sexta-feira, 28 de setembro de 2007

TOQUE DE REUNIR

TOQUE DE REUNIR


Ao chegar ontem, 30 de março, à minha residência, tarde da noite, fiquei estarrecido com o noticiário.

O Brasil estava parado, em conseqüência de uma greve geral, envolvendo controladores de vôo civis e militares, pelo fato do governo não ter ainda atendido suas reivindicações, quais sejam: desmilitarização da atividade, aumento de salário e maior folga em suas escalas.

O pior disso tudo, é que, apesar da população brasileira, espalhada pelo aeroporto do País, estar em plena agonia e revoltada, além do prejuízo econômico estabelecido, as autoridades estavam preocupadas na solução imediata do problema, através de acordo com a categoria grevista.

Nas negociações, até o momento em que assistia o noticiário, que já ia pela madrugada, não ouvi, se quer, o nome de um oficial superior ou general da Aeronáutica participando das tratativas. Vi o Vice-Presidente da República sendo entrevistado, assim como o Ministro da Defesa. Na tentativa de um acordo, enunciavam-se nomes como dos Ministros do Planejamento, da Casa Civil e de outros órgãos, todos civis sem qualquer cultura aeronáutica e muito menos militar.

Para piorar ainda mais, a retórica era em se atender, imediatamente, as reivindicações dos grevistas, além de abolir ou neutralizar as supostas medidas punitivas, regulamentares, que o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) teria aplicado aos infratores.

A palavra “punição” para delinqüente, infelizmente, no momento atual não soa bem para as autoridades políticas e da magistratura, diante dos últimos atos de violência constante do noticiário. Agora, para inconseqüentes pagos pelo Governo e que fizeram um compromisso de servir à Nação, mas que na realidade “cruzam os braços” e se omitem a executar uma atividade importante, comprometendo, inclusive, perdas de vidas, como as que aconteceram no acidente com o BOEING 737-80 da GOL, “punição” é tabu. A palavra de ordem é a contemporização, o diálogo e, sobretudo, atender ao reclamo.

Ao ver este cenário, constatei que estávamos diante de uma das piores crises dos últimos tempos que o País está passando.

Primeiramente é a quebra da disciplina, pilar que rege toda a hierarquia militar. Segundo é a paralização do País, tolhendo a liberdade de ir e vir do cidadão, com o comprometimento da economia do País.

O outro fato é a degradação da imagem da nossa aviação civil, estampando para o mundo globalizado um País em plena decadência naquilo que fora expoente, tanto na Aviação Civil, repito, como no Controle do Tráfego Aéreo.

A seguinte situação é a vulnerabilidade do nosso espaço aéreo, afetando a Segurança Nacional.

A última e a pior é o momento em que isso foi feito, isto é, na ausência do Exmo. Sr. Presidente da República, quando está em viagem a serviço e se encontra nos Estados Unidos, impossibilitado de entrar nesse instante, em nosso espaço aéreo por motivo de segurança de vôo.
Diante de todas essas reflexões, como cidadão e Coronel da Reserva da Aeronáutica, conclamo meus ex chefes e ex comandantes oficiais generais, bem como as autoridades da Aeronáutica militar da ativa constituída a não cederem “um milímetro” nas negociações.

O momento é de união. O “Toque de Reunir” deve ser dado, para uma convocação geral e, já que os controladores não querem ficar aquartelados, os militares da aeronáutica da ativa e da reserva que o fiquem para preservar os interesses nacionais e a ordem.

Por coincidência, hoje são 31 de Março. Lá se vão 43 (quarenta e três) anos, quando o País passou por episódios dramáticos, tudo devido a conturbação, em conseqüência de atos indisciplinares, principalmente nos quartéis.

A desordem de ontem, nos aeroportos, e a manifestação de revolta da sociedade faz lembrar a “marcha com Deus para a liberdade”. O povo quer justiça, o cidadão pede punição para os culpados, enfim não quer negociar com traidores.

Os sargentos controladores de vôo, talvez intuídos por outras forças, estão sendo “os inocentes úteis” e dando mau exemplo aos demais colegas de graduação que são modelo de profissionais de Força Aérea Brasileira. Tenho certeza que os sargentos componentes dos demais quadros especialistas da FAB e das demais Forças co-irmãs (Marinha e Exército) acompanham essa transgressão perplexos.

Posso falar isso com propriedade, já que tive a honra de cursar a briosa Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAer), formando-me Terceiro Sargento em Julho de 1967. Antes de ingressar no Lendário Campo dos Afonsos, em janeiro de 1968, como Cadete da Aeronáutica, conclui com orgulho o curso de Mecânico da Aeronave C-47 (o antigo DC-3).

Além de trabalhar ao lado de exímios sargentos profissionais na área de manutenção, eletrônica, hidráulica, chapas e metais de aeronaves, chefie, ao longo da minha carreira, especialistas que só dignificaram a Força Aérea. Desde o encargo de oficial de dia, quando contava com o apoio do adjunto e do sargento da guarda, passando pelas chefias das seções de Intendência, Planejamento, Subsistência, Provisões e Suprimento Técnico, tendo como ajudante sargentos gestores, até na área operacional, quando tive que ser orientado por sargentos “guerreiros”, do Parasar, nos treinamentos de pára-quedismo e sobrevivência na selva, por motivo de chefia do Curso de Intendência na AFA, só convivi com aqueles que honravam a farda azul que trajavam.

Assim, dá para perceber o meu reconhecimento por uma classe de bravos homens que contribuíram e contribuem, sobremaneira, pelo engrandecimento das atividades fim e meio da nossa Aviação Militar. Da mesma forma, externo o meu repúdio por uma minoria de sargentos, que negando o seu compromisso à Bandeira Nacional, insubordinam-se às autoridades, provocando prejuízo moral, econômico e psicológico à nação e à Sociedade Brasileira.

Hoje, como membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra (ESG), ministrando instrução de Desenvolvimento, Defesa e Segurança, Logística e Mobilização Nacional, Inteligência Estratégica e outros assuntos à elite nacional quer como estagiários nos diversos cursos da ESG, quer nos cursos das Associações dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e nos Estágios Intensivos de Mobilização Nacional (EIMN) do Ministério da Defesa espalhados pelos diversos rincões do País, antevejo um colapso na Aeronáutica Civil e Militar, que poderá se expandir para outras instituições nacionais, caso medidas drásticas disciplinares não sejam tomadas de imediato.

Essas minhas palavras encontram mais eco, quando me lembro do 168º Encontro no Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), no dia 28 mar 07, na última quarta-feira, após a palestra sobre “O Ataque a Pearl Harbor”, proferida, simultaneamente, pelo Excelentísmo Gen. Ex. Braga e CMG Márcio, com a presença dos velhas águias e Ex-Ministros da Aeronáutica, com depoimento de ex-pilotos de caça da FAB que participaram, heroicamente, dos combates aéreos nos céus da Itália e, logo a seguir, a entronização do saudoso Ten. Brig. Ar. João Camarão Telles Ribeiro à Galeria dos Patronos do INCAER, no sentido da construção de um longo caminho glorioso da nossa aeronáutica, estar sofrendo agora, uma tentativa de degradação de sua imagem por aventureiros, que se dizem militares, mas que, na realidade, estão traindo toda uma história dignificante do povo brasileiro.

Para concluir, se alguém me perguntasse qual a sugestão para resolver o problema que vem se agravando há 6 (seis) meses, eu proporia a punição disciplinar exemplar a todos os grevistas, afastando-os das atividades à medida do possível, e contrataria, de imediato, suboficiais e sargentos controladores de tráfego aéreo da reserva remunerada por tarefa tempo de tarefa determinada, até que novos quadros fossem formados pela EEAER e a não negociação quanto a desmilitarização da atividade.

Com esse ensejo e sabedor que a imprensa não repassa a real situação dos fatos, podendo a Sociedade ouvir opinião abalizada sobre a crise no espaço aéreo somente em alguns sites, como por exemplo o http://www.reservaer.com.br/, vou distribuir essas reflexões, como nacionalista e defensor dos interesses nacionais, aos Militares da Aeronáutica, inclusive da minha turma de cadetes, Contato 65/68, tendo ainda alguns Brigadeiros da ativa, e cópia a militares da Marinha e do Exército, todos interligados na minha rede da Internet.

Essa é a única maneira, em um primeiro instante, que enxergo em contribuir com a eliminação do colapso aéreo que o Brasil está passando, devido à postura impatriótica e desumana praticada por maus brasileiros, enquanto na soa o Toque de Reunir das Forças Legais e que soou em alguns períodos da História do Brasil, a fim de restabelecer a ordem vigente.


Respeitosamente,

Antonio Celente Videira

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