Rogério Mendelski
http://www.rogeriomendelski.com.br/
03 Ago 07
O presidente Lula, mesmo que faça sorrir aquela turma que anda ao seu redor, está preocupado. E ele não consegue esconder que as vaias lá da abertura do Pan conseguiram trincar a sua vidraça.
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03 Ago 07
O presidente Lula, mesmo que faça sorrir aquela turma que anda ao seu redor, está preocupado. E ele não consegue esconder que as vaias lá da abertura do Pan conseguiram trincar a sua vidraça.
Lula sempre esteve na vitrine e a vidro dela parecia ser blindado. Nenhuma pedra oposicionista atingia o presidente que sempre gostou da vitrine. As pedradas nem chegavam nela e quando batiam estavam fracas, assim como um revólver velho disparando uma bala que caia logo adiante dos 15 metros.
Seguro de sua imagem de pai da pátria, emoldurada pelas pesquisas, Lula surfava no mar da populartidade sem se importar com o mensalão e com a turma do Ali Babá. Mesmo estando cercado de denúncias de irregularidades em seu governo, Lula se reelegeu e governa com maioria no Congresso, cujo custo dessa parceria com partidos políticos é pago pelos contribuintes.
Mas as vaias do Pan – quem poderia imaginar? – mudaram o jeitão sindicalista do presidente. Ele cortou viagens ao Sul Maravilha e foi buscar conforto no seu Nordeste cativo pela Bolsa Família e em outros rincões amigos e servis.
No Mato Grosso, em Cuiabá, não foi diferente. Ganhou uma viola pantaneira do governador Blairo Maggi (PR) e aproveitou para fazer uma pose ridícula imitando tocar o instrumento. Lá, com sua claque sorridente e pronta para aplaudir, o presidente resolveu fazer teses e até ameaças: "Se alguns querem brincar com a democracia, eles sabem que neste país ninguém sabe colocar mais gente na rua do que eu" .
Pronto. Nosso presidente sentiu o golpe levado pelas vaias. Ele que se acha o bam-bam-bam das greves , dos movimentos populares e de "botar gente na rua" ficou irritado com o sagrado direito democrático da vaia. Ele anda tão bravo que qualquer hora é capaz de dizer que também inventou a vaia.
Sua definição para quem vaia e para quem sai às ruas é um primor de prepotência. Para Lula, as vaias e os protestos vêm daqueles que "ganharam muito dinheiro no meu governo" . Epa! Os que ganharam muito dinheiro "neste governo" estão divididos em dois grupos: os honestos e os espertalhões.
Os honestos ganharam com suor do rosto e com talento. Os espertalhões encheram os bolsos e as cuecas com dinheiro sujo. A quem o presidente se referia? Por que os que ganharam dinheiro (honestos e espertalhões) estariam inconformados com os pobres, como disse Lula?
O presidente está querendo inflamar um confronto entre ricos e pobres? Mas quem ganharia com esse enfrentamento? Não estamos em tempo de eleição e as críticas que Lula vem recebendo é porque faz um governo preguiçoso onde o esgotamento dos serviços públicos é visível – do aeroporto às rodovias, passando pela saúde e pela segurança pública – e com perspectivas de piorar ainda mais.
As vaias para Lula e que atingiram a sua vidraça blindada são para o apagão administrativo e ético de seu governo.
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