quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Governo joga pesado


Lúcia Hipólito – Cientista Política

Depois de uma desastrada e desastrosa tentativa de negociação com a oposição e com os senadores da base aliada (Presidente Lula, o ministro Mantega é um perigo! Não pode ser negociador do governo.), o governo entra em campo com artilharia pesada para tentar escapar do prejuízo e aprovar a CPMF.

Primeiro, suspendendo o envio ao Congresso de dois projetos importantes: a política industrial (R$ 5 bilhões em desonerações e isenções) e a reforma tributária (quanto a esta, há muitas dúvidas de que o governo estivesse falando a sério). Com isso, o governo espera sensibilizar governadores e empresários, para que façam pressão sobre os senadores.

Segundo, suspendendo o envio ao Congresso do projeto de lei aumentando o salário do funcionalismo (gastos de R$ 1,5 bilhão em 2008) e segurando a votação final do Orçamento da União para o ano que vem.

Foram suspensos reajustes já combinados com servidores do Banco Central, da Polícia Federal, do Ministério da Cultura, do Incra, técnicos das universidades federais e fiscais agropecuários. Ao todo, 203 mil funcionários. Com isso, o governo espera jogar essas categorias contra os senadores, e assim recolher frutos eleitorais da aparente impopularidade da atitude da oposição.

Terceiro, o governo liberou emendas de parlamentares, cerca de 500 milhões de reais, e também emendas de bancadas, normalmente patrocinadas por senadores, no valor de 90 milhões de reais.

Para o Orçamento do ano que vem, PMDB e PT garantiram a maior fatia de emendas aprovadas, embora os peemedebistas ainda não estejam satisfeitos e afirmam que o governo deve fazer melhor.

Tem mais. Na Câmara, a base governista decidiu obstruir os trabalhos, para não votar as Medidas Provisórias que estão trancando a pauta. Isto para que as MPs não sejam enviadas ao Senado e passem à frente da votação da CPMF.

Com isso, podem caducar algumas MPs importantes para o governo, inclusive a que cria a TV pública.
O presidente Lula, por sua vez, não desistiu, e vai procurar os governadores do PSDB para que pressionem a bancada.
São estas as principais armas do governo. E tudo artilharia pesada.
Já na oposição, senadores contam 27 votos (toda a bancada do DEM e do PSDB) e ainda seis votos da base governista: no PMDB, Jarbas Vasconcelos (PE), Pedro Simon (RS), Mão Santa (PI) e Geraldo Mesquita (AL); no PTB, Mozarildo Cavalcanti (RR); no PSOL, José Nery (PA).

Mas a oposição tem esperanças ainda em Romeu Tuma (PTB-SP), César Borges (PR-BA), Jefferson Péres (PDT-AM), Expedito Júnior (PR-RO) e Osmar Dias (PDT-PR).

Por isso mesmo, a oposição quer acelerar a tramitação e a votação da CPMF. Democratas e tucanos consideram que dá para derrotar a CPMF.

O governo, que ainda não tem os 49 votos, corre contra o tempo. Agora, vai ser na sintonia fina. E na base da máquina de calcular.

Preparem o bolso, porque a conta vai ser salgada para todos os brasileiros, não importa a que classe pertença.

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