quarta-feira, 21 de novembro de 2007

INVASÃO COMO PRESSÃO


Ernesto Caruso
25/06/2003

As técnicas empregadas indicam uma preocupante sintonia no sentido de aprovar as reformas propostas pelo atual governo, calcadas nos discursos – eterno palanque, escola, adestramento, comunicação fácil, linguagem acessível - e nas ações em força. A imprensa de um modo geral carrega nas tintas de acordo com suas convicções e publica o que julga interessante ao debate democrático. O governo morde, assopra e invoca o poder divino singular de onipotência, aproveitando as portas que lhe abrem os crentes nas promessas agradáveis aos seus bolsos. União momentânea, pois não lhes interessa pagar o devido aos cofres públicos. Os servidores aposentados são os culpados pela insuficiente arrecadação. Apregoam governo e confederações patronais, apoiados timidamente por lideranças dos trabalhadores, esses, com feições consternadas.

Nesse particular, também nos apavoramos juntos, sociedade como um todo, com a crescente carga tributária para tapar o rombo deixado por desvios dos recursos públicos para os paraísos dos “alibabás”, não mais no singular, e os muitos ladrões. Não são mais 40 há muito tempo.

Enquanto inflamados debates, luzes, câmeras e microfones despontam, cresce a violência urbana, dissemina-se uma orquestrada campanha pelo desarmamento das gentes de bem e recrudescem as invasões em várias partes do território nacional, ao mesmo tempo, cristalina ação conjugada, coordenada e adredemente preparada. Verdadeiros exercícios no terreno, ações de reconhecimento para se estudar a capacidade de reação, formação de lideranças ditas sociais, com mestres importados, especialistas em movimentos revolucionários, e em escolas oficiais. Nada às escondidas. Seus líderes declaram com a máxima autoridade, nos horários nobres: “Nós vamos continuar invadindo!” Isto em uma invasão de pedágio, liberando os passantes do pagamento. Mais uma forma de expropriação.

É incrível. Ninguém é preso. Não se vê um pronunciamento das autoridades em defesa da sociedade, das instituições, da Constituição e do direito de propriedade. O pior de tudo é a alienação - no sentido de se tornarem alheios voluntariamente - das autoridades militares, quer nas ameaças à Constituição, quer nos balões de ensaios nas ações contra os quartéis. Quando (?) vamos assistir a declaração de uma dessas autoridades com a mesma autoridade e mal encarada expressão, semelhante a do líder acima mencionado e no mesmo grau de intensidade: “Nós não vamos aceitar o desrespeito à Constituição, às invasões e à desestabilização do Estado. Essa marcha será contida com determinação em nome da lei, da ordem e da Nação Brasileira.”

No passado, ocupação que não fosse por mais de ano e dia e de forma pacífica era resolvida pelo poder de polícia. Governos tíbios e populistas foram aceitando essa transformação. Transferiram à sociedade mais o encargo de se constituir advogados, custos, processos, oficiais de justiças, onerando a Justiça com essas ações, que por si, significam o desprezo pela lei. Se o Estado não cumpre com o seu papel, por omissão dos seus dirigentes, que arque com os dispêndios e os prejuízos causados à propriedade particular. Queremos paz e prosperidade e guerra contra os bandidos.

Nenhum comentário: