quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Deitados no berço

Sandra Silva
Socióloga

Estamos nos acostumando demais com a corrupção, com a falta de responsabilidade de quem produz gêneros e produtos, com os discursos falaciosos dos políticos em geral e outras autoridades que assumem cargos por decorrência da posição dos amigos. Estamos criando o pernicioso hábito de conviver com a canalhice sem que ela nos incomode.

A população em sua maioria não discute onde foram os milhões surrupiados especialmente nos últimos anos e que poderiam ter sido aplicados nos serviços de saúde sempre tão precários, ou nos laboratórios das universidades para fomentar pesquisas e gerar cientistas que façam este país desabrochar em tecnologia de vanguarda.

Os cidadãos não conseguem articular-se promovendo manifestações contra tudo o que dizem ser funesto. Limitam-se a reclamar em mesa de bar e roda de amigos, mas não esboçam atitude. E sem atitude o Estado (no sentido de ente público) vai se apossando e locupletando das forças de cada criatura. É como um sugador ou um aspirador que vai chupando a vontade e enfraquecendo o ânimo.

O país está sedento por autoridade e clareza nas ações quando a cada dia menor é a credibilidade nas instituições.

Instituições chafurdam em circunstâncias misteriosas enquanto a punibilidade continua sendo privilégio de quem é economicamente pobre. A cada dia mais se ouve e se sabe que as casas prisionais brasileiras só trancafiam meliantes sem status social. Qual a diferença entre o indivíduo que furta um carro e o político que desvia recursos públicos para si?

Um país da extensão e população que registra o Brasil não poderia apresentar tamanha pobreza moral. Não se vislumbram líderes, apenas criaturas que conseguiram assumir posições eleitorais tendo usado a esperança em dias melhores como o terço arrecadador da preferência do eleitor.

Um país onde se permite o lucro fácil por adulteração até nos alimentos como o recente escândalo do leite, não tem suas instituições governamentais cumprindo seu papel. Esses dirigentes estão lá apenas para rebuscar-se de um salário polpudo e de uma situação repleta de regalias com o dinheiro do tesouro público que foi retirado do trabalho de cada cidadão.

O que teremos de falcatrua esta semana? Qual o próximo escândalo? Já começaram a revirar a terra putrefata da maioria das ONG(s)? Quando cortarem o tumor, vai sangrar muito pus.

Se quisermos um novo Brasil precisamos esticar. Deitar em berço esplêndido são apenas versos. A realidade é outra.

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