terça-feira, 13 de novembro de 2007

O Fim do Heroísmo

Coronel-Aviador Luís Mauro
Em 18 de novembro de 2007

Há cerca de três ou talvez quatro anos, o presidente da República, Luiz Inácio da Silva, o Lula, dizia que o Brasil não tem heróis. Saímos, no artigo De Homens e de Porcos, escrito naquela época, em defesa dos que, com a sua bravura, haviam contribuído para a grandeza do nosso País. Não iremos, portanto, fazê-lo, novamente, agora. Assim, trataremos apenas dos ataques que o heroísmo, como qualidade do caráter das pessoas, vem sofrendo nestes tempos de destruição de valores, particularmente no Brasil.

Parece que quase todos, inclusive o presidente e a quadrilha que o cerca, na busca irracional de seus objetivos ideológicos mesquinhos, não se contentam em demolir a reputação daqueles a quem deveríamos reverenciar por seus feitos, mas dedicam-se, incansavelmente, a fomentar a extinção da própria virtude do heroísmo.

Exemplo bastante ilustrativo do que dizemos é o desestímulo (apesar de algumas iniciativas simpáticas isoladas, como a do Corpo de Bombeiros catarinense) que vem sofrendo o pequeno “homem-aranha” Riquelme, de apenas cinco anos, que arriscou a vida para salvar de um incêndio um bebê indefeso, e que, na sua inocência, insiste em ser nobre em um mundo que somente valoriza a esperteza, o egoísmo, a covardia, o toma-lá-dá-cá.

O argumento para desencorajar esses atos – preservar as pessoas de riscos desnecessários – é sedutor, mas falso.

Devemos proteger os cidadãos, e as crianças especialmente, sim, mas, desde quando, arriscar-se para salvar uma vida e é correr risco desnecessário?

O perigo é inerente a qualquer ato de heroísmo, como, em menor grau, o é a qualquer atividade humana, independentemente da idade de quem a pratica. Não existe segurança absoluta, como querem alguns.

Há muito tempo, assistimos a um programa de televisão em que um médico (de cujo nome, lamentavelmente, não conseguimos lembrar-nos mais) disse que “o simples fato de estarmos vivos já é um grande risco”.

A personalidade começa a se formar na mais tenra idade, e, em qualquer nação que se pretenda grande, o ato heróico do pequeno brasileiro, que se fez gigante no seu desprendimento, seria reconhecido e usado intensamente para incentivar outras manifestações de solidariedade semelhantes.

Mas não aqui. Não vimos, pelo menos até agora, nenhuma expressão oficial de louvor, como a concessão de uma medalha pelo ato de bravura, ou coisa parecida. Talvez porque, no Brasil de hoje, elas estejam reservadas para os terroristas de ontem.

Na visão distorcida dos que resolveram impor-nos o destino fatídico que eles mesmos reservaram para nós, é preciso desestimular qualquer reação corajosa da sociedade aos seus avanços totalitários.

Para os bandidos, muito especialmente para os que se infiltraram no governo, essa “prudência” não existe. São ousados e abusados, não respeitam os direitos nem a vida de quem deles discorda. Asseguram-se, porém, de que nada os ameace, para tanto desarmando os adversários e manipulando os meios do Estado, para se colocarem acima das Leis e da censura social ou, mesmo, de qualquer oposição. Podem, assim, parecer corajosos, apesar da mais absoluta covardia que expõem, quando confrontados diretamente.

O que mais nos preocupa, contudo, é vermos pessoas de bem aceitarem essa lógica corrompida, para defenderem um pragmatismo sem ética, que justifique, em nome da segurança de curto prazo ou de resultados insignificantes a se obterem, a opção preferencial pelos maus, em detrimento dos bons, mesmo nos assuntos mais simples e óbvios.

Felizmente, cada vez mais, os brasileiros se conscientizam da intoxicação mental subliminar de que estão sendo vítimas, para despertar da alienação conseqüente e perceber que é com o heroísmo que se destroem os inimigos e se eliminam os riscos que eles nos impõem, e que a covardia somente pode agravar.

A solução está sempre na reação enérgica, jamais na omissão ou na leniência servil.

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