quinta-feira, 4 de outubro de 2007

DUOPÓLIO CONTROLA SUPERMERCADOS SUÍÇOS



Publicada em: 17/09/2007
Site DA REDAÇÃO

Berna (Suiça) - A Comissão Suíça da Concorrência aprovou, com algumas restrições, a compra do número três do comércio varejista, o hard-discount Denner, pelo número um dos super e hipermercados, o Migros. Agora, é quase certa a aprovação pela mesma comissão da compra do Carrefour suíço pelo numéro dois do comércio varejista, o Coop.

É como se a política de “imigração zero” do Ministério suíço da Justiça tivesse também uma versão no comércio varejista. Existe um gigantesco duopólio que controla 85% do setor e garante aos super e hipermercados suíços terem preços dos produtos de base 10 a 30% mais caros que nas vizinhas Alemanha e Suíça.

E embora a Suíça se proclame neoliberal, a concorrência estrangeira não parece bemvinda – o Carrefour francês resolveu sair da Suíça ao constatar ser praticamente impossível se expandir, enquanto o hard-discount alemão Lidl não conseguiu comprar o hard-discount Denner, que lhe garantiria entrar na Suíça em situação de igualdade com Migros e Coop.

Embora não claramente declarado, existe um evidente protecionismo suíço no setor do comércio varejista, do qual se beneficiam o Migros (50%) e o Coop (35%) que, nos últimos anos, compraram seus pequenos concorrentes e podem cartelizar e ditar os preços para a população sem receio de qualquer reação. Sem a concorrência do Carrefour e do Denner, os preços do Migros e Denner estão sendo ajustados para cima.

A Federação dos Consumidores lamenta a aprovação, que além de impedir a concorrência vai dificultar ainda mais a implantação na Suíça dos hard-discounts alemães Aldi e Lidl.

O Instituto Conjuntural de Zurique argumenta que a compra de Denner deveria ter sido deixada para os alemães.

Suíça ou Migrolândia ?

O Migros, o número um em matéria de comércio varejista está presente em todas as cidades suíças com seu M e sua cor laranja. Pode-se mesmo falar que a Suíça é uma enorme Migrolância.

Nas maiores aglomerações, sua presença se faz sentir com super e hipermercados. O Migros possui igualmente cadeias de produção de numerosos de seus produtos, restaurantes, postos de gasolina alguns com mecânicos, administra um banco, loja de discos e livros e dedica 1% de seus lucros para atividades culturais com abatimentos para espetáculos e mesmo uma escola com cursos diversos, entre quais cursos de línguas. Com todas essas atividades, o gigante laranja é o maior empregador suíço com 80 mil funcionários. Movimenta 14 mil milhões de euros e tem um lucro anual de 500 milhões de euros. Ainda nos anos 80, o Migros tinha um partido político que chegou a eleger quatro deputados.

Seu fundador, Gottlieb Duttweiler – que tentou viver no Brasil mas perdeu tudo com a crise do café - sempre proibiu que Migros negociasse com cigarros e bebidas. Entretanto, a compra de Denner quebra essa restrição, pois um dos setores mais fortes do hard-discount Denner é a venda de bebidas alcoólicas e de cigarro, tendo rompido, na época de sua criação, há 40 anos em Zurique, o cartel dos cigarros e das bebidas existente naquela época na Suíça.


Nenhum comentário: