sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O ASSASSINATO DO MENINO JOÃO HÉLIO

O Assassinato do menino João Hélio, morto ao ser arrastado pelas ruas, comoveu e perturbou o Brasil. Não poderia ser diferente. O ato de arrastar um menino até a morte, na frente da mãe que implorava por piedade, mostra a brutalidade a que toda a sociedade brasileira está exposta. Esta barbárie ultrapassou os limites da passividade do povo e provocou uma reação nacional, fez com que govenantes, políticos e a mídia retomassem a discussão sobre a impunidade e o agravamento das punições.

A irracionalidade dessa ação criminosa é aterrorizante, mas está longe de ser um caso isolado. A seqüência de assassinatos, tiroteios entre policiais e bandidos, pessoas mortas ou feridas por balas perdidas, estupros de crianças, fuzilamento de policiais e seqüestros, nos últimos 30 dias, mostra que a tragédia de João Helio, infelizmente, é apenas um caso da violência que se alastra pelo país. A falta de respeito pela autoridade, o atrevimento e a agressividade dos bandidos, que não escolhem hora ou local para atacar e não se importam em matar ou morrer, explicam a insegurança da população. Todo cidadão brasileiro, com o mínimo de lucidez, sabe que o crime esta fora de controle.

A expansão da criminalidade e a condição de refém da sociedade exigem uma resposta imediata do Estado. É preciso que os governantes se envolvam com soluções bem maiores que a diminuição da idade penal e o endurecimento das penas, pois o país inteiro sabe que o problema é mais complexo. O Brasil só vai obter sucesso na luta contra o crime se os poderes nacionais e a sociedade discutirem a miséria, a falta de uma boa educação e a corrupção como os legítimos propulsores da violência. A avalanche de crimes que sufoca a Nação não é gratuita. Ela é o resultado da conduta imprópria de governantes e da sociedade. O Brasil se transformou em um país de meias verdades onde levar vantagem virou marca registrada, o tal do “jeitinho”.

Os princípios morais e éticos sucumbiram diante da desonestidade. A corrupção nos poderes constituídos e escândalos como os do mensalão e o da venda de sentenças dão a senha para o “tá tudo liberado”. Os maus exemplos somados à miséria e à falta de formação moral e social de grande parte da população acendem o estopim que inicia a violência. A marginalização da pobreza pelos sucessivos governos é o determinante para a proliferação do crime. O Estado, mesmo que tenha boas intenções, não vai resolver a questão da criminalidade por meio de ações sociais. A gravidade da situação não permite que bandidos sejam tratados como vitimas da sociedade. É preciso acabar com a demagogia.

O mundo “moderno”, contaminado pela hipocrisia e por inversões de valores jamais vistas, esqueceu a relação pertinente que existe entre a possibilidade de punição e a socialização do individuo. Não é capaz de perceber que o bicho homem sem o cabresto da educação e sem os princípios morais e religiosos, grilhões que civilizam, é igual a um animal selvagem, capaz de qualquer atrocidade para sobreviver. Como conter este animal que investe contra o seu semelhante? As barbáries exigem penas severas. Por que não a pena de morte? A historia da humanidade mostra que diversas Nações utilizam ou utilizaram essa punição como forma de dissuasão do crime.

Quaisquer que sejam as resoluções do Estado contra a violência devem vir acompanhadas por medidas sócio-educativas, caso contrário, não serão eficazes. A lei é a regra e determina a obrigação, mas não vai frear o crime se não estiver ladeada pela socialização dos indivíduos e se as pessoas continuarem a passar fome, pois, nesta situação, as leis da sobrevivência falam mais alto. Os primeiros passos para diminuir a violência no Brasil são proporcionar aos mais pobres condições de vida compatíveis com as necessidades de um ser humano, educar as crianças (imprescindível) e adequar o crescimento do país e a geração de empregos à demanda da Nação. A democracia exige que o Estado se imponha ao crime e proteja a sociedade. Os governantes devem, de alguma maneira, impedir que as crianças vivam e cresçam como animais. Assim, o ciclo vicioso de miséria e de proliferação do crime será interrompido. O alicerce mais poderoso para sustentar e garantir as ações do Estado contra a violência é o exemplo de patriotismo (honestidade) dado pelas autoridades que conduzem o destino da Nação.

Carlos Vilmar
carlosvilmars@yahoo.com.br

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