertador e militar, há quase duzentos anos: ‘Os militares devem empunhar suas espadas para defender as garantias sociais’”... “Nesse momento, quando a força imperialista arremete contra nosso povo e do mundo, os militares da América Latina devem se preparar e empunhar suas espadas na defesa de suas nações, mas nunca subordinar-se ao imperialismo americano e aos interesses das oligarquias”... “Enfim, o papel de nossos militares hoje, deve ser o de libertadores. Mas ... devem estar subordinados ... à vontade popular. Assim como acontece na Venezuela, os militares latino-americanos não devem tão somente se preocupar com a defesa da nação e de seus limites territoriais, mas também se incorporar ao povo e construir a nação, numa intensa integração comunitária e política, no desenvolvimento de projetos sociais, técnicos, científicos e universitários, como pude ver hoje em Tapes (Rio Grande do Sul), onde encontrei no acampamento do MST o General Gonzáles, do Exército Venezuelano, que estava trabalhando pela Universidade Bolivariana da Venezuela, onde é estudante”... “Agora está sendo colocada em prática a nova estratégia de defesa nacional da Venezuela: 1º- O fortalecimento do aparato militar do país; 2°- Fortalecimento da união cívico-militar; e 3°- Incremento da participação popular na defesa nacional, ou seja, a população capacitando-se e treinando-se para a defesa do país".


É por essas e outras que o governo brasileiro não vai mais propor ao Congresso a tipificação do crime de terrorismo. Para o general Jorge Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, qualquer definição de terrorismo como crime especificado no Código Penal seria mortal para movimentos sociais e grupos de resistência política de países invadidos: “dependendo da ótica, eles são movimentos de resistência ou são terrorismo” - disse Félix ao GLOBO na última quinta-feira.

Engraçado este tipo de raciocínio inverso ao que se costuma adotar aqui no Brasil para justificar a criação de normas e de leis, no qual “infelizmente, explicam, os justos devem pagar pelos pecadores”. Ou seja, os justos são obrigados a cumprir uma série de procedimentos, nas mais variadas situações, por causa de uma minoria desonesta que se aproveitaria de brechas na segurança ou da boa fé das pessoas para aplicar golpes e/ou praticar crimes. Não é assim no caso do desarmamento ou no caso de se querer controlar a navegação na internet? No entanto, no caso da tipificação do crime de terrorismo, usou-se justamente o argumento contrário: ou seja, de que não é justo correr o risco de se punir “inocentes” por causa de minorias criminosas. Quanta conveniência... quanta incoerência “cara-de-pau”!


É importante nesse ponto citar o conteúdo do artigo
A Conexão Chavez, de Manuel Marlasca e Luis Rendueles, de 2/12, traduzido pela articulista Graça Salgueiro, e publicado no site Mídia Sem Máscara. Os autores chamam a atenção para o fato de que “não é por acaso que Chávez também mantenha fluidas relações com a guerrilha colombiana FARC, financiada com cocaína e com seqüestros. Tampouco é por acaso que quase todos os grandes narcos tenham um passaporte venezuelano”.

Em 2005, Chávez expulsou a agência anti-drogas americana, a DEA, da Venezuela. Que hoje é responsável pelos informes em poder da Polícia espanhola que afirmam que a Armada venezuelana escolta com seus patrulheiros os barcos carregados de droga, enquanto sulcam o delta do rio Orinoco até a desembocadura. A Polícia espanhola detectou em alguns países africanos, como Marrocos e Togo, a presença de prováveis homens de negócios com passaportes venezuelanos dedicados na realidade ao tráfico de cocaína. Não apenas a Espanha tem se queixado de Chavez. Também se queixou a Colômbia, local de saída da coca: “A organização de empresas narcotraficantes formadas por redes de colombianos e de venezuelanos, permitiu aproveitar a experiência acumulada na Colômbia para converter a Venezuela em exportador de drogas ilegais de primeira ordem para a Europa e para os Estados Unidos”.


O diário colombiano El País informou em julho deste ano que a droga procedente da Venezuela para a Europa e para o México havia aumentado cinco vezes sob o mandato de Chavez - 80 por cento da cocaína que chega à Espanha já procede da Venezuela. Mas, se os serviços anti-droga espanhóis não estão nada contentes com Chávez, tampouco o estão os grupos anti-terroristas: organizações fundamentalistas islâmicas violentas, como o Hamas e o Hezbollah, já têm escritório e simpatizantes na Venezuela, assim como também os etarras (do ETA) - que vivem na Venezuela, muitos desde os anos 80 -, além de militantes da organização
Askapena (Libertação), especialmente mimados por Chávez.

Não resta mais dúvidas de que os planos dos governantes de esquerda da América Latina sejam todos de longo prazo e de viés ideológico comunista – por isso, eles precisam garantir que seus sucessores no poder sejam de mesmo perfil ideológico – para dizer o mínimo (assim como aconteceu na Argentina, que trocou 6 por meia dúzia ao eleger Cristina Kirshner para ocupar o lugar de seu marido na presidência do país). A outra opção é conseguir reformar as constituições para permitir a reeleição eterna. O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou recentemente, em Santo Domingo, que ficará durante muito tempo no poder: “Os oligarcas bolivianos diziam que não permaneceríamos no poder por mais de quatro ou seis meses, mas o que não sabem é que ficaremos no Governo por muito tempo". Hugo Chavez vai, com certeza, voltar ao tema da reforma constitucional na Venezuela.

O jornalista da Folha de São Paulo, Kennedy Alencar (aquele que a gente só lê quando e se quiser saber o ponto de vista do PT), no último dia 23/11, escreveu
artigo em que falava sobre a venezuelização, não a do governo, mas, ao contrário, a da oposição brasileira. O jornalista diz que é bobagem achar que Lula vai tentar um terceiro mandato: “Leitores indagam as razões para este jornalista não acreditar que Lula tentará um terceiro mandato seguido. Resposta: O petista não quer um terceiro mandato em 2010 e sabe que não deve querer”. Então, que fique claro: Lula não iria pleitear um terceiro mandato SEGUIDO e, conseqüentemente, NÃO EM 2010. Mas, nada impede que em 2010 vá para o Planalto um candidato-ponte-para-Lula.

Mas, o assessor para assuntos internacionais de Lula, Marco Aurélio Garcia, falou, em entrevista concedida à BBC, que a derrota de Hugo Chávez no plebiscito para alterar a Constituição venezuelana em nada altera a disposição do PT de propor uma Constituinte para mudar a constituição brasileira. O PT começou, durante a eleição para a executiva nacional, a recolher assinaturas para a apresentação de um projeto "popular" para criar uma Assembléia Constituinte. MAG disse que: "Não é uma Constituinte abrangente e refundacionista como está colocado em outros países".


(*) artigo para a revista "Digesto Econômico" da Associação Comercial de São Paulo.



terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Petetização no Ipea?

Ubiratan Iorio
Economista
A nova direção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) está promovendo mudanças que vêm gerando suspeitas de expurgos nos quadros técnicos da até agora respeitada instituição. Seu presidente - para quem o Estado brasileiro seria "raquítico" (afirmativa absurda e denotativa de que ou é movido por ideologia, ou ruim da cabeça, ou doente do pé) - nega com veemência a acusação, mas o fato é que, no último dia 17, afastou quatro respeitados economistas: Fabio Giambiagi e Octavio Tourinho (que retornaram à sua origem, o BNDES) e Gervásio Rezende e Regis Bonelli (aposentados e sem vínculo empregatício com o instituto, onde estavam alocados por conta da Lei 9608, de 18/2/98, que dispõe sobre serviços voluntários não remunerados).
Três entidades representativas dos economistas, a Federação Nacional dos Economistas (Fenecom), o Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP) e a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), viram no episódio uma ameaça à independência do órgão que, como se sabe, era ligado ao Ministério do Planejamento até abril deste ano, quando passou para o Núcleo de Assuntos Estratégicos - o "Ministério da Bola de Cristal", comandado pelo ininteligível mago Mangabeira Unger. Em nota conjunta, alertaram que "nem nos piores momentos políticos vivenciados no país, inclusive no período da ditadura, tentaram calar o Ipea". Isto é muito grave!

A polêmica parece transcender diferenças teóricas e ideológicas, pois envolve também aspectos financeiros, já que os convênios do Instituto vêm transferindo, segundo os jornais, cerca de R$ 1 milhão por ano a entidades privadas sem fins lucrativos, sem contar os repasses de empresas estatais, como Petrobras e Caixa Econômica Federal, também usados para patrocínios e consultorias, em sua maioria sem licitação, dado o "notório saber" (sic) dos contratados. Isto significa, na prática, que a direção do Ipea pode escolher os pesquisadores que obterão fontes adicionais de renda.
O clima entre os técnicos do Ipea está tenso, pois seria o primeiro caso de caça às bruxas da história do Instituto que, desde que foi criado por Roberto Campos, no governo Castello Branco, sempre contou em seus quadros com economistas de diversas tendências. Durante anos esteve subordinado ao ministro João Paulo dos Reis Velloso - que, com equilíbrio e ecletismo, sempre respeitou as divergências existentes, prática mantida pelos governos seguintes.

Mas agora parece que a heterodoxia econômica mascarada de "desenvolvimentismo" que, transitoriamente, comanda o Ipea, aliada à busca de cargos para apadrinhados, resolveu moldá-lo à sua feição, ação que, por si só, já ameaça pôr abaixo sua credibilidade e que, se não for rapidamente extirpada, certamente o desmoralizará rapidamente, além de expor uma inaceitável cisão dentro do governo, entre o pragmatismo do Banco Central e os devaneios estatizantes dos que se julgam "desenvolvimentistas".

Serão meras coincidências? Giambiagi vinha afirmando (com toda a razão) que os crescentes gastos públicos representam um perigo para a estabilidade econômica do país; Tourinho, extremamente técnico, cuidava da respeitada revista do Ipea, mantendo-a imune a ingerências políticas e partidárias; Rezende, especialista em economia agrícola, desenvolvia pesquisas em que, entre outros "pecados" contra o credo petista e o dos companheiros baderneiros do MST, criticava a tese do "trabalho escravo" no campo. Além disso, foi extinto o grupo de análise conjuntural - que também vinha alertando para a orgia orçamentária do governo Lula - sob a alegação de que a função do Ipea é "pensar o longo prazo". Longo prazo? Um governo - e um país - incapazes de pensar meia hora na frente?

Preferiria acreditar que as mudanças tenham sido meramente administrativas, mas considerando, primeiro, o inegável processo de inchaço do Estado com exércitos de petistas e aliados, e, segundo, que coincidências até acontecem, mas muito dificilmente em doses múltiplas e simultâneas, deixo a conclusão - óbvia - a cargo do leitor.


Madonna mia, será que até o Ipea está sendo petetizado? Se for isso, até onde irão...

Ronaldo França e Ronaldo Soares
VEJA
Sexta-feira, Novembro 16, 2007

Afastamento de técnicos instala climade caça às bruxas no Ipea

Desde a sua fundação, em 1964, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) se notabilizou por ser um espaço de livre circulação de idéias. Criado no primeiro ano do regime militar para subsidiar a formulação de políticas de longo prazo, sempre abrigou pesquisadores das mais diversas tendências de pensamento. A única exigência era a alta capacitação intelectual. Ao longo dos últimos 43 anos, publicou trabalhos críticos à condução de programas de governo, sem que seus autores sofressem algum tipo de represália.
Na semana passada, o novo presidente do Ipea, Marcio Pochmann, tomou uma atitude contra o pluralismo, marca de excelência da instituição. Foram afastados quatro pesquisadores. Em comum eles têm, além de reconhecida competência, uma visão econômica liberal não coincidente com a linha de pensamento da atual direção do Ipea. "Nem a ditadura teve coragem de fazer no instituto o que o governo Lula está fazendo agora", diz a cientista política Lucia Hippolito.

Os afastados são os economistas Regis Bonelli, Fabio Giambiagi, Otávio Tourinho e Gervásio Rezende. Todos defendem a redução do papel do estado na economia e se manifestaram contra o excesso de gastos do governo. Giambiagi é autor de estudos que esmiúçam a crise da Previdência Social e deixam clara a necessidade da conclusão da reforma previdenciária. Trata-se de posição diametralmente oposta à defendida por Pochmann e, principalmente, pelo diretor do departamento de macroeconomia do instituto, João Sicsú. Este, por sinal, um defensor do aumento do número de funcionários públicos no Brasil – em artigos recentes, ele sustentou que o estado brasileiro é "nanico".

Pochmann e Sicsú chegaram à cúpula do Ipea pela mão do ministro extraordinário de Ações de Longo Prazo, Mangabeira Unger. Fazia alguns meses que já se especulava sobre uma caça às bruxas no Ipea. Pochmann disse a VEJA que as dispensas não tiveram motivação ideológica: "Foram medidas meramente administrativas". O argumento é curioso. Giambiagi e Tourinho, por exemplo, estavam cedidos ao Ipea pelo BNDES, que continuava a pagar seus salários. Num país que tem carência de cérebros, não é crível a justificativa burocrática. O ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, que presidiu o Ipea desde sua criação até 1979, orgulha-se da liberdade ali exercitada. "Até aqui sempre se manteve o objetivo de preservar o Ipea de influências políticas. O instituto trabalhou com liberdade de opinião e de criação. Muitos dos principais economistas da oposição trabalhavam lá", lembra.

A notícia do afastamento dos quatro economistas revive a inclinação autoritária do governo do PT. Durante o primeiro mandato de Lula, foi extinto de supetão o departamento econômico do BNDES, setor responsável pela elaboração de estudos que serviram de base para programas fundamentais na modernização da economia brasileira, como as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. Tanto naquele episódio quanto agora, o que está em jogo é a oposição entre o pensamento econômico liberal e o desenvolvimentista. São visões excludentes em ações de governo, mas não em instituições que têm como função produzir análises que ajudem a compreender a realidade brasileira. Nestas, as diferenças só enriquecem o debate.
No Ministério das Relações Exteriores, ocorreu algo semelhante. O embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Roberto Abdenur, foi removido do cargo e empurrado para a aposentadoria por manifestar, durante uma palestra, opinião divergente da de Celso Amorim sobre as relações com a China. O secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, instalou um clima de perseguição no ministério e promoveu absurdos como a doutrinação dos novos diplomatas, tornando obrigatórias leituras de viés ideológico afinado com seu pensamento.

Ao longo de sua história, o Ipea sempre exerceu o papel de consciência crítica dos governos. Aparelhá-lo é matar uma instituição respeitada internacionalmente. Um episódio protagonizado pelo próprio Regis Bonelli ilustra a saudável tradição de liberdade de expressão. Em 1974, ele e o ex-ministro Pedro Malan (então um técnico do Ipea) publicaram um artigo em que criticavam diretamente o segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, editado pelo governo Geisel. Afirmaram que os efeitos da crise do petróleo de 1973 estavam subestimados. Nada sofreram. A história lhes deu razão.
UM ESPAÇO PLURAL, fundado em 1964, o Ipea sempre se caracterizou pela independência de pensamento em relação ao governo.



O Bolsa Família, principal programa do governo Lula, teve a contribuição decisiva do economista Ricardo Paes de Barros. Foi ele quem sugeriu a unificação de todos os programas sociais do governo.


Mal estar no Ipea
"Independência do Ipea está ameaçada", diz Lucia Hippolito
da Redação
16/11/2007

Quatro economistas do Instituto de Pesquisas em Economia Aplicada, órgão ligado ao governo federal, foram afastados. Os pesquisadores são considerados não-alinhados ao atual pensamento econômico do governo. O presidente do Ipea, Márcio Pochmann, disse que os motivos do afastamento foram administrativos.

Para a colunista do UOL News Lucia Hippolito, porém, o episódio sinaliza que "a independência do Ipea está ameaçada". "É preocupante, para dizer o mínimo. Nem a ditadura mais feroz jamais interferiu no Ipea", disse a colunista, que já trabalhou no instituto e é co-autora de um livro sobre os primeiros 40 anos da instituição. "Gosto do instituto, conheço bem os pesquisadores e a história do lugar." Segundo ela, o instituto é responsável por vários estudos importantes sobre a economia brasileira, como "Ricardo Paes de Barros, o maior especialista em pobreza e distribuição de renda do país. Graças a ele é que foi criado o Bolsa Família."

Apesar dos argumentos do presidente do Ipea, Márcio Pochmann, que assumiu o instituto em agosto deste ano, Lucia considera que as dispensas têm razões políticas. "Essa gente toda era muito crítica dos gastos do governo e isso vai contra a visão do novo presidente (Pochmann)."

Além disso, Lucia afirmou que "desde o início do governo Lula existia a conversa de enquadrar, domesticar o instituto". Ela discorda do cerceamento da independência da instituição. "O Ipea sempre foi o 'grilo falante' do governo.""É preocupante saber que quatro pesquisadores renomados foram afastados por não comungarem com a opinião do governo. Isso cria uma situação de constrangimento dentro do Ipea, mesmo entre os pesquisadores que apóiam o governo", disse a colunista, que vê uma censura à liberdade de expressão acadêmica. "A autonomia do Ipea é patrimônio do país."


EXPURGO E APARELHAMENTO NO IPEA

Lúcia Hipólito

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) foi criado em 1964, já durante a ditadura. Seu idealizador foi o então ministro do Planejamento, Roberto Campos, e seu fundador e primeiro presidente foi o ex-ministro Reis Velloso.

A proposta era criar um instituto que pensasse o Brasil a médio e longo prazo, com estudos aplicados à realidade brasileira - saber teórico era com a universidade.Ao longo de seus 43 anos, o Ipea transformou-se na consciência crítica dos governos brasileiros - de todos os governos.Sua produção acadêmica vai desde estudos sobre industrialização, estudos pioneiros sobre agricultura no cerrado brasileiro - a expansão da fronteira agrícola brasileira é resultado desses estudos -, estudos sobre distribuição de renda, pobreza, gastos públicos, previdência.

Em seus primeiros anos, o Ipea contou com o trabalho de um dos mais importantes economistas vivos, o prof. Albert Fishlow, que se dedicou aos estudos do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento).Mais recentemente, o governo Lula deve a um pesquisador do Ipea, Ricardo Paes de Barros, o maior especialista brasileiro em pobreza e distribuição de renda, a proposta de unificação dos programas sociais do governo, que resultaram no Bolsa-Família - maior sucesso da administração petista.

Fábio Giambiagi, outro importante pesquisador, é responsável pelos estudos mais recentes sobre a Previdência no Brasil e sobre as contas públicas brasileiras.Além de realizar estudos para o governo, o Ipea formou quadros dos mais importantes para a administração pública brasileira. Por lá passaram Pedro Malan (pesquisador desde 1965), Dorotéia Werneck, Pedro Parente, Régis Bonelli, entre outros.Durante esses 43 anos, a independência intelectual e institucional do Ipea incomodou muitos governos - praticamente todos.

Mas nesses 43 anos jamais houve um único caso de censura ou qualquer tipo de interferência do governo no Ipea.Nem mesmo a ditadura interveio nos trabalhos do Instituto.Entretanto, desde o início do primeiro mandato do presidente Lula, era voz corrente no governo a tentativa de "enquadrar" o Ipea, manifestada principalmente pelo então todo-poderoso chefe da Casa Civil, ex-ministro José Dirceu (réu no STF por formação de quadrilha e corrupção ativa).

Mas o Instituto resistiu.

A nomeação de Mangabeira Unger (intelectual respeitado em Harvard) como ministro das Ações de Longo Prazo (Sealopra) atendeu à intenção do governo de "domesticar" o Ipea.Imediatamente após a nomeação, os técnicos do Instituto receberam a visita de dois emissários do PRB, partido de Mangabeira e dos bispos da Igreja Universal, interessados em saber quantos cargos em comissão havia e qual era o montante de recursos destinados pelo governo ao Ipea.

Não é preciso dizer que os técnicos ficaram de cabelo em pé - jamais tinham passado por semelhante situação.Agora, os piores temores estão se confirmando.Desde que a nova direção assumiu, trabalhos foram recusados, substituições foram feitas nas diretorias, e acabam de ser afastados quatro dos mais importantes pesquisadores, todos críticos do excesso de gastos do governo federal: Fábio Giambiagi, Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Regis Bonnelli (este, um dos pioneiros do Instituto, junto com Pedro Malan).

A Diretoria de Estudos Macroecônomicos, a mais importante do Ipea, cujo atual titular é assessor econômico do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo da Igreja Universal, solicitou que os pesquisadores desocupem suas salas.Censura e aparelhamento ideológico.Será desastroso se o governo Lula destruir um dos mais importantes e independentes centros de estudos econômicos do país.Um governo que se diz de esquerda terá feito um papel que nem a ditadura de direita ousou fazer.

(Em tempo: sou co-organizadora, com Maria Celina D'Araujo e Ignez Cordeiro de Farias, do livro Ipea - 40 anos apontando caminhos. Publicado pela Editora FGV)

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

UMA NAÇÃO DE APERTADORES DE PARAFUSO


Está lá no Blog do Diego do dia 29/11: "Metade das empresas quebram no Brasil em apenas 8 anos". Os dados revelados na coluna são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Mas, no Jornal Nacional, no Jornal da Band e em todos os outros que fazem parte da mídia de grande alcance (no caso do Brasil, rádio e TV) as "chamadas" diárias revelam um outro Brasil:

- Há crescimento de emprego (mesmo que seja o do de catador de lata),

- Há crescimento da produção industrial (mesmo que seja o do da indústria de bens primários),

- O IDH (índice de desenvolvimento humano) é o melhor de nossa História (mesmo que este índice só tenha sido criado depois dos governos militares, no caso do Brasil, e que quando, certamente, os índices seriam infinitamente superiores, pois o Brasil simplesmente saiu da posição de 46 economa mundial para a 8),

- A produção e a venda de automáveis cresceu e bate récordes (mesmo que a razão disso sejam os financiamentos em 3 anos com taxas de juros que fazem o sujeito pagar quatro vezes o valor real do veículo que comprou, mas que ele acaba optando por pagar assim mesmo porque os sistemas de transporte urbanos são péssimos - fora os riscos de assalto),

- As vendas de bens de consumo duráveis crescem (mas, pelos mesmos motivos que crescem as dos automóveis - prazo e crédito), assim como também crescem as vendas nos supermercados (mesmo que seja simplesmente porque até comida esteja sendo comprada com crédito....)

- E o Natal deste ano vai bater récorde no volume de vendas (mesmo que seja pelo fato de que a cada roupa produzida no Brasil que deixará de ser vendida - por causa do preço e da covardia das condições de concorrência - serão vendias 30 blusinhas "made in China" - ou equivalentes - por 1/3 do preço, mas que são fruto de mão-de-obra escrava (escravidão essa que chegará por aqui, mais cedo do que se pensa... justamente por questão de "sobrevivência me engana que eu gosto" do mercado).

Com um detalhe a esclarecer: o pessoal não compra blusa produzida por escravos porque queira "levar vantagem em tudo", não - é porque precisa se vestir - até mesmo para alimentar a indústria da moda, que de supérflua só tem o nome, pois emprega milhões de pessoas no mundo todo - e não tem outra opção. O mesmíssimo raciocínio pode ser usado para explicar a "febre" do consumo de DVDs pirata, que são vendidos a R$ 5,00 cada. Quem é que compra esses DVDs? A nova classe média da informalidade e a nova elite endinheirada do socialismo (ambas pelo mesmo motivo: a cultura da ignorância e da falta de educação) e, mais recentemente, pela velha classe média, em indisfarçável decadência financeira, para a qual, infelizmente, levar a família ao cinema passou a ser "programa de rico". Todos, porém, o fazem por uma simples e óbvia razão: "a gente não quer só dinheiro - a gente quer cultura, diversão e arte".

Voltando às empresas, como diz lá no Blog do Diego, "É dura a realidade para o empreendedor brasileiro: burocracia, carga tributária asfixiante e um governo que só entra para retirar dinheiro, oferecendo quase nada em troca. O resultado não poderia ser outro - mais da metade das empresas quebram no Brasil em apenas 8 anos".

De acordo com o IBGE, das 738 mil criadas no país em 1997, apenas 51,6% continuaram funcionando até 2005, sendo que mais da metade deste percentual veio a fechar as portas depois de 2002. Outro dado grave: os índices revelam que as empresas que mais resistiram foram as que tinham um mínimo de 100 pessoas empregadas - o que, para um país como o nosso, pode significar o mesmo que um negócio de médio porte para cima. Ou seja, o pequeno empresário, que é o maior empregador de mão-de-obra nacional e que também é responsável pela diversificação (e até pela criatividade) de nosso mercado, não está conseguindo prosperar no Brasil.
As conseqüências disso são evidentes: crescimento desproporcional do mercado informal - leia-se "se-virismo" -, aumento exacerbado do número de trabalhadores a espera de um emprego (o que concorre para desvalorizar os salários e para à marginalização cada vez maior dos indivíduos que possuam menos recursos de formação intelectual - é o caso, por exemplo, de homens que falam até duas ou três línguas estrangeiras e que acabam trabalhando como motoristas, ou o de pessoas com nível superior que acabam tomando as vagas oferecidas para gari nos Estados).

Todo esse ciclo de "bons ventos" da economia movida a crédito, com farta redistribuição "robinhoodiana" de terras e de renda (que não é renda, é salário) - DOS OUTROS, é claro - por parte do governo, vai transformar o Brasil numa terra de três classes - os milionários da nomenklatura, a classe dos que trabalham (para morar, comer e consumir - tudo mal - e, é óbvio, pagar impostos) e a classe dos miseráveis (o exército dos despossuídos dispostos a tudo para não deixar de receber as esmolas de seus ídolos da nomenklatura). Vai transformar o Brasil na potência da indústria extrativista e de bens primários. Vai transformar os brasileiros num bando de "apertadores de parafuso", incapazes de agregar intelectualidade reflexiva às suas atividades produtivas - vai transformá-los num bando de papagaios obedientes ao governo, conduzidos pela mídia grande irmã.


Rebecca Santoro
E-mail: rebeccasantoro@gmail.com
Imortais Guerreiros - http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/index.htm
A VOZ DOS GUERREIROS - http://imortaisguerreirosnossavoz.blogspot.com/
(Cópia em: http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/reproduoavozdosguerrei.htm)
CRISE AÉREA: http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/crisearea.htm e http://acidentetam2007.blogspot.com/
MEMÓRIA INFOMIX: http://acidentetam2007.blogspot.com/ (Deixe seu recado)
MEMÓRIA MÍDIA SEM MÁSCARA: http://www.freewebs.com/imortaisguerreiros/mdiasemmscara.htm

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

ESPIONAGEM CUBANA E OS CÍRCULOS BOLIVARIANOS

Comentários: G. Salgueiro
Fonte: Notalatina

Notalatina trouxe esta semana, COM EXCLUSIVIDADE PARA O BRASIL, uma entrevista com o ex-espião cubano Uberto Mario Hernández, que trabalhou na embaixada cubana na Venezuela, entre 2000 e 2003, e resolveu falar à jornalista María Elvira Salazar no programa “Polos Opuestos”, da MegaTV de Miami, em junho deste ano. Hoje ele vive exilado na Flórida, depois de haver desertado.
Mario é jornalista desportivo e trabalhava na “Radio Rebelde” em Pinar del Río (Cuba) quando foi mandado para a Venezuela. Lá, ele foi trabalhar como espião na embaixada de Cuba e recebeu, por parte do governo da Venezuela, identidade, passaporte e endereço como venezuelano, com o nome de José Carlos Contrera. Dentre outras coisas, ele conta que sua função principal era espionar jornalistas opositores e repassar as informações para o embaixador de Cuba na Venezuela, German Sanchez Otero.
Sobre esses documentos falsos que ele diz ter recebido não é novidade, pois aqui mesmo neste blog eu já denunciei isto inúmeras vezes, inclusive em época de eleições e referendos onde mais e mais agentes do G2 cubano chegam para dar apoio a Chávez e votar a seu favor.
A espionagem é feita não só aos opositores venezuelanos mas também aos cubanos que estão lá nas “missões” (médicos, desportistas, alfabetizadores – que são FUNCIONÁRIOS do governo). Mário conta que certo dia foi chamado ao escritório do diretor geral do aeroporto de Maiquetia, - Cel Tomás Rodríguez, que cuidava da segurança na embaixada cubana - , na cidade de Vargas, e que através de um lap top ele pôde ouvir TODA a conversa que esses cubanos estavam tendo com suas famílias na Ilha, (eles tinham direito de ligar DE GRAÇA para Cuba cuja despesa era paga pela PDVSA, ou seja, o Estado venezuelano, com o dinheiro do povo); todos eram monitorados completamente, inexistindo privacidade de informações. Os informes (“chuletas”) colhidos daí e de outras coberturas, eram enviados para a central de espionagem dos cubanos que fica no 3º andar do prédio da embaixada e de lá enviado para Fidel via mala diplomática.

Ele conta que a empresa CONEXTEL, que importa e exporta todo o material de eletrônica em Cuba, fez um acordo com o governo na Venezuela e está lá desde 19 de outubro de 2000. Todo o material que é utilizado para doutrinação e treinamento (áudio, vídeo, DVD) é feito pelo Departamento Ideológico do Partido Comunista de Cuba e elaborado pela CONEXTEL, inclusive funcionários do Instituto Cubano de Rádio e TV estiveram na Venezuela – mais de 100 pessoas – montando rádios comunitárias e serviços de escutas, como esse do aeroporto de Maiquetia. O próprio Mario montou 9 dessas rádios comunitárias, cujo objetivo é fazer doutrinação ideológica e espionar, através de delinqüentes que vivem espalhados pelos diversos bairros e que gravam conversas ouvidas de opositores, e depois entregam à embaixada cubana.

A Internet também está monitorada – leia-se CENSURADA -, sobretudo depois que a maior empresa do ramo, a CANTV, foi estatizada. TUDO o que os opositores assinantes de CANTV escrevem e que circula pela rede, é monitorado diretamente por esses espiões na embaixada de Cuba, e são mais 1.000 os infiltrados no Departamento de Segurança da Venezuela.


O assessor de Chávez para a criação da TeleSur chama-se Ovidio Cabrera, que é Vice-Presidente do Instituto Cubano de Rádio e TV, ideólogo do PCC há 30 anos. Agora é possível compreender porquê a maioria dos e-mails que envio para amigos que utilizam este provedor é devolvido, com o “simpático” aviso de que a mensagem não foi entregue porque enviei spam.


Vale destacar aqui, também, que este tipo de censura e monitoramento está sendo feita pelo ParTido-Estado, pois em nota recebida ontem, a jornalista Dora Kramer denunciava que os computadores dos funcionários do Ministério da Fazenda eram bloqueados pelo “comitê de segurança” a acessar a página do PSDB e de informativos sobre “política e opinião” por serem assuntos “não profissionais”. O site do PT, entretanto, é liberado. E em breve, seremos todos nós, funcionários de Ministérios ou não.


Outra informação grave, denunciada nesta entrevista, dá conta de que na ilha La Orchila há uma base de espionagem – Centro de Operações de Internet – e uma base de submarinos. Essa base usa a fachada de uma agência de mergulhos, entretanto, foi aí que se reuniram Chávez, Fidel, Sanchez Otero e outros para criar um cabo submarino que liga Cuba e Venezuela, aumentando em 2.500 vezes as comuicações entre os dois países. Isto justifica as compras de submarinos russos que Chávez fez ano passado.


