Brasília DF, 25 de agosto de 2007
Nos Manuais de Ordem Unida, encontramos as várias posições que o militar adota, seja quando em formação, ou mesmo só. Assim, as posições de “sentido”, “descansar” e um punhado de outras, são praticadas à exaustão, mesmo por que, como sabemos, a Ordem Unida é um instrumento complementar válido para o forjamento da disciplina castrense. Contudo, creio que os manuais e regulamentos omitem uma posição que a muito deveria estar embutida no cotidiano militar, uma vez que, aparentemente, já faz parte do seu imaginário. Refiro – me à “posição de quatro”.
De preferência de olhos bem fechados, para não ver o que vai acontecer.
Na recente história da Instituição, invariavelmente em pequenas doses, mas não menos dolorosas ou em maciças doses cavalares (comumente, anuais), “de quatro”, a Instituição é atropelada (?) por acusações explícitas, com origem nos órgãos do governo, quando não do próprio governo que, virtualmente, recomenda - se, é preciso adotar a corajosa “posição de quatro”, para não ver e sentir o estrago.
Esta reflexão decorre em razão do Relatório de 500 páginas elaborado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, denominado “Direito à Memória e à Verdade”, que acusa os integrantes dos órgãos de repressão da ditadura militar (1964/1985) de decapitar, esquartejar, estuprar, torturar, ocultar cadáveres... O lançamento do Relatório será na próxima quarta – feira, no Palácio do Planalto em cerimônia oficial, e contará com a presença do “magnânimo – mor”. O documento atinge em cheio a honra e a dignidade de Chefes Militares e das Forças Armadas. Entretanto, pelo silêncio que se segue a tais ataques, pela modorra, pelo descaso, pelo ar de “deixa disso” ou "deixa pra lá", pode parecer aos desavisados, que a intenção daquele calhamaço é vilipendiar os militares e suas instituições que vivem, ou viveram alhures, um lugar desconhecido e incerto situado na vasta galáxia celestial. Assim sendo, não é conosco.
Portanto, o melhor é incorporar a máxima do insigne colunista do passado, Ibrahim Sued, que sentenciava “os cães ladram e a caravana passa”. A nossa caravana, lamentavelmente, perdida no deserto, perdeu sua bússola, rumo e siso, e sacrificou o último camelo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário