por Graça Salgueiro em 11 de agosto de 2007
Resumo: Na Argentina, anistia agora é, legalmente, só para os que praticaram atos de terrorismo, mataram, justiçaram, seqüestraram, saquearam, roubaram. Estes são as vítimas.
“Nas primeiras ações, pegamos o inimigo de surpresa e ele acreditou que se tratavam de simples marginais.
Ele perdeu um ano seguindo pistas falsas.
Quando descobriu seu erro, era tarde demais.
A guerra revolucionária havia começado”.
Carlos Marighella
in “O papel da ação na organização revolucionária”, maio de 1969.
A epígrafe acima, escrita há 38 anos pelo terrorista Carlos Marighella, no mesmo ano em que sucumbiu em confronto com a Polícia, deveria servir-nos, hoje, como uma advertência de que os tentáculos da Hidra estão bem vivos e atuantes. Corrupção, mentira, desprezo pela ética e moral são características dos comunistas em qualquer país do mundo desde sempre.
O Brasil se vê hoje assolado por uma avalanche de denúncias escabrosas que, como um poço sem fundo, quanto mais se cava mais aparece um escândalo para encobrir o anterior, de modo a que o povo vá se acostumando e, ao mesmo tempo, esquecendo os já denunciados, principalmente porque não se apura até o fim nem os culpados pagam por seus crimes. Não vou enumerá-los mas, desde o início do primeiro mandato presidencial petista, ainda não se viu uma só denúncia apurada ou mesmo uma conclusão; tampouco os culpados foram punidos com os rigores da Lei e todos nós já perdemos a conta de quantos existiram.
Um dos papéis do movimento revolucionário é desestabilizar todas as instâncias da estrutura do Estado minando-as por dentro para, em seguida, desmoralizá-las e finalmente destruí-las. Observem que os três poderes são hoje alvo de denúncias jamais imaginadas tempos atrás. As Forças Armadas, alvo preferencial dessa destruição, têm vivido de promessas que vão do reaparelhamento à melhoria dos soldos, mas não passam de demagogia de palanque para apaziguar os ânimos, desde o discurso de posse do primeiro mandato do sr. Luis Inácio e segue assim até hoje.
A sociedade se indigna – justamente – com a corrupção e roubalheira desenfreadas e atribui a isso a falta de caráter, de moral e de ética no trato da coisa pública daqueles cujos crimes a mídia diariamente denuncia. Mas, seriam eles apenas reles marginais ou estamos lidando com pessoas que sabem exatamente aonde querem chegar? A resposta é sim, e isso não se reduz tão-somente ao enriquecimento rápido e ilícito.
Quero me ater um pouco às Forças Armadas e traçar um paralelo com o que vem acontecendo com os países membros do Foro de São Paulo, de modo especial a Argentina, que vem perseguindo implacavelmente os militares e as Forças de Segurança, desde que o “ex”-montonero Néstor Kirchner foi alçado à Presidência da República com o beneplácito deste Foro, fundado e mantido por Fidel Castro e Lula.
No Brasil nós tivemos como ministro-chefe da Casa Civil o “ex”-terrorista José Dirceu e atualmente Dilma Roussef, “companheira d’armas” deste cubano-brasileiro. Na Argentina, a ministra da Defesa e “ex”-montonera Nilda Garré, do mesmo modo que Dilma tem poderes quase ilimitados. Desde o início do mandato de Kirchner em 2003, a Argentina tem perseguido e julgado todos os que participaram da repressão aos atos de terrorismo das décadas de 70 e 80. Como medida inicial tratou-se de reformular a Lei de Anistia retirando os capítulos “obediência devida” e “ponto final”, excluindo TODOS os militares e demais funcionários da Segurança do benefício do indulto. A anistia agora é, legalmente, só para os que praticaram atos de terrorismo, mataram, justiçaram, seqüestraram, saquearam, roubaram. Estes são as vítimas.
Ao mesmo tempo, no Brasil os anistiados comunistas começaram suas investidas abrindo um processo contra o Cel Carlos Alberto Brilhante Ustra, querendo que ele seja formalmente qualificado como “torturador”. Na Argentina, vários militares foram condenados à prisão perpétua sem direito a prisão domiciliar, mesmo tendo mais de 70 anos; o Vice-Almirante Luis María Mendia que foi condenado a prisão perpétua, faleceu de um enfarte em maio deste ano, e o inspetor Miguel Etchecolatz, que fez 80 anos recentemente, cumpre também prisão perpétua numa penitenciária onde é constantemente agredido fisicamente por detentos pertencentes ao bando “Quebracho”. Segundo eles, isto é “justiça”.
Ainda sob o comando de dona Garré, os Serviços de Inteligência da Armada e da Aeronáutica foram desativados, as escolas e liceus militares fechados e mais recentemente foi extinto o Tribunal Penal Militar (os militares serão julgados em tribunais civis) e o serviço de Capelania. O padre Christian Federico Von Wernich, Capelão da Polícia Militar, vem sendo julgado desde o dia 5 de julho por ter dado assistência espiritual àqueles que hoje estão sendo julgados como “torturadores” e “criminosos”, depois que a nova lei de Anistia estabeleceu que os crimes cometidos pelos repressores são qualificados como “crimes contra a humanidade”, que são imprescritíveis. Quer dizer: eles estão reescrevendo a História, do mesmo modo que aqui, sendo a única diferença entre os processos postos em prática no Brasil e na Argentina, a velocidade da caminhada rumo ao totalitarismo. No Brasil esse processo tem sido mais lento e disfarçado, tendo em vista as resistências de significativa parcela da nossa sociedade. Foi lá mesmo na Argentina que Lula reconheceu isto, ao comparar o processo subversivo brasileiro com o celeremente praticado na Venezuela e o Brasil vem seguindo os mesmos passos da Argentina.
A Comissão de Anistia brasileira tem concedido não só pensões e indenizações a antigos terroristas mas também a “promoção” militar a desertores, como Carlos Lamarca e Luis Carlos Prestes, cinicamente deturpando a lei e cada vez mais violando o Estado de Direito. Com a concessão post-mortem de vencimentos de General-de-Brigada à viúva de Lamarca – que desertou, roubou armas do quartel, seqüestrou e assassinou –, houve, como era de se esperar, grande revolta por parte de militares e civis inconformados com o gesto indigno e afrontoso às Forças Armadas. Em resposta, o terrorista Celso Lungaretti saiu em defesa de seu ex-chefe na VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), alegando que a Lei de Anistia de 1979 é injusta, porque “iguala vítimas a carrascos”.
Dentre outras coisas, este elemento pernicioso e cínico pede punição para: os generais-presidentes; os signatários do AI-5, citando nominalmente o Cel Jarbas Passarinho; os Comandantes das Forças Armadas; os agentes que atuaram nos Órgãos de Segurança, citando também, nominalmente, o Cel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Compara a Comissão de Anistia ao Tribunal de Nuremberg e afirma que “independente da reparação a que fazem jus os ‘resistentes’ (ou seus herdeiros) por terem sido vítimas do arbítrio, aqueles que praticaram violência excessiva ou inútil deveriam ser processados criminalmente”. Concordo plenamente com esses processamentos!
Vamos pôr no banco dos réus todos os que praticaram justiçamentos, atos de terrorismo, assassinatos, a começar por ele, Celso Lungaretti que, usando o codinome de Lauro Pessoa, foi encarregado de comprar dois sítios na Região de Registro/ SP, para Lamarca instalar uma área de treinamento de guerrilha. Neste local foi brutalmente assassinado a coronhadas o Tenente Alberto Mendes Junior, da PM de São Paulo e este “jovem idealista” indicou aos Órgãos de Segurança a exata localização desses sítios espontaneamente, no mesmo dia em que foi preso, em 16.04.70. Na época, Lungaretti e outro preso fizeram um pronunciamento na televisão exortando os jovens a abandonar a luta armada, pois estavam sendo usados e eles não desejavam que outros jovens fossem iludidos.
Mentiram, mentiram todos, mentiram sempre e continuam mentindo. As palavras de Marighella, o “ideólogo do terror”, hoje mais do nunca fazem todo o sentido. Não são apenas “marginais” os envolvidos nos escândalos: são revolucionários comunistas e estão se preparando para concluir o que foi abortado no passado. E, se nada fizermos, vão conseguir.
Texto originalmente publicado pelo jornal Inconfidência.
Fonte de consulta: “A verdade sufocada”, Cel Carlos Alberto Brilhante Ustra, Ed. Ser, 2006, 2ª edição revista e ampliada.
Graça Salgueiro é jornalista independente, estudiosa do Foro de São Paulo e do regime castro-comunista e de seus avanços na América Latina, especialmente em Cuba, Venezuela, Argentina e Brasil. É articulista do Mídia Sem Máscara, onde também colabora como tradutora e revisora, correspondente brasileira do site La Historia Paralela da Argentina, articulista do jornal "Inconfidência" de Belo Horizonte e proprietária do blog Notalatina
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