Por Carlos Vilmar da Silva
carlosvilmars@yahoo.com.br
A corrupção na política não é novidade para os brasileiros, mas nas últimas décadas esta prática virou uma epidemia. Uma praga que consome as riquezas do país e as esperanças do povo. O escândalo dos anões do orçamento, no Congresso Nacional, em 1993, marco da corrupção pós-redemocratização do Brasil, cuja repercussão e desfecho indicavam que os ladrões de dinheiro público suspenderiam as ações contra o Estado, ao contrário, sinalizou o inicio da maior corrupção jamais vista no país. O rol de crimes praticados por políticos, a partir dos anos noventa, é de causar inveja a muito criminoso da pesada. A corrupção na política ficou tão comum e desavergonhada que a Instituição passou a ser vista como sinônimo do que é desonesto. O comportamento ignóbil de parte dos políticos além de enfraquecer a democracia se constituiu em mau exemplo para a Nação. Na atualidade a falta de confiança na política chegou a um estágio em que a maioria dos brasileiros acredita que todo político é ladrão. O que não representa a verdade. Entretanto, diante da gama de ilícitos praticados e a freqüente divulgação na mídia, não é estranho que o povo faça esse conceito dos parlamentares. O fato é que a corrupção transformou a política brasileira em um sistema perverso e demagogo e o cenário político atual, onde os escândalos brotam como erva daninha, indica claramente que não haverá mudanças. A constatação diante desta cruel realidade é que a política democrática e virtuosa prometida ao povo, quando os militares entregaram o poder em 1985, perdeu o rumo. E pior, mostra que os intocáveis “representantes do povo” não estão nem aí para o país.
Os escândalos do mensalão, dos sanguessugas e do dossiê do PT, eventos mais recentes no elenco de ilícitos praticados por políticos, que causaram grande indignação nos cidadãos brasileiros e serviram para mostrar o lado obscuro das relações parlamentares no Congresso Nacional, foram transformados em acontecimentos coadjuvantes após a Absolvição do Senador Renan Calheiros. A absolvição do Presidente do Senado, ignorando-se os fatos divulgados pela mídia e o relatório que pedia a cassação do Senador, deixou explicito que o Senado se rendeu ao corporativismo e se colocou de joelhos diante das ameaças de retaliação. Um comportamento conveniente para um parlamento sufocado por comprometimentos éticos e morais e que se esconde sob o manto da democracia (votação secreta).
A absolvição do Senador Renan Calheiros pode ser marcada como o evento que expôs a política de interesses pessoais que vigora no Brasil, autenticado por uma decisão do Senado que ultrapassou os limites da razoabilidade do jogo político. Os senadores, imobilizados por chantagens explicitas e por comprometimentos políticos, foram obrigados a esconderem as cartas do jogo. Sem espaço para o blefe, na votação, pois outro resultado que não fosse a absolvição do Presidente do Senado significaria o fim da carreira política para muitos parlamentares, o jogo político atendeu quem tinha cacife. Nessa cartada não havia lugar para o país ou para o povo. Os senadores agiram como se o Senado (casa do povo) fosse um templo de mercadores.
A corrupção generalizada que está incrustada no poder Legislativo e o “nada posso fazer” que silencia (trava) o Judiciário e o Executivo, mostram que o Estado se distanciou dos anseios da Nação. Não é preciso ser um observador atento para ver que no país não existe “governo do povo para o povo”. O real significado da democracia foi perdido em algum lugar da consciência das pessoas que governam o país. A votação que absolveu Renan Calheiros, mesmo com todas as evidências e provas contra o Senador, causa estranheza, e, mostra ao país que é preciso ficar alerta para um absolutismo dos poderes constituídos.
A esperança do Brasil de que a política trabalhe na busca de soluções para os problemas da sociedade (saúde, educação, emprego, moradia, segurança pública, etc), crie condições para o crescimento econômico do país e melhore as condições de vida da população diminui a cada nova denúncia de corrupção. O grito de socorro da população, sufocado pela ignorância e miséria, ainda está preso na garganta, mas a história das Nações e dos povos, através dos tempos, indica que em algum momento esse grito irá ecoar de forma retumbante, poderá ser de maneira civilizada ou como uma Tsunami, vai depender do que restar de esperança.
“A pior violência contra um povo não é a violência que mata o corpo, mas a que aprisiona o espírito, a que acaba com a esperança e a que transforma os indivíduos em marionetes, pessoas cujos horizontes não vão além da sobrevivência”.
O que significa a liberdade para um povo amordaçado pela falta de educação e dependente do Estado para sobreviver?
Nenhum comentário:
Postar um comentário