Cabe lembrar que todas as operações ilícitas feitas por Fidel Castro, sobretudo com relação ao narcotráfico, foram feitas utilizando submarinos em águas internacionais, daí porque o DEA sempre teve dificuldade em provar que o governo ditatorial cubano participava ativamente do narcotráfico, conforme relata Luis Grave de Peralta Morell, em seu livro “A Máfia de Havana”, ainda inédito no Brasil. (veja texto em azul abaixo)
Quem montou este Centro de Operações em La Orchila foi o sr. Angel Gamos, um dos últimos oficiais da Segurança de Cuba, que é filho do Coronel Cargame, delegado do Ministério do Interior (MiNint) encarregado do caso do General Ochoa, fuzilado após “confessar” sua participação no narcotráfico, coincidentemente neste caso em que o DEA não encontrou provas. Ele foi o bode expiatório escolhido para salvar a pele de Fidel e de Raúl, porque o DEA estava a um passo de chegar a esta conclusão...


Mas a parte mais preocupante e grave desta bombástica entrevista é quando ele fala do recrutamento de jovens para o exercício da espionagem e militância. Ele explica que os “Círculos Bolivarianos” são formados por hordas de delinqüentes, drogados, marginais que não têm nada a perder e que agem de forma violenta e armada, conforme o Notalatina apresentou em sua última edição sobre as agressões sofridas pelos estudantes, dentro das universidades.


Ex-funcionários do regime cubano estão na Venezuela dando aulas de espionagem nas “Escolas de Capacitação de Trabalhadores Sociais”, nome muito elegante para esconder seus reais objetivos. Por essas escolas já foram doutrinados e treinados durante 45 dias, mais de 5.000 jovens venezuelanos que formam hoje os “Comitês de Jovens Bolivarianos”, cujo objetivo é difundir e arregimentar adeptos à revolução bolivariana.


Aqui no Brasil existem vários desse grupos que apresentam-se com o nome de “Círculos Bolivarianos”, mas cujo objetivo é o mesmo dos Comitês de Jovens, conforme pode-se comprovar através deste artigo Círculos Bolivarianos no Brasil, escrito por Carlos I. S. Azambuja para o site Mídia Sem Máscara.


É isto que está ocorrendo na Venezuela hoje e é isto que está invadindo nosso país, silenciosa e cinicamente, porque a mídia inteira se cala sobre estes crimes que provêm da união maligna entre Chávez+Lula+Castro, o “Eixo do Mal” do Foro de São Paulo, denunciado há quase uma década pelo saudoso Dr. Constantine Menges.


Será que depois de ouvir esse depoimento tão grave e fidedigno, pois o autor das denúncias foi participante direto de tudo que denuncia, os brasileiros ainda vão ficar indiferentes à malignidade do ingresso definitivo de Chávez ao Mercosul? Será que os nacionalisteiros – civis e militares – ainda vão “lamentar” que alguém no Brasil não queira a ajuda de Chávez?


Deixo com a consciência de cada um, julgar de que lado quer ficar: se do Brasil, com toda esta corja de comunistas no raio que os parta, ou mancomunados com a pior escória do planeta, apenas para ser contra tudo (sem separar o joio do trigo) que vem dos Estados Unidos.


Aqui estão os vídeos da entrevista que juntos somam pouco mais de 15 minutos:
















Proposta de fusão entre Venezuela e Cuba

por Edgard C. Otálvora
08 de novembro de 2007


Resumo: A Confederação Cubano-Venezuelana seria o caminho escolhido por Fidel Castro e Hugo Chávez para garantir a sobrevivência do atual regime na ilha.


© 2007 MidiaSemMascara.org


A fusão dos governos da Venezuela e de Cuba em uma única entidade é, segundo fontes consultadas em vários países, algo mais que uma frase de ocasião. Tanto o governo venezuelano como setores específicos do regime cubano estariam considerando esta opção seriamente. No caso da Venezuela, o governo de Hugo Chávez se propõe dar pavimento constitucional a essa via, incluindo na reforma constitucional uma claúsula que permitiria um governo conjunto Caracas-Havana.


A criação de uma entidade que unifique os governos da Venezuela e de Cuba foi incluída como parte das reformas constitucionais que os deputados da Assembléia Nacional colaram à proposta inicial apresentada por Chávez.


No artigo 153 foi incorporada a “Fundação de Repúblicas que consolidem os projetos estruturantes da região” como uma das ações que a República “promoverá e favorecerá”.


De acordo com o Dr. Adolfo Salgueiro, na semana passada, poucas horas antes que a Assembléia Nacional (AN) levasse ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) o texto “definitivo” da reforma, o conteúdo do Artigo 153 foi modificado sem ter ido a nenhum “debate” parlamentar. Salgueiro, que vem realizando um minucioso exame do texto constitucional proposto e seu impacto no campo internacional, fundamenta que a “fundação de Repúblicas” gerou mal-estar entre grupos chavistas os quais imediatamente relacionaram o texto (saído ao que tudo indica de Miraflores) com o que Chávez já havia adiantado poucos dias antes em Cuba, sobre a fusão dos dois governos.


O texto do artigo 153 que finalmente foi entregue pela senhora Cilia Flores – presidenta da AN – à senhora Tibisay Lucena – presidenta do CNE -, já aparece na página da Internet do organismo eleitoral. No texto que será submetido à votação em dezembro foi apagada a parte que diz “fundar Repúblicas”, introduzindo com camuflagem a mesma idéia. O texto definitivo já não se refere à criação de novas repúblicas, senão que faz referência a que a República promoverá a “Confederação” (escrito com maiúsculas pelos redatores) na América Latina. O produto de uma “Confederação” segundo o neutro dicionário da Real Academia, é a criação de um Estado. A nova Constituição abre assim caminho para a formação de um novo Estado resultante da confederação ou aliança de Cuba e Venezuela.


A modificação do artigo, nas intimidades palacianas, foi realizada com tal discrição que, ao que parece, não se inteiraram nem sequer no diário “Últimas Notícias”, dirigido por Eleazar Díaz Rangel, um publicitário próximo do governo. Em sua edição do domingo passado, quando o texto definitivo já aparecia nas páginas oficiais na web, esse matituno publicou um resumo do conteúdo da mudança da Constituição no qual ainda figura como Artigo 153, o correspondente à “fundação de Repúblicas”.


Durante sua visita a Cuba iniciada em 12 de outubro passado, Hugo Chávez referiu-se a que, na prática, os governos da Venezuela e de Cuba são um só. Chávez utilizou em várias de suas intervenções públicas a palavra “confederação”, para referir-se à fusão dos dois governos.


Américo Martí, um cuidadoso analista do dia-a-dia cubano, ressalta o fato de que nas palavras de Raúl Castro em resposta a Chávez, o cubano nunca se referiu a algo que pudesse ser entendido como uma fusão de ambos os governos. Com efeito, o presidente interino cubano falou de “união e integração”. O contraste de posições entre ambos os mandatários se produziu durante a assinatura de uma nova série de acordos bilaterais no dia 15 de outubro.


Poucos dias depois, o chanceler cubano Felipe Pérez Roque falou implicitamente, desde Nova York, sobre o tema da fusão com a Venezuela. E o fez sob a euforia de haver derrotado os Estados Unidos na ONU, quando a maioria dos países votou rechaçando o embargo norte-americano à ilha. Nesse contexto, Pérez Roque assegurou que seu país estava disposto a ceder sua soberania e bandeira em honra da “Pátria Grande”.


A Confederação Cubano-Venezuelana seria o caminho escolhido por Fidel Castro e Hugo Chávez para garantir a sobrevivência do atual regime na ilha, o qual está em dúvidas, uma vez que o cubano faleça ou fique, por razões de seu estado de saúde, anulado em sua capacidade de intervir no exercício do poder.


Após o discurso de George W. Bush sobre Cuba, pronunciado na Casa Branca em 24 de outubro, ficou no ambiente certa ambivalência sobre a posição definitiva de Washington ante um governo de transição encabeçado (diretamente ou com um segundo interposto) por Raúl Castro. Parece pouco provável que Raúl Castro e a casta militar que se mantém a seu redor, estejam na linha de uma fusão com a Venezuela. A Confederação seria então um projeto dos civis que rodeiam Fidel e os que têm ligações privilegiadas com Chávez.

