Por Reinaldo Azevedo
Com o devido respeito, peguei o bispo no pulo. D. Odilo Scherer realiza amanhã, às 7h, na Catedral da Sé, a missa do “13º Grito dos Excluídos”, manifestação organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O mote da mobilização, desta feita, é a reestatização da Vale do Rio Doce. Como é que é? Missa em Sete de Setembro, reunindo “excluídos” que querem a “retomada” da Vale? Trata-se, óbvia e claramente, de uma ação política. D. Odilo é aquele que proibiu o pessoal do Movimento Cansei de rezar uma missa na mesma catedral porque, segundo ele, tratava-se de uma manifestação política. A missa é só uma preparação de uma passeata posterior. Eis aí: a mesma igreja que se negou a receber pessoas que só protestavam contra a corrupção e a impunidade abre as suas portas para as esquerdas — as mesmas que, se um dia chegassem ao poder, enforcariam o último padre com a tripa do último burguês. A sorte de dom Odilo é que os burgueses que ele expulsou de sua igreja o protegem. Sou católico, mas não tenho nenhum compromisso com os erros do bispo. Até porque ele não é mais crente do que eu. Talvez seja menos. Na minha crença, quem converte não é a classe social, mas a aceitação do dogma da cruz. Dom Odilo bate duas vezes na mesma face.
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