terça-feira, 2 de outubro de 2007

Procuradoria da República no RJ sofre pressão para que Lulinha não deponha na PF sobre acordo com a Telemar

Por Jorge Serrão

Por causa de um simples requerimento enviado à Procuradoria da República por um vereador do PSB de Belém do Pará, em outubro do ano passado, o filho mais velho do presidente Lula corre o risco de ser obrigado a depor, brevemente, na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Fábio Luiz Lula da Silva será intimado a dar explicações no inquérito aberto pela Delegacia Fazendária da PF que investiga se houve tráfico de influência na injeção de R$ 5 milhões da Telemar na Gamecorp - uma produtora de TV e de games para celulares. O auditor e consultor de empresas Antônio Marmo Trevisan receberá o mesmo “convite” de Lulinha. Os dois só não vão depor se a operação abafa do Palácio do Planalto for bem sucedida.

O inquérito foi instaurado por requisição do procurador da República no Rio, Rodrigo Ramos Poerson. O procurador agiu depois de provocado por um requerimento aprovado pela Câmara Municipal de Belém do Pará. Por iniciativa do vereador Iran Moraes (PSB), foi solicitada uma investigação do contrato firmado entre a Gamecorp e a Telemar (agora, Oi, que agora está em processo de fusão com a Brasil Telecom). O novo mega-negócio é acompanhado de perto pela cúpula do governo, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho recebeu carta branca para definir como será a futura empresa que dominará o mercado de telefonia fixa no Brasil.



O Palácio do Planalto já articula, na surdina ululante do submundo do poder, para que Lulinha não seja obrigado a depor. Lula avalia que isso seria um desgaste para sua imagem. Por isto, no lugar do filho de Lula, seria mandado um dos sócios da Gamecorp: seu “presidente” Leonardo Badra Eid. Além da Oi/Telemar, de Eid e de Lulinha, a Gamecorp tem como sócios os irmãos Kalil e Fernando Bittar. Ambos são filhos do ex-prefeito de Campinas (SP) Jacó Bittar. Nos bastidores da Procuradoria da República, já se comenta que ocorrem “pressões oficiais” sobre o procurador-chefe no RJ, Márcio Barra Lima, para que ele convença o procurador Rodrigo Ramos Poerson a desistir de convocar Lulinha. A Gamecorp informa que ainda não foi notificada da abertura do inquérito e, portanto, oficialmente desconhece as razões da investigação.

A Gamecorp e a Telemar também são sócias da Play TV, canal de games para jovens que vai ao ar no canal 21, em São Paulo. A concessão do canal pertence à TV Bandeirantes. A Play TV vai ao ar das 17h à meia noite e detém uma audiência que varia de 1% a 2% diariamente. A programação dela compete com a MTV, da Editora Abril, que se opõe ao governo Lula. A Gamecorp produz conteúdo e os games que vão ao ar na Play TV.

Em busca de que favor?

O político paraense Iran Moraes, baseado em noticiário de jornal, apresentou aos demais colegas a proposta de requerimento à Procuradoria da República solicitando investigação na parceria Gamecorp-Telemar.

"
Eu juntei documentação que consegui no noticiário da Internet sobre o contrato das duas empresas. Achei estranho que uma empresa com capital de menos de R$ 500 mil firmasse um contrato de R$ 4,9 milhões com a Telemar. Certamente a Telemar está buscando algum favor no governo do presidente Lula

".

No pedido à Delegacia Fazendária da Polícia Federal, o procurador Rodrigo Ramos Poerson justifica a investigação com base no eventual “tráfico de influência”.

O procurador alega que "desproporcional aporte de recursos financeiros estaria sendo direcionado à empresa Gamecorp, única e exclusivamente em razão de contar com a participação acionária de Fábio Luiz da Silva, filho do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva".

Prejuízo como?

Em 2006, a Gamecorp teve um prejuízo de R$ 2 milhões 537 mil reais.

Somando-se ao rombo de 2005, a empresa acumula um prejuízo de R$ 6 milhões e 46 mil.O prejuízo supera o seu capital social (de R$ 5 milhões 210 mil reais).

O patrimônio líquido da Gamecorp (diferença entre bens/direitos e dívidas/obrigações) está negativo em R$ 836 mil.

Milagre do aporte da Telemar

Em 2005, a Gamecorp - que até então tinha um capital social de R$ 10 mil - recebeu um aporte de R$ 5 milhões da operadora de telefonia Telemar, que é sua cliente e sócia.

A Telemar pagou R$ 5 milhões por 35% das ações da empresa nanica, que acabara de ser criada por quatro sócios: Lulinha, mais dois amigos de infância, os irmãos Kalil e Fernando Bittar, e Leonardo Badra Eid.

A investigação é para saber se a Telemar, uma concessionária de serviço público, estava interessada no negócio por razões simplesmente comerciais ou se imaginava tirar, de alguma forma, proveito da sociedade com o “filho do homem”.



Agora, surge a informação da fusão da Oi/Telemar com a Brasil Telecom, negócio que interessa à cúpula palaciana.

Boi do Boi

O empresário Lulinha, coitado, também é criticado por inflacionar o mercado do boi na região de Araguaína, Gurupi, Nova Colina e Paraíso, em Tocantins.

De acordo com versões que circulam na região, Lulinha não compra em seu nome.

O filho de Lula tem um laranja, conhecido tanto no mercado agropecuário quanto no mercado financeiro.

Fazendeiro também?

Além disso, a notícia que se tem é que Lulinha seria o verdadeiro dono da Fazenda Espírito Santo na cidade de Xinguara/PA e da Fazenda Cedro Maramba.

Ambas foram compradas do pecuarista Bené Mutran pelo tal “laranja” do mercado financeiro.

Só na fazenda Espírito Santo Lulinha teria 75 mil cabeças de gado.

Lulinha é conhecido na região de Xinguara, no Pará, onde costuma ser visto transitando entre uma fazenda e outra a bordo de um helicóptero.

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