VOCÊ ACHA QUE O COMUNISMO ACABOU?





VOCÊ ACHA MESMO QUE NÃO EXISTE COMUNISMO NOS EUA?










Círculos Bolivarianos no Brasil




26 de outubro de 2007


Resumo: A infiltração ideológica do governo venezuelano no Brasil vai muito além do lançamento do livro de Simon Bolívar. Hugo Chávez tem um projeto político especial para o país, no qual assenta as bases de uma luta revolucionária em prol do seu Socialismo do Século XXI.

Durante vinte anos tive o poder e tirei umas poucas conclusões inquestionáveis: 1. A América é ingovernável por nós. 2. Quem serve à causa da revolução perde tempo. 3. A única coisa a fazer na América é emigrar. 4. Este País cairá infalivelmente nas mãos de um bando desenfreado de tiranos mesquinhos de todas as raças e cores, que não merecem consideração. 5. Devorados por todos os crimes e aniquilados pela ferocidade, seremos desprezados pelos europeus. 6. Se fosse possível que parte do mundo voltasse ao caos primitivo, esta parte seria a América”. (Simon Bolívar, falecido em 17 de dezembro de 1830)

Em 24 de outubro de 2007, o jornal Correio Brasiliense, de Brasília, publicou matéria a respeito dos Circulos Bolivarianos existentes no Brasil, bem como o esforço do governo venezuelano, através de um grupo de diplomatas, de municiar essa organização – Círculos Bolivarianos – de política anti-imperialista para transformar o Brasil numa democracia socialista. O título do artigo é apropriado ao tema: Ameaça à Soberania.

Segundo a matéria, a infiltração ideológica de Hugo Chávez no Brasil vai muito além do lançamento e distribuição às universidades e escolas do livro Simon Bolívar - O Libertador. O livro é apenas a ponta de um iceberg do projeto político de Hugo Chavez para o Brasil, país no qual assenta as bases de uma luta revolucionária em prol do Socialismo do Século XXI.

O trabalho de campo está sendo articulado e coordenado pelo venezuelano Maximilian Arvelaiz, assessor de política internacional de Hugo Chávez (http://www.cartanaescola.com.br/edicoes/19/o-brasil-e-imperialista/). Diz a matéria que a infiltração ideológica do governo venezuelano no Brasil vai muito além do lançamento do livro de Simon Bolívar. Hugo Chávez tem um projeto político especial para o país, no qual assenta as bases de uma luta revolucionária em prol do seu Socialismo do Século XXI. Nesse sentido, Maximilian Arvelaiz há quase um mês percorre várias capitais brasileiras com a missão de coordenar os Círculos Bolivarianos e outras unidades de apoio à causa chavista.

Tal articulação culminará com a realização da I Assembléia Bolivariana Nacional, em dezembro, no Rio de Janeiro, quando será lançada a versão tupiniquim do Movimento Bolivariano, uma frente anti-imperialista que não passa de um ambicioso projeto destinado a transformar o país numa democracia socialista. As linhas teóricas do Estatuto desse organismo – obtido pelo autor da reportagem – repetem, sem timidez, o ideário da reforma constitucional que está sendo feita na Venezuela, bem como a meta de Hugo Chávez de construir um poder popular para formar uma Federação Socialista Latino-Americana.

O Movimento Bolivariano terá um hino, um símbolo e uma bandeira, e prevê a cooptação de posições estratégicas em partidos políticos, sindicatos, associações de moradores, grupos religiosos, ligas camponesas e empresas. Nesse trabalho, Arvelaiz não está sozinho. Dispõe de uma equipe de 15 diplomatas lotados na embaixada e em diversos consulados, inclusive um Adido de Inteligência. Essas pessoas foram mandadas ao Brasil com a justificativa oficial de que se trata de um reforço diplomático para impulsionar as relações bilaterais. Sem dúvida, uma justificativa coerente, uma vez que o próprio presidente Luiz Inácio classifica Hugo Chávez como um parceiro importantíssimo e sua base parlamentar faz esforços para a imediata aprovação no Congresso do Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul.

Prossegue o autor da reportagem, escrevendo que o enviado especial de Chávez tem se reunido com os coordenadores dos vários Círculos Bolivarianos já existentes no Brasil, a fim de instruí-los sobre a mudança de status dessas células sociais: deixam de ser unidades para a disseminação da doutrina bolivariana e tornam-se parte de uma estrutura nacional, uma frente política aparelhada, composta por mulheres e homens dispostos a assumir a responsabilidade de conduzir a pátria brasileira e latino-americana à definitiva independência.

A convocatória para a realização da conferência para a criação dos Círculos Bolivarianos, dias 8 e 9 de dezembro, no Rio de Janeiro, termina com as seguintes palavras-de-ordem em uma página (http://assembleiabolivariananacional2007.blogspot.com/) mantida pelos Círculos Bolivarianos Leonel Brizola, coordenada pelo jornalista Aurelio Fernandes, membro da CUT e do Diretório Nacional do PDT:

Ousar sonhar! Ousar Lutar! Ousar Vencer!
Não ao imperialismo, não ao liberalismo, não ao reformismo!
Poder Popular!
Pátria, Socialismo ou Morte! Venceremos!



Recorde-se que os Círculos Bolivarianos Leonel Brizola são uma iniciativa do Partido Comunista Marxista-Leninista e as palavras-de-ordem Ousar Lutar! Ousar Vencer! eram as utilizadas pela Vanguarda Popular Revolucionária durante a luta armada dos anos 60 e 70.


Aurélio Fernandes conseguiu unificar todas as organizações similares existentes no Rio, como o Círculo Bolivariano Che Guevara, que reúne universitários e para isso recebeu apoio do Cônsul da Venezuela no Rio de Janeiro, embaixador Mario Guglielmelli Vera.

O Movimento a ser fundado em dezembro de 2007 terá como fachada jurídica a Associação Nacional pela Educação Popular e a Cidadania
(http://assembleiabolivariananacional2007.blogspot.com/), em cujo nome estarão todas as propriedades e documentos legais do Movimento Bolivariano, à semelhança do que já acontece com o MST, que legalmente não existe, e tem suas finanças geridas pela ANCA – Associação Nacional de Cooperação Agrícola.

Os Círculos Bolivarianos reúnem em sua direção intelectuais, políticos, sindicalistas, empresários e estudantes. Há membros do PT, PSol, PDT, CUT e MST. O Rio de Janeiro é o estado com maior números de unidades bolivarianas (sete), grande parte sob o guarda-chuva do Círculo Bolivariano Leonel Brizola. Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Amazonas também têm organizações bolivarianas
.

Trechos do Estatuto do Movimento Bolivariano do Brasil (
http://assembleiabolivariananacional2007.blogspot.com/):

“É uma organização política que se define como bolivariana, guevarista e brizolista. Fundamenta na teoria marxista sua visão crítica e revolucionária, contra o capitalismo (…) Se propõe a combater por meio da luta ideológica frontal. Utilizaremos todas as formas de luta tendentes à resolução da luta de classes que tem como objetivo a tomada do poder”.

“Lutamos por uma sociedade socialista que prepare as condições para uma sociedade sem classes e sem estado: a sociedade comunista. Um movimento da luta socialista pela libertação nacional brasileira, pela unidade e independência da América Latina”.

“O povo trabalhador deve se organizar e lutar para construir o Poder Popular através da conquista do Estado e o controle dos meios de produção. Precisamos de uma educação política que garanta a unidade da teoria à prática local concreta”.

“O Congresso Bolivariano Nacional é a instância máxima do Movimento. Reúne delegados de todos os círculos bolivarianos dos estados e municípios”.

“A Assembléia Bolivariana Nacional reunirá a Coordenação Nacional, os coletivos e equipes nacionais e dois representantes por estado”.

“As principais missões que deverão agrupar os companheiros e ter planos de ação são: Educação Política, Comunicação e Propaganda, Finanças, Mobilização. Haverá ainda o Coletivo de Relações Internacionais”.

“O Movimento deverá implementar e organizar seus militantes na forma de círculos bolivarianos, agrupando os companheiros, desde a base, em seus locais de luta no trabalho, na moradia e no estudo. Para o melhor funcionamento dos círculos, a coordenação nacional elaborará normas de funcionamento específicas”.

“Em todas as atividades do Movimento devem estar presentes a Bandeira e o Hino (a serem definidos). Todos os meios de comunicação possíveis, como rádio, folhetos, filmes, vídeos serão utilizados para divulgação”.

Essas atividades bolivarianas, no entanto, vêm de longe, como se observará pela leitura da página do Círculo Bolivariano de São Paulo.

A Casa Bolivariana, no Rio, funciona na Praça da República 25-3º andar, local onde nos dias 13 a 17 de novembro de 2006, a pretexto de comemorar os dois anos de fundação dos Círculos Bolivarianos Leonel Brizola, foram realizadas uma série de conferências sobre os temas “Pensamento Social Latino-Americano”, “Marxismo, Bolivarianismo e Brizolismo”, e “Poder Popular e Movimentos Sociais”, bem como um ato público em favor da reeleição de Hugo Chavez à presidência da Venezuela.

Antes disso, em 5, 6 e 7 de outubro foi realizada em São Paulo uma reunião do Grupo de Trabalho, preparatória para o Congresso Bolivariano dos Povos, realizado em Caracas em 20/23 de novembro de 2003, com a presença de membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Movimento Al Socialismo boliviano, Movimento Pachakutuk, do Equador, Movimento Piquetero Barrios de Pie, da Argentina e Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, de El Salvador, partidos e movimentos que organizaram o Congresso de Caracas. Fernando Bossi, historiador argentino, membro do Projeto Emancipação, foi o Secretário de Organização do Congresso.

Uma das decisões do Grupo de Trabalho foi a de articular o seguinte calendario de protestos com o objetivo de potencializar a boa capacidade de mobiização existente:

- 13 a 15 de novembro de 2003: Cúpula Social dos Povos Santa Cruz de la Sierra;
- 16 a 23 de novembro de 2003: Campanha contra a Militarização;
- 18 a 21 de novembro de 2003: Miami – Mobilização contra a ALCA;
- 20 a 23 de novembro de 2003: Congresso Bolivariano dos Povos;
- 26 a 30 de janeiro de 2004: Havana – Campanha Continental contra a ALCA;
- 08 a 12 de março: Quito – Foro Social Americano.

O I Congresso Bolivariano dos Povos foi antecedido pela Reunião de um Grupo de Trabalho, realizado em Caracas dias 28 a 30 de agosto de 2003, e adotou as seguintes Resoluções:

- Criação de uma Secretaria Provisional do Congresso Bolivariano dos Povos;
- Criação de Comitês Nacionais que sirvam para comunicar o que for discutido e resolvido neste Encontro preparatório e impulsionar a mais ampla convocatoria, sem exclusões, às forças populares de cada país;
- Organização obrigatória, por parte dos Comitês Nacionais, de um encontro preparatório para a realização do Congresso Bolivariano dos Povos em novembro de 2003;
- São propostas as datas comuns de mobilização em todos os países latino-americanos e caribenhos, o 12 de outubro, Dia da Resistencia Indígena, e o 13 de abril, Dia da Democracia Participativa e em homenagem à vitória do povo venezuelano ante o golpe fascista de 11 de abril de 2002;
- Construção de uma ferramenta imediata de comunicação entre as organizações populares paricipantes desta convocatoria. A proposta é a criação de uma página-web onde se publiquem as Resoluções deste Encontro e as diferentes informações sobre iniciativas de cada país;
- Realização de um vídeo que sirva para propagandear o Congresso Bolivariano dos Povos através de TVs de cada país;
- Preparação e edição de material didático sobre a reconstrução das lutas populares, onde se incluam acontecimentos e figuras das batalhas de libertação e independência de nossos povos, com ênfase na menção dos militares patriotas do nosso continente;
- Avançar na idéia de establecer convênios de educação popular e formação política entre nossos países e organizações, partindo da existencia da Universidade Bolivariana da Venezuela e auspiciando que seja esta que coordene a referida tarefa. Propiciar também a idéia de cátedras bolivarianas em cada um de nossos países, onde se estude a verdadeira história e realidade de nossos povos - realizar uma lista e cadastro de todas as organizações populares de nosso continente, a fim de que cada país convocante conheça o amplo marco de concorrência ao evento de novembro.

Para implementar as propostas acima, aprovadas por unanimidade, foi decidido designar os integrantes da Secretaria Provisional:

• Circulos Bolivarianos, Venezuela
• Comitês de Defesa da Revolução, Cuba
• Frente Farabundo Martí de Libertação Nacinoal, El Salvador
• Movimiento Al Socialismo, Bolívia
• Movimiento Piquetero Bairros de Pie, Argentina
• Movimento dos Sem-Terra, Brasil

Em 2004, a Resolução Final do II Congresso Bolivariano dos Povos (Caracas, 06/09 de dezembro de 2004) aprovada por cerca de 200 delegados de toda a América Latina, reiterou a necessidade de manter articulada uma rede de movimentos sociais do continente contra as políticas que ameaçam a livre determinação dos povos e sua sobrevivência. As políticas neoliberais e suas e suas variadas vertentes como os tratados de livre comércio, a militarização do continente e a exploração dos recursos naturais centralizaram as discussões do encontro que teve como consigna a unidade latino-americana.

Entre as principais propostas está a formação de uma Organização Internacional de Trabalhadores, a consolidação de um Tribunal Bolivariano dos Povos, com atuação permanente e a criação de um banco de sementes crioulas, para preservar as variedades em ameaça pela expansão do agronegócio. O presidente venezuelano, que no encerramento do encontro de intelectuais, dia 5, propôs o enlace entre as redes dos intelectuais e dos movimentos sociais, reiterou a urgência para a formação de um movimento internacional para enfrentar as agressões a Cuba, à Venezuela e “as que serão lançadas a qualquer governo ou qualquer país que se afaste do império”
(
http://www.voltairenet.org/article123170.html).

Para concluir, em dezembro de 2006 foi fundado no Rio de Janeiro o Partido da Revolução Bolivariana Nacional, com 109 assinaturas de eleitores de 11 Estados. Seus integrantes dizem se inspirar em Simón Bolívar (1783-1830), herói da independência de colônias espanholas na América, e no presidente da Venezuela Hugo Chávez, que diz promover uma revolução “bolivariana” e socialista. Os militantes do PRBN iriam propor a Chávez, que estava no Rio para a cúpula do Mercosul, uma “Internacional Bolivariana”, que una organizações de ideários semelhantes. O PRBN diz-se nacionalista e defensor da economia de mercado com presença forte do Estado. O presidente do PRBN é o empresário Paulo Memória, que já foi do PMDB e do PT do B. Como não poderia deixar de ser, o PRBN apóia o governo federal, mas seu modelo não é Lula, e sim Chávez, disse Paulo Memória.

(
http://www.panoramabrasil.com.br/noticia_completa.asp?p=conteudo/txt/2006/12/27/21788722.htm).



Por Jorge Serrão
Exclusivo

Alerta Total: http://alertatotal.blogspot.com/2007/11/relatrio-de-inteligncia-dos-eua.html

Transformou-se na mais recente dor de cabeça do presidente Lula da Silva um relatório reservado do Departamento de Estado norte-americano que revela as articulações da cúpula do Foro de São Paulo com organizações terroristas - que se aproveitam do dinheiro do tráfico internacional de drogas para financiar suas ações de terror. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teve acesso ao relatório em que a CIA e a coordenação de contraterrorismo do Departamento de Estado dos EUA informam, extra-oficialmente, sobre as ligações perigosas dos presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Evo Moralles (Bolívia) e Daniel Ortega (Nicarágua) com narcotraficantes e guerrilheiros. Os três são da cúpula do Foro de São Paulo – balaio de gato que mistura partidos políticos de esquerda com ONGs e movimentos de esquerda armados (guerrilhas aliadas de narco-varejustas) na América Latina.

O Alto Comando do Exército sabe do teor do explosivo documento. O especialista de assuntos estratégicos de um grande jornal brasileiro, também – mas não pode divulgá-lo.Mas o Alerta Total apurou que o texto reservado tem o dedo de Joseph Cofer Black – que desde fevereiro deste ano é o presidente do The Black Group, que trabalha com “soluções totais em inteligência”. Antes deste empreendimento, por dois anos, Black foi vice-presidente da Blackwater USA – uma famosa empresa que funciona como um “exército privado". Antes disto, até 2005, Cofer Black foi coordenador de Contraterrorismo do Departamento de Estado norte-americano. Durante 28 anos, foi da diretoria de operações da CIA – a central de inteligência dos EUA. Informes de inteligência estimam que a Blackwater e o Black Group têm pelo menos 15 mil paramilitares de elite na América do Sul – grande parte nas regiões de fronteira do Brasil.

Uma das principais novidades do informe é sobre a origem da famosa droga sintética, muito popular entre os jovens adeptos das festinhas de rave. O documento reservado denuncia que o ecstazy que abastece a América Latina vem do Irã. O mais grave é que a droga chegaria ao continente através da Venezuela. O informe norte-americano revela que Hugo Chávez faz vista grossa para isto. Os EUA também têm indícios da colaboração direta de Chávez e de Moralles com as FARC (da Colômbia). Também detectaram um foco de prováveis terroristas iranianos em Foz do Iguaçu. Os terroristas serviriam para apoiar as ações de guerrilha na expansão da revolução bolivariana.


O relatório também indica o que todo mundo já sabe: Chávez usa o dinheiro do petróleo para expandir seu poder pessoal, em armamento, propaganda e treinamento de milícias para deflagrar sua revolução bolivariana. Outro informe-velho é que os analistas de inteligência norte-americanos avaliam que o presidente Lula teme o poderio bélico de Hugo Chávez – que é o coordenador militar do Foro de São Paulo. Mas o relatório reservado dos norte-americanos aponta que a grande ameaça geopolítica para o Brasil é o presidente da Bolívia.


O informe assegura que são fortes os indícios de que Evo Moralles tem intenções de tomar o Acre do Brasil. Para isso, o índio reforça sua fronteira de selva com um contingente de 23 mil homens. As tropas bolivianas teriam maior e melhor capacidade de armamento que o Exército Brasileiro.Os norte-americanos advertem que Chávez e Moralles pretendem radicalizar na ocupação militar das regiões de fronteira. No entorno do Acre, os dois pretendem colocar 27 mil homens em mais de 20 quartéis a serem implantados. Na fronteira com o Amazonas, os planos bolivarianos de curto prazo são para construir outras dezenas de quartéis com 30 mil homens treinados mais bem armados que os brasileiros.


Os norte-americanos já identificaram quem é o operador do dinheiro de Hugo Chávez em múltiplos investimentos no Brasil. O gestor do venezuelano virou alvo de observações pela fúria com que vem adquirindo o controle de empresas tradicionalmente norte-americanas, além dos grandes volumes de aquisições de terras nos estados de São Paulo e de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul. Os analistas de inteligência dos EUA também identificaram que a máfia russa e os iranianos participam desta parceria de negócios. Como o gestor é um grande parceiro dos especuladores ingleses, os norte-americanos recomendam que ele ponha sua elegante barba de molho.


Em tempo: antes que alguém especule, o camarada não é o Zé Dirceu (que não tem barba), muito embora também faça negócios com os russos (vide o caso do Corínthians).


Os analistas de inteligência dos EUA falam abertamente em parceria de Chávez com a Al Qaeda. As milícias da Venezuela seriam treinadas no Irã. A mulher que invadiu recentemente um estúdio de tv para agredir o apresentador venezuelano - a deputada chavista Iris Varela - foi identificada como sendo uma miliciana, que já teria viajado 7 vezes para treinamentos no Irã.



Se os EUA sabem de tudo isso, por que não fazem nada? Os EUA agora não podem se preocupar diretamente com a América do Sul, por causa da frente aberta no Iraque. Os analistas de inteligência avaliam que outra frente, principalmente para ações de guerra na selva, seria derrota certa. Por isso e por enquanto, o Departamento de Estado dos EUA se limita a fazer pressões no Comitê Interamericano contra o Terrorismo (Cicte) da Organização dos Estados Americanos (OEA). As metas principais do governo Bush no combate ao terrorismo são: derrotar as organizações terroristas, atacando suas lideranças e seus sistemas de financiamento e de comunicação; e também cooperar com outros países para que se recusem a continuar patrocinando, apoiando ou abrigando terroristas.


Os norte-americanos indicam que Lula estaria irritado e perdido porque ficou fora de todo este processo pela hegemonia do poder no Foro de São Paulo. Os norte-americanos também revelam que o presidente de Cuba, Fidel Castro, deu uma “chamada” em Chávez para que o venezuelano tenha moderação na condução dos movimentos revolucionários. Não é por coincidência (que não existe) que Lula fará uma viagem, nas próximas semanas, para um encontro com Fidel Castro, o comandante do Foro de São Paulo, que pedirá ao brasileiro uma ofensiva contra o companheiro bolivariano.


Em tempo: os EUA avaliam que, com a morte de Fidel, Chávez quer pegar Cuba antes dos EUA.


No final de abril de 2006, o Departamento de Estado americano fez críticas à política de combate ao terrorismo adotada pelo governo brasileiro. O ataque foi em um relatório anual sobre o terror no mundo, no qual ficou escrito que o Brasil "não ofereceu o apoio político e material necessário para fortalecer as instituições antiterroristas". O relatório reclamou que o Brasil "preferiu não estabelecer um regime de designação de organizações terroristas" similar à "lista negra" criada por Washington. O documento destacou o problema do controle da Tríplice Fronteira (entre Brasil, Argentina e Paraguai), que foi apontada como cenário de "arrecadação de fundos" por parte do Hizbollah (grupo extremista islâmico libanês que recebe apoio sírio e iraniano) e do Hamas (grupo extremista islâmico).


Os analistas de inteligência norte-americanos já sabem que os narcovarejistas brasileiros pretendem alcançar o controle da distribuição de drogas no atacado e conquistar a liberdade de comércio no varejo. Por isso, os narcovarejistas brasileiros fazem parcerias com seus companheiros da Bolívia e da Colômbia. Na Bolívia, de onde partem 80% da cocaína consumida no Rio de Janeiro, a produção da coca é independente, feita pelos lavradores. O refino boliviano fica a cargo dos cartéis, que negociam com quadrilhas do Brasil e do Paraguai.


Na Colômbia, o cartel poderoso é o do Valle, que produz, refina e vende, direto para México, Estados Unidos e Europa. Era controlado por Juan Carlos Abadía, preso em agosto, em São Paulo. O bandido foi apanhado graças a informações levantadas e entregues de bandeja à Polícia Federal pelos “mercenários” dos exércitos privados e pelos agentes da DEA (Drug Enforcement Administration) norte-americana.


Um dos principais homens a negociar drogas com quadrilhas brasileiras é Javier Chimenes Pavão. Do Paraguai, onde construiu uma estância com mansões e haras, ele negocia carregamentos de maconha e de cocaína com dois grandes grupos : a quadrilha de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e de Ubiratã Brescovith, o Cheiroso, homem do Primeiro Comando da Capital (PCC). Associada à quadrilha de Fernandinho Beira-Mar, a facção criminosa PCC, de São Paulo, vem tentando montar um cartel de distribuição de drogas e de armas com os grupos de traficantes que controlam as favelas do Rio - sejam do Comando Vermelho (CV), ou do Terceiro Comando Puro (TCP) ou do Amigos dos Amigos (ADA). A revelação vazou da CPI do Tráfico de Armas da Câmara dos Deputados, feita pelo delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), da Polícia Civil de São Paulo. O promotor Roberto Porto, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, dispõe da gravação de grampos telefônicos autorizados pela Justiça que flagraram conversas de bandidos do PCC com a turma do CV.