quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Militares: Jobim saiu do tom ao falar sobre livro

Posicionamento do Clube Militar
Jornal O Globo - 31/08/07

Para general, ministro da Defesa fez 'bravata' ao dizer que reações da tropa a publicação 'teriam resposta'
Maiá Menezes

Em tom moderado, mas incisivo, militares reagiram ao que chamaram de "arroubo" do ministro da Defesa, Nelson Jobim. Os presidentes dos clubes Militar, Naval e Aeronáutico, reunidos ontem, decidiram lançar uma nota conjunta, criticando a declaração de Jobim, feita no lançamento do livro "Direito à memória e à verdade", sobre a ditadura militar, em Brasília. Anteontem, na ausência dos comandantes das Forças Armadas, que não compareceram à cerimônia, apesar de convidados, Jobim falou em nome dos militares. Para uma platéia de ativistas contra a ditadura, ele afirmou que a tropa recebia o lançamento do livro como algo "absolutamente natural". E que reações diferentes dessa "teriam resposta".
O presidente do Clube Militar, general Gilberto Barbosa de Figueiredo, afirmou que não leu o livro, por isso não poderia comentar o teor. Mas classificou a declaração de Jobim de revanchista.

- Achei (a declaração) completamente fora de contexto, num momento em que falamos em conciliação e em fim de conflitos. Foi uma provocação, um revanchismo. A declaração não bateu bem, foi desnecessária. Parece uma bravata. Um momento de arroubo, fora do tom - disse o general Gilberto Figueiredo.

Para militar, ministro está fora da "linha de comando"

O militar ressaltou que o Ministério da Defesa é uma "instância administrativa" e que o comando das Forças Armadas está nas mãos do presidente da República:
- A lei que institui o Ministério da Defesa não o coloca (ao ministro Jobim) na linha de comando. Essa função é do presidente - afirmou o general Figueiredo.
O momento não é de confronto, disse o general. Segundo ele, é hora de dar crédito ao ministro, que está no começo da gestão. Por isso, afirmou, a reação dos militares é de estranheza, não de enfrentamento.

O general afirmou ainda que o Brasil vive uma democracia, e que, "portanto, qualquer um pode lançar o livro que quiser". Mas classificou de "fora do momento" a cerimônia de lançamento do livro, que aconteceu "sob o abrigo da Presidência da República".

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