quarta-feira, 21 de novembro de 2007

IDIOTAS OU MALVADOS?


17/11/2007
Nivaldo Cordeiro
www.nivaldocordeiro.net

Fez muito sucesso a expressão cunhada por Mário Vargas Llosa para retratar a marcha do esquerdismo na América Latina, a do perfeito idiota latino-americano relatado em diversos dos seus livros. É uma expressão divertida, mas perigosa, porque mais esconde do que revela os reais fatos políticos da região. O duelo que é travado por aqui se estende aos limites transcendentes e uma simplificação do mesmo equivale a esconder a verdade e a fazer o jogo do Inimigo.

Certo, quando você vê um conjunto de idiotas carregando bandeiras do PT ou do partido do Chávez, ostentando botons nas lapelas e fazendo discurso em prol da suposta "justiça social" certamente você estará confrontado com um conjunto de perfeitos idiotas latino-americanos, iguais aos idiotas de outros continentes. Não há aqui na região peculiaridade alguma. São idiotas porque têm os predicados dos idiotas: são pessoas que carecem de inteligência e discernimento, são tolos e estúpidos. Piormente porque estão convencidos de que são portadores da mais alta moralidade e que são os campeões na defesa dos pobres e oprimidos, quando a realidade é precisamente o contrário. E ainda acharão que aqueles que não se juntam ao séqüito idiota dos comunistas é que são os tolos, na medida em que ficam excluídos das oportunidades materiais que só os militantes do partido dispõem, como empregos públicos rendosos, contratos de serviços com o Estado, verbas para ONGs e coisas do gêneros. Não percebem, os idiotas, que as benesses de agora serão tomadas e os bens mais preciosos lhes serão arrancados na primeira oportunidade, a começar pela liberdade e a vida.

Afinal, são idiotas ou não? Os idiotas são os militantes miúdos e inconscientes dispersos na multidão encharcada pela propaganda revolucionária, que nunca dispuseram de qualquer instrumento que lhes ajudassem a ter um descortino da realidade. Dito de outra forma, vivem, os idiotas, mergulhados na realidade virtual criada pelos falsos discursos e pela propaganda enganosa, que se inicia nos meios de comunicação, é aprofundada nas escolas fundamentais e de ensino médio e tem a sua conclusão coroada nas escolas de nível superior. O idiota é laureado com pompa e circunstância no reconhecimento pelo Estado de sua completa idiotice diplomada. Depois a propaganda continua a agir nos jornais, nos livros e nos discursos políticos, que os idiotas passam a repetir feitos papagaios.

Hoje em dia até mesmo denominações religiosas de seitas pentecostais, como a do Edir Macedo, foram recrutadas para fazer a propaganda enganosa da causa revolucionária. Esse "bispo" satânico deu agora para defender o aborto, a liberação das drogas e seus apaniguados que dispõem de votos estão na tropa de choque da base de apoio do governo. O povo miúdo e ignorante não tem como escapar do alçapão que virou a seita, que arregimenta milhões. E o Macedo não é o único simoníaco na conta do governo. Se a ladainha revolucionária está no rádio, na TV, na boca dos professores e na boca dos bispos, então a mentira haverá que se tornar a verdade mais auto-evidente para a gente desprotegida pela couraça do Espírito. Mas a mentira será sempre mentira.

Essa idiotia, todavia, não pode ser atribuída aos líderes partidários, aos chefes da propaganda, aos que controlam o caixa rico do partido. Eles sabem perfeitamente o que estão fazendo. Esses são os homens maus, que mais das vezes são desconhecidos do grande público, agindo nos bastidores. Só ocasionalmente esses dirigentes nas sombras dão a cara a conhecer, como aconteceu com o então obscuro Antonio Palocci, surpreendendo a todos ao assumir o Ministério da Fazenda no primeiro governo Lula, sem ter formação econômica, sem ser uma liderança política nacional, sem ostentar experiência específica para lidar com finanças. Nada! Um raio em dia de céu azul. O mesmo podemos dizer da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, que veio a substitui o todo poderoso José Dirceu. Seu melhor atributo terá sido colaborar com a guerrilha revolucionária em priscas eras.

Essa gente pratica o mal de caso pensado, com o único fito de conquistar e manter-se indefinidamente no poder. O coletivismo marxista não se sustenta nem no plano teórico e menos ainda no plano moral e eles sabem disso muito bem. Mas o discurso distributivista e supostamente libertário escrito pelos propagandistas da revolução faz dessa gente os únicos postulantes com êxito ao poder de Estado na ordem democrática. Um voto é um voto, dirão os cínicos, e uma gente idiotizada pela propaganda não haveria como escolher outros que não os mentirosos que o produziram. O apelo direto aos instintos básicos da fome e da sexualidade, ou seja, o uso deliberado da miragem da liberação da lei da escassez e das travas da moral natural, a libertinagem sem limites, mobiliza as massas infantilizadas naquilo que elas têm de mais vulnerável.

Um ser humano adulto e bem formado sabe que os vícios não se confundem com virtudes e que deles só podem advir tragédia e morte, como aliás tem sido a saga em todos os lugares onde o marxismo triunfou. O discurso mentiroso mil vezes repetido toma o lugar da verdade e anestesia o senso de perigo da multidão. Depois de um certo ponto é impossível interromper o processo que transfere a esses sediciosos mentirosos todo o poder e apenas a conclusão sangrenta do mesmo poderá estanca-lo e dar um fim ao sofrimento. Aí será tarde demais e a pilha de mortos terá sido contada aos milhões. Poderíamos aqui repetir o verso de Walt Whitman, o poeta maldito: "Morte, morte, morte, morte, morte". A morte é o mantra real desses criminosos do espírito.

Álvaro Vargas Llosa não faz essa distinção entre os condutores da multidão entorpecida e ela própria, por isso disse em entrevista que Che Guevara encarnava a própria figura do perfeito idiota latino-americano (ver *
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL145499-5602,00.html). Grande engano. Che é o protótipo do dirigente revolucionário que sabia exatamente o mal que fazia. Praticava o mal por escolha. Che é Lula, é Dirceu, é Palocci, é Chávez, é Fidel, gente que vendeu a alma ao Diabo e que fará o mesmo com aqueles que estiverem no seu caminho, o povo todo junto. O peruano involuntariamente contribuiu para esconder essa realidade trágica com seus livros e sua divertida expressão.

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