12/08/2007
http://www.puggina.org/outrosautores/news.php?detail=n1186680238.news
Antonio Augusto Castello Costa
Já não se trata de impunidade. Ela supõe ausência de julgamento inocentando pelo esquecimento. É grave e, se não fosse trágico, seria uma notável inovação no chamado Estado de Direito. Notável pelo inusitado e pelo desprezo à lei e à justiça. Por exemplo, onde anda o caso dos “aloprados”? Há provas materiais da participação da súcia que, volta e meia, emerge dos corredores palacianos? Falo de corredores não dos porões. Os envolvidos tinham e têm responsabilidades específicas de governo. Não parece haver impunidade, pois não se tem notícia de um processo formal que lhes impute de culpa e as investigações parecem congeladas.Desconfio que o “doa a quem doer” presidencial é uma senha: parem com isso.O voto que elege os corruptos com dinheiro mal havido passou a ser prova de inocência. Trata-se do “linchamento a favor”, menos brutal, mas tão injusto quanto a justiça pelas próprias mãos.O processo dos quarenta ladrões jaz nos arquivos do Supremo. É complexo? Nem tanto, a julgar pela celeridade com que são aceitas denúncias contra os comuns.Nenhum processo está em fase em julgamento: o dos Correios, o do “Mensalão” restrito à legislatura anterior e, logo, encerrado. Seria impossível alinhar todos os casos, pelo seu avassalador volume.
Uma nova linha “filosófica” passou a ser proclamada pelos espertíssimos cientistas políticos amestrados. O raciocínio é primário e tosco, mas como tudo que emerge da esquerda nos últimos anos, eficaz. Simples: divide-se a população entre os que usam avião, por exemplo. São apenas 9%. Logo, não contam. Os que estavam na vaia do Maracanã eram da classe média que deveria saber o seu lugar: calar, pagar impostos, trabalhar e não incomodar o governo. Nada mais popular. De segmento em segmento, o que conta é o poder a ser usufruído pelos muito ricos e pela apropriação consentida dos integrantes do imenso “aparelho político”. Nada é corrupção. Tudo é permitido em nome das pesquisas. Elas “legalizam” tudo. Cria-se um sistema de castas original para sustentar a hegemonia de poucos com o apoio de uma massa alimentada pela doutrinação incessante de que chegou a sua hora. Hora de ficar onde está e onde sempre esteve: massa de manobra milenar de todas as formas de autoritarismo e populismo predador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário