A MENTIRA TEM PERNA CURTA*
Por Ênio José Toniolo (eniotoniolo@pop.com.br)
A esquerda costuma espalhar o mito de que seus expoentes são operários de salário mínimo, meeiros, bóias-frias, pobres criaturas suburbanas. A direita seria formada de latifundiários, grã-finos, freqüentadores das colunas sociais. Ora, nada mais contrário à realidade dos fatos. E menciono alguns, apenas para comprovar.
Iniciemos pelo patriarca da esquerda: Karl Marx casou-se com uma aristocrata alemã, Jenny von Westphalen, descendente, pelo lado materno, da alta aristocracia da Escócia e filha de um nobre.[1] Ela usava nos cartões de visita o título de Baronesa von Westphalen.[2] O próprio Marx pouco trabalhou, vivendo às custas das mesadas de seu companheiro de idéias, Friedrich Engels - filho de grande burguês, diz Garaudy.[3] Engels deu a Marx dinheiro suficiente para viver com folga o resto da vida e até mesmo para que um genro de Marx adquirisse um verdadeiro palacete de trinta aposentos.[4] Dentre os comunistas mais chegados a Marx, praticamente nenhum era proletário no sentido comunista da palavra.[5] Marx não dava muita atenção a seus parentes próximos, porém orgulhava-se dos ricos primos Philips da Holanda – conhecidos fabricantes de eletrodomésticos.[6]
O libertário Pedro Kroptkine pertencia a uma das mais velhas famílias da nobreza russa. Seu pai tinha terras onde ocupava cerca de mil e duzentos trabalhadores, em três províncias russas. Dispunha de cinqüenta criados na residência em Moscou, e vinte e cinco na casa de campo.[7] Também o guerrilheiro Pol Pot nunca trabalhou.[8]
Trotksy era filho de um rico proprietário de terras.[9]
Malenkov, como Lenine e outros bolchevistas, era filho de pais abastados.[10]
Mao Tse-Tung não foi diferente: era filho de um próspero agricultor[11], “que logo se tornaria o mais rico de seu vale.”[12]
Caio Prado Júnior era herdeiro de uma das mais abastadas famílias do país – dona de fazendas e indústrias - e fez uma parte de seus estudos secundários na Inglaterra.[13] Morava no “bairro dos ricos autênticos, com tradição e fidalguia”: Higienópolis.[14]
Jean-Paul Sartre costumava andar com um milhão de francos no bolso, na época cerca de 37 salários mínimos brasileiros.[15]
O pai de Fidel Castro era um latifundiário que possuía oitocentos hectares de terras e arrendava outros dez mil.[16] Nunca se soube que o ditador cubano tivesse algum emprego. Seu companheiro Che Guevara confessa: Nenhum dos guerrilheiros que se estabeleceram na Sierra Maestra teve um passado de operário ou camponês, ninguém passou fome, a não ser transitoriamente durante os anos de guerrilha.[17] A respeito dele, diz um comunista cubano: “Ernesto Guevara nació en 1928 en Argentina, en una familia con cierta holgura económica, culta, de ideas socialistas.”[18]
Salvador Allende era filho de advogado, neto de médico e descendente de importantes personagens da independência chilena; casou-se com a filha de uma respeitável família e morou sempre nos melhores bairros de Santiago. Nunca disfarçou a inclinação pelos bons vinhos, pratos refinados e coleções de obras de arte. Em seu bem fornido guarda-roupa enfileirava-se uma numerosa coleção de ternos de impecável corte, finos sapatos e duzentas gravatas, sobre as quais usava sempre uma pérola. Pouco exerceu a Medicina, já que foi senador por 25 anos, com mordomias garantidas.[19]
Olof Palme, o ex-primeiro ministro sueco, era “o mais esquerdista dos líderes ocidentais” – mas nascera na classe abastada.[20]
O falecido líder do PC italiano, Enrico Berlinguer, descendia de marqueses catalães, e seu nome figurava no “Livro de Ouro da Nobreza Européia”. Costumava passar as férias na Sardenha natal, onde velejava em seu barco. Ele e o irmão chegaram a possuir uma ilha particular, de 110 hectares.[21] Por outro lado, o senador mais rico da Itália, em 1988, Guido Rossi, pertencia ao Partido Comunista.[22]
Mateotti, o socialista morto pela polícia de Mussolini, era filho de ricos agricultores.[23]
François Mitterrand possuía uma residência em Paris, uma casa na praia, dois pequenos terrenos no campo, além do saldo bancário.[24]
Gabriel García Márquez, grande amigo de Fidel Castro, recebia em 1981, só de direitos autorais, 22 milhões de cruzeiros, cerca de 170 mil dólares por ano.[25] Em entrevista, admitiu que sua obra lhe proporcionava entre 350.000 e 400.000 dólares anuais.[26]
Jorge Amado revela num escrito autobiográfico: Era filho de fazendeiro, assim como vários amigos seus.[27]
A mãe de Olga Benário (amante e talvez esposa de Luís Carlos Prestes) morava na capital da Baviera, em casa elegante, cheia de objetos de arte. O primeiro amante de Olga, Otto Braun, era comunista chique, de gravata meticulosamente amarrada, cabelos ajeitados com brilhantina, calças bem vincadas, e cachimbo aristocrático.[28] Aliás, se alguém procurar a carteira profissional de Prestes vai ter uma surpresa. Parece que sua última ocupação fixa foi ali por 1922, quando era capitão do Exército. O Secretário-Geral do PC gostava só de música clássica.[29]
Ao falecer no Uruguai, João Goulart morava numa fazenda de 3.600 hectares, com 6.000 ovelhas e 3.000 cabeças de gado Hereford.[30] Tinha várias outras propriedades, tanto que um seu filho natural, Noé Silveira, recebeu de herança uma fazenda em São Borja, com 2.0232 hectares, uma casa, um terreno e boa soma em dinheiro.[31] No final do processo de investigação de paternidade, Noé recebeu metade dos bens da irmã, Denise, avaliados em cem milhões de dólares.[32] No matrimônio de Denise, aliás, houve “o maior banquete de casamento dos últimos anos”.[33] Outro filho, o João Vicente, possuía uma fazenda de 70.000 hectares no Maranhão.[34] A viúva de Jango, Maria Teresa, pôs à venda um sobrado em Punta Del Este, onde o ex-presidente passou parte do seu exílio; a duas quadras da praia, avaliaram-no em 400.000 dólares.[35]
Sérgio Buarque de Holanda foi um jovem bem-nascido que, formado em Direito, teve uma confortável carreira de burocrata à sua espera.[36]
Nosso paranaense Vieira Neto só bebia uísque escocês, fumava cachimbo com fumo inglês e tinha iate em Guaratuba.[37]
Miguel Arraes, membro de uma das mais tradicionais famílias do alto sertão cearense, nasceu rico e fazendeiro. Casou-se pela primeira vez com uma jovem pernambucana das mais aristocráticas famílias da Zona da Mata, e se tornou concunhado do riquíssimo e poderoso usineiro e senador Cid Sampaio.[38] Ao voltar do exílio, Miguel Arraes instalou-se num palacete, no aristocrático bairro recifense da Casa Forte, cujo aluguel era de Cr$ 30 mil mensais – cerca de 14 salários mínimos.[39] São pitorescas suas negaças à revista Veja (12-07-1979) para não contar exatamente com que meios vivia durante o exílio na Argélia. Disse que foi assessor de algumas empresas, mas não houve jeito de descobrir em quais... Depois de ter vendido o controle que tinha sobre uma livraria de Paris, os interesses da família Arraes na França limitavam-se à empresa Sudhemis, que importava e exportava para a Argélia, Angola e Moçambique.[40]
Fernando Henrique Cardoso foi “o mais distinto scholar marxista a liderar uma nação desde a morte de Lênin. Como um jovem professor, pertencia a um grupo que dissecou cuidadosamente os três volumes de O capital e muitos outros clássicos marxistas.” [41] Declarava-se um intelectual “crítico do imperialismo” e “teórico da dependência”[42] “um intelectual de passado esquerdista”, “egresso do marxismo”[43], que sofreu grande influência de Marx, Sartre, Lukács e Florestan Fernandes.[44] É bisneto de um governador de Goiás e neto de marechal, filho de um general, advogado e deputado.[45] Passou oito anos de seu governo “encenando que brigava com o MST, ao mesmo tempo que alimentava o movimento com gordas verbas e todo tipo de proteção.”[46] Só exigiu que a força do Estado - e até do Exército - se movesse em defesa do direito de propriedade quando o MST ocupou a sua fazenda, em Buritis.
Marta Suplicy, mesmo antes de ingressar na vida pública, não fazia compras em supermercados “nem morta”; ela treinava copeiras e cozinheiras a ponto de se dar ao luxo de nem sequer entrar na cozinha.[47] No final de 2002, estava se preparando para mudar-se com o “namorado” argentino para a casa ocupada pelo ex-marido, Eduardo Suplicy, avaliada em 2,5 milhões de reais - uns 694.400 dólares.[48] Outros detalhes de sua vida nada proletária são bem conhecidos do público.
O então senador José Paulo Bisol (PSB), candidato a vice-presidente na chapa de Lula em 1989 era proprietário da fazenda São Vicente da Direita, com 1.097 hectares, em Buritis, e outra em Unaí, ambas em Minas Gerais.[49]
Leonel Brizola possuía em 1986 um patrimônio avaliado em dois milhões de dólares, representado principalmente por duas fazendas no Uruguai (El Repecho e La Tala de Yi), com 3.181 hectares, onde criava sete mil ovelhas.[50] Com razão um adversário perguntou: “Como pode um dos maiores latifundiários do Sul do País falar em acesso à terra por meio da posse?”[51] Seu candidato a vice-presidente, em 1989, detinha um patrimônio que, só em poupanças, chegava a 37,6 milhões de cruzeiros novos, cerca de 13,6 milhões de dólares.[52] Mais tarde, em 2001, a revista Veja publicou reportagem, sustentando que sua propriedade uruguaia valia 4,5 milhões de dólares; o rebanho estimado era de 16 mil cabeças ¾ 6 mil bois e 10 mil ovelhas. Além disso, recebia três aposentadorias: 5.600 reais como ex-governador do RGS, 6.175 reais como ex-governador do Rio e 980 reais por ter sido duas vezes deputado federal, num total mensal de 12.755 reais,[53] na época cerca de 4.850 dólares.
Experimente alguém reunir quinhentos anticomunistas para um evento, numa capital brasileira; os obstáculos financeiros serão quase intransponíveis. No entanto, um dos últimos eventos do Forum Social Mundial reuniu em Porto Alegre 100.000 pessoas, de 121 países e 5.500 ONGs.[54] De algum misterioso lugar vieram passagens, hotéis e refeições para essa multidão enorme...
Basta de exemplos da “pobreza” da esquerda, meu leitor. E agora, com licença, que como bom “milionário” da direita, vou dar minhas suadas aulas...
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* Se preferir, leia o texto no endereço:
http://www.ternuma.com.br/mentira2.htm
Uma versão preliminar deste artigo foi publicada na Gazeta do Povo, Curitiba, 01-03-1987, p. 6.
[1] STALLYBRASS, Peter. O casaco de Marx: roupas, memória, dor. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 69. “(...) he married the beautiful Jenny von Westphalen, daughter of an aristocratic, wealthy, feudal German familiy.” (DIMONT, Max I. The indestructible Jews. New ed. New York: New American Library, 1973. p. 376)
[2] PADOVER, Saul K. Karl Marx: an intimate biography. (Abridged edition). New York: New American Library, 1980. p. 20, 72 , 75 e 271.
[3] GARAUDY, Roger. Toda a verdade. Rio: Civilização Brasileira, 1970. p. 31.
MAYO, Henry B. Introdução à teoria marxista. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1966. p. 31.
PADOVER, Saul. Op. cit. 94.
“O único período em que Marx teve qualquer emprego fixo foi de 1852 a 1861, quando trabalhou como correspondente do New York Tribune.” (HOOVER, J. Edgar. Estudo sobre o comunismo. Belo Horizonte: Itatiaia, 1964. p. 34).
[4] STALLYBRASS, Peter. O casaco de Marx: roupas, memória, dor. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 74, 94 e 289.
[5] PADOVER, Saul K. Op. cit. p. 115.
[6] PADOVER, Saul K. Op. cit. p.7.
[7] KROPOTKINE, P. Em torno de uma vida. Rio de Janeiro: José Olympio, 1946. p. 41.
Increvables anarchistes. Disponível em <http://increvablesanarchistes.org/articles/biographies/kropotkine_pierre.htm>; acesso em 20-10-2003.
[8] COURTOIS, Stéphane et alii. O livro negro do comunismo. Rio de Janeiro: Bertrand, 1999. p. 722.
[9] WOOLLEY, Barry. The Darwin/Trotsky connection. Disponível em <http://www.answersingenesis.org/home/area/magazines/docs/v23n2_trotsky.asp>; acesso em 16-05-2004.
[10] Morre o stalinista Malenkov. O Estado de São Paulo, 02-02-1988.
[11] CABRAL, Antônio. As revoluções não se fazem com semideuses. O Estado de São Paulo, 07-09-1986.
[12] BOSCOV, Isabela. O maior sanguinário. Veja, nº 1931, p. 124, 16-11-2005.
[13] Veja, nº 1158, p. 44, 28-11-1990,.
[14] GATTAI, Zélia. Anarquistas, graças a Deus. Rio de Janeiro: Record., s/d. p. 13.
[15] Sarte: Auto-retrato aos 70 anos. Manchete, nº 1212, p. 104-111, 12-07-1975.
[16] CHRISTO, Carlos Alberto L. de [Frei Betto]. Fidel e a religião. 15. ed. São Paulo: Brasiliense. p. 96-97.
[17] GUEVARA, Ernesto Che. Textos políticos e sociais. São Paulo: Edições Populares, 1981. p. 95.
[18] PÉREZ, Carlos Tablada. El marxismo del Che. El economista de Cuba (Edición on line). Disponível em < http://www.eleconomista.cubaweb.cu/2006/nro282/282_895.html >; acesso em 29-12-2006.
[19] A trágica utopia de Allende, o revolucionário. Veja, nº 263, p. 48-49, 19-09-1973.
[20] MACFADEN, Robert D. Aristocrata convertido ao socialismo. O Estado de São Paulo, 02-03-1986, p. 3.
[21] Berlinguer, o “surdomuto”. Veja, nº 405, p. 37-39, 09-06-1976.
[22] AUGELLI, Marielza. Senador mais rico na Itália é do PC. O Estado de São Paulo, 09-03-1988, p. 9.
[23] COLLIER, Richard. Duce! Ascensão e queda de Benito Mussolini. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, s/d. p. 85.
[24] REALI JÚNIOR. Conflito no PS aguarda o gabinete de Rocard. O Estado de São Paulo, 12-03-1988.
[25] EMEDIATO, Luiz Fernando. Pinochet vence. Isso é bom. O Estado de São Paulo, 22-11-1981.
[26] NEPOMUCENO, Eric. Até que caia Pinochet. Veja, São Paulo, nº 625, p. 3, 27-08-1980.
[27] AMADO, Jorge. Navegação de cabotagem. Rio de Janeiro: Record, 1992. p. 469.
[28] MORAIS, Fernando. Olga. 8.ed. São Paulo: Alfa-Ômega, 1986. p. 18.
[29] NATALI, João Batista. Aos 88, Prestes mantém idolatria pela União Soviética. Folha de São Paulo, 04-05-1986. p. 14.
[30] João Goulart [1918-1976]. Veja, nº 432, 15-12-1976.
[31] Cr$ 3 bilhões para Noé. O Estado de São Paulo, 16-09-1984.
[32] Termina o processo do filho de Jango. O Estado de São Paulo, 17-08-1988.
[33] Gente. Veja, nº 601, p. 12, 12-03-1980.
[34] Filho de Goulart não vai à Assembléia mas recebe. O Estado de São Paulo, 23-05-1986, p. 2.
[35] Radar. Veja, 20-04-2988. p. 39.
[36] Sérgio Buarque de Holanda [1902-1982]. Veja, nº 713, p. 123, 05-05-1982
[37] TOURINHO, Luiz Carlos Pereira. Respingos. Gazeta do Povo, Curitiba, 27-09-1987.
[38] O Estado de São Paulo, 26-11-1987.
[39] Gazeta do Povo, Curitiba, 17-09-1979.
[40] Radar. Veja, nº 599, p. 23, 27-02-1980.
[41] GOERTZEL, Ted. Still a Marxist. Disponível em <http://www.brazzil.com/blaapr97.htm> Acesso em 03-10-2003.
[42] Perspectivas do governo Lula. Revista Enfrentamento, nº 1, fev. 2003. Disponível em <http://www.enfrentamento.hpg.ig.com.br/enfrentamento1html.html>; acesso em 07-10-2003.
[43] HENRIQUES, LUIZ Sérgio. As idéias fora do lugar. Disponível em <http://www.artnet.com.br/gramsci/arquiv8.htm>; acesso em 07-10-2003.
[44] Depoimento. Língua e Literatura. São Paulo, v. 10-13, p. 168-169, 1981-84, (Número comemorativo).
[45] Idem, p165.
[46] ALENCASTRO, Cid. Mais um violento golpe contra a propriedade agrária. Catolicismo, fevereiro 2003. Disponível em < http://www.tfp.org.br/Secoes/Colunas/Cid/2003/02/01/RefAgraria-FHC-Kerenski/RA-Kerensky.htm>; acesso em 15-10-2003.
[47] Marta, feminista e “brigadora”. O Estado de São Paulo, 15-11-1985.
[48] Veja, 04-12-2002.
[49] ROLDO, Deonilson. Bisol emprega agricultores sem carteira assinada. Folha de São Paulo, 26-11-1989, p. B-4; O Estado de São Paulo, 26-08-1989.
[50] Fazendas de Brizola no Uruguai valem US$ 2 mi. Jornal do Norte, Apucarana, 03-09-1989. p. 3.
[51] O Estado de São Paulo, 06-07-1982.
[52] O Estado de São Paulo, 26-08-1989.
[53] Mais detalhes sobre sua fortuna em Veja, 07-11-2001, ou no site: http://veja.abril.com.br/071101/p_042.html
[54] NUNES, Thayana de Almeida. FSM: Um outro mundo é possível. Littera, Londrina, nº 3, p. 5, fevereiro de2003. O jornal comunista A Classe Operária cita dados até mais vultosos: “O último FSM contou com mais de 100 mil participantes, de 156 países e 5.717 organizações.” (PRESTES, Ana Maria. O Brasil te espera em Belo Horizonte. Disponível em <http://www.vermelho.org.br/classe/233/forum.asp#Planeta fêmea>; acesso em 08-11-2003)
A esquerda costuma espalhar o mito de que seus expoentes são operários de salário mínimo, meeiros, bóias-frias, pobres criaturas suburbanas. A direita seria formada de latifundiários, grã-finos, freqüentadores das colunas sociais. Ora, nada mais contrário à realidade dos fatos. E menciono alguns, apenas para comprovar.
Iniciemos pelo patriarca da esquerda: Karl Marx casou-se com uma aristocrata alemã, Jenny von Westphalen, descendente, pelo lado materno, da alta aristocracia da Escócia e filha de um nobre.[1] Ela usava nos cartões de visita o título de Baronesa von Westphalen.[2] O próprio Marx pouco trabalhou, vivendo às custas das mesadas de seu companheiro de idéias, Friedrich Engels - filho de grande burguês, diz Garaudy.[3] Engels deu a Marx dinheiro suficiente para viver com folga o resto da vida e até mesmo para que um genro de Marx adquirisse um verdadeiro palacete de trinta aposentos.[4] Dentre os comunistas mais chegados a Marx, praticamente nenhum era proletário no sentido comunista da palavra.[5] Marx não dava muita atenção a seus parentes próximos, porém orgulhava-se dos ricos primos Philips da Holanda – conhecidos fabricantes de eletrodomésticos.[6]
O libertário Pedro Kroptkine pertencia a uma das mais velhas famílias da nobreza russa. Seu pai tinha terras onde ocupava cerca de mil e duzentos trabalhadores, em três províncias russas. Dispunha de cinqüenta criados na residência em Moscou, e vinte e cinco na casa de campo.[7] Também o guerrilheiro Pol Pot nunca trabalhou.[8]
Trotksy era filho de um rico proprietário de terras.[9]
Malenkov, como Lenine e outros bolchevistas, era filho de pais abastados.[10]
Mao Tse-Tung não foi diferente: era filho de um próspero agricultor[11], “que logo se tornaria o mais rico de seu vale.”[12]
Caio Prado Júnior era herdeiro de uma das mais abastadas famílias do país – dona de fazendas e indústrias - e fez uma parte de seus estudos secundários na Inglaterra.[13] Morava no “bairro dos ricos autênticos, com tradição e fidalguia”: Higienópolis.[14]
Jean-Paul Sartre costumava andar com um milhão de francos no bolso, na época cerca de 37 salários mínimos brasileiros.[15]
O pai de Fidel Castro era um latifundiário que possuía oitocentos hectares de terras e arrendava outros dez mil.[16] Nunca se soube que o ditador cubano tivesse algum emprego. Seu companheiro Che Guevara confessa: Nenhum dos guerrilheiros que se estabeleceram na Sierra Maestra teve um passado de operário ou camponês, ninguém passou fome, a não ser transitoriamente durante os anos de guerrilha.[17] A respeito dele, diz um comunista cubano: “Ernesto Guevara nació en 1928 en Argentina, en una familia con cierta holgura económica, culta, de ideas socialistas.”[18]
Salvador Allende era filho de advogado, neto de médico e descendente de importantes personagens da independência chilena; casou-se com a filha de uma respeitável família e morou sempre nos melhores bairros de Santiago. Nunca disfarçou a inclinação pelos bons vinhos, pratos refinados e coleções de obras de arte. Em seu bem fornido guarda-roupa enfileirava-se uma numerosa coleção de ternos de impecável corte, finos sapatos e duzentas gravatas, sobre as quais usava sempre uma pérola. Pouco exerceu a Medicina, já que foi senador por 25 anos, com mordomias garantidas.[19]
Olof Palme, o ex-primeiro ministro sueco, era “o mais esquerdista dos líderes ocidentais” – mas nascera na classe abastada.[20]
O falecido líder do PC italiano, Enrico Berlinguer, descendia de marqueses catalães, e seu nome figurava no “Livro de Ouro da Nobreza Européia”. Costumava passar as férias na Sardenha natal, onde velejava em seu barco. Ele e o irmão chegaram a possuir uma ilha particular, de 110 hectares.[21] Por outro lado, o senador mais rico da Itália, em 1988, Guido Rossi, pertencia ao Partido Comunista.[22]
Mateotti, o socialista morto pela polícia de Mussolini, era filho de ricos agricultores.[23]
François Mitterrand possuía uma residência em Paris, uma casa na praia, dois pequenos terrenos no campo, além do saldo bancário.[24]
Gabriel García Márquez, grande amigo de Fidel Castro, recebia em 1981, só de direitos autorais, 22 milhões de cruzeiros, cerca de 170 mil dólares por ano.[25] Em entrevista, admitiu que sua obra lhe proporcionava entre 350.000 e 400.000 dólares anuais.[26]
Jorge Amado revela num escrito autobiográfico: Era filho de fazendeiro, assim como vários amigos seus.[27]
A mãe de Olga Benário (amante e talvez esposa de Luís Carlos Prestes) morava na capital da Baviera, em casa elegante, cheia de objetos de arte. O primeiro amante de Olga, Otto Braun, era comunista chique, de gravata meticulosamente amarrada, cabelos ajeitados com brilhantina, calças bem vincadas, e cachimbo aristocrático.[28] Aliás, se alguém procurar a carteira profissional de Prestes vai ter uma surpresa. Parece que sua última ocupação fixa foi ali por 1922, quando era capitão do Exército. O Secretário-Geral do PC gostava só de música clássica.[29]
Ao falecer no Uruguai, João Goulart morava numa fazenda de 3.600 hectares, com 6.000 ovelhas e 3.000 cabeças de gado Hereford.[30] Tinha várias outras propriedades, tanto que um seu filho natural, Noé Silveira, recebeu de herança uma fazenda em São Borja, com 2.0232 hectares, uma casa, um terreno e boa soma em dinheiro.[31] No final do processo de investigação de paternidade, Noé recebeu metade dos bens da irmã, Denise, avaliados em cem milhões de dólares.[32] No matrimônio de Denise, aliás, houve “o maior banquete de casamento dos últimos anos”.[33] Outro filho, o João Vicente, possuía uma fazenda de 70.000 hectares no Maranhão.[34] A viúva de Jango, Maria Teresa, pôs à venda um sobrado em Punta Del Este, onde o ex-presidente passou parte do seu exílio; a duas quadras da praia, avaliaram-no em 400.000 dólares.[35]
Sérgio Buarque de Holanda foi um jovem bem-nascido que, formado em Direito, teve uma confortável carreira de burocrata à sua espera.[36]
Nosso paranaense Vieira Neto só bebia uísque escocês, fumava cachimbo com fumo inglês e tinha iate em Guaratuba.[37]
Miguel Arraes, membro de uma das mais tradicionais famílias do alto sertão cearense, nasceu rico e fazendeiro. Casou-se pela primeira vez com uma jovem pernambucana das mais aristocráticas famílias da Zona da Mata, e se tornou concunhado do riquíssimo e poderoso usineiro e senador Cid Sampaio.[38] Ao voltar do exílio, Miguel Arraes instalou-se num palacete, no aristocrático bairro recifense da Casa Forte, cujo aluguel era de Cr$ 30 mil mensais – cerca de 14 salários mínimos.[39] São pitorescas suas negaças à revista Veja (12-07-1979) para não contar exatamente com que meios vivia durante o exílio na Argélia. Disse que foi assessor de algumas empresas, mas não houve jeito de descobrir em quais... Depois de ter vendido o controle que tinha sobre uma livraria de Paris, os interesses da família Arraes na França limitavam-se à empresa Sudhemis, que importava e exportava para a Argélia, Angola e Moçambique.[40]
Fernando Henrique Cardoso foi “o mais distinto scholar marxista a liderar uma nação desde a morte de Lênin. Como um jovem professor, pertencia a um grupo que dissecou cuidadosamente os três volumes de O capital e muitos outros clássicos marxistas.” [41] Declarava-se um intelectual “crítico do imperialismo” e “teórico da dependência”[42] “um intelectual de passado esquerdista”, “egresso do marxismo”[43], que sofreu grande influência de Marx, Sartre, Lukács e Florestan Fernandes.[44] É bisneto de um governador de Goiás e neto de marechal, filho de um general, advogado e deputado.[45] Passou oito anos de seu governo “encenando que brigava com o MST, ao mesmo tempo que alimentava o movimento com gordas verbas e todo tipo de proteção.”[46] Só exigiu que a força do Estado - e até do Exército - se movesse em defesa do direito de propriedade quando o MST ocupou a sua fazenda, em Buritis.
Marta Suplicy, mesmo antes de ingressar na vida pública, não fazia compras em supermercados “nem morta”; ela treinava copeiras e cozinheiras a ponto de se dar ao luxo de nem sequer entrar na cozinha.[47] No final de 2002, estava se preparando para mudar-se com o “namorado” argentino para a casa ocupada pelo ex-marido, Eduardo Suplicy, avaliada em 2,5 milhões de reais - uns 694.400 dólares.[48] Outros detalhes de sua vida nada proletária são bem conhecidos do público.
O então senador José Paulo Bisol (PSB), candidato a vice-presidente na chapa de Lula em 1989 era proprietário da fazenda São Vicente da Direita, com 1.097 hectares, em Buritis, e outra em Unaí, ambas em Minas Gerais.[49]
Leonel Brizola possuía em 1986 um patrimônio avaliado em dois milhões de dólares, representado principalmente por duas fazendas no Uruguai (El Repecho e La Tala de Yi), com 3.181 hectares, onde criava sete mil ovelhas.[50] Com razão um adversário perguntou: “Como pode um dos maiores latifundiários do Sul do País falar em acesso à terra por meio da posse?”[51] Seu candidato a vice-presidente, em 1989, detinha um patrimônio que, só em poupanças, chegava a 37,6 milhões de cruzeiros novos, cerca de 13,6 milhões de dólares.[52] Mais tarde, em 2001, a revista Veja publicou reportagem, sustentando que sua propriedade uruguaia valia 4,5 milhões de dólares; o rebanho estimado era de 16 mil cabeças ¾ 6 mil bois e 10 mil ovelhas. Além disso, recebia três aposentadorias: 5.600 reais como ex-governador do RGS, 6.175 reais como ex-governador do Rio e 980 reais por ter sido duas vezes deputado federal, num total mensal de 12.755 reais,[53] na época cerca de 4.850 dólares.
Experimente alguém reunir quinhentos anticomunistas para um evento, numa capital brasileira; os obstáculos financeiros serão quase intransponíveis. No entanto, um dos últimos eventos do Forum Social Mundial reuniu em Porto Alegre 100.000 pessoas, de 121 países e 5.500 ONGs.[54] De algum misterioso lugar vieram passagens, hotéis e refeições para essa multidão enorme...
Basta de exemplos da “pobreza” da esquerda, meu leitor. E agora, com licença, que como bom “milionário” da direita, vou dar minhas suadas aulas...
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* Se preferir, leia o texto no endereço:
http://www.ternuma.com.br/mentira2.htm
Uma versão preliminar deste artigo foi publicada na Gazeta do Povo, Curitiba, 01-03-1987, p. 6.
[1] STALLYBRASS, Peter. O casaco de Marx: roupas, memória, dor. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 69. “(...) he married the beautiful Jenny von Westphalen, daughter of an aristocratic, wealthy, feudal German familiy.” (DIMONT, Max I. The indestructible Jews. New ed. New York: New American Library, 1973. p. 376)
[2] PADOVER, Saul K. Karl Marx: an intimate biography. (Abridged edition). New York: New American Library, 1980. p. 20, 72 , 75 e 271.
[3] GARAUDY, Roger. Toda a verdade. Rio: Civilização Brasileira, 1970. p. 31.
MAYO, Henry B. Introdução à teoria marxista. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1966. p. 31.
PADOVER, Saul. Op. cit. 94.
“O único período em que Marx teve qualquer emprego fixo foi de 1852 a 1861, quando trabalhou como correspondente do New York Tribune.” (HOOVER, J. Edgar. Estudo sobre o comunismo. Belo Horizonte: Itatiaia, 1964. p. 34).
[4] STALLYBRASS, Peter. O casaco de Marx: roupas, memória, dor. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 74, 94 e 289.
[5] PADOVER, Saul K. Op. cit. p. 115.
[6] PADOVER, Saul K. Op. cit. p.7.
[7] KROPOTKINE, P. Em torno de uma vida. Rio de Janeiro: José Olympio, 1946. p. 41.
Increvables anarchistes. Disponível em <http://increvablesanarchistes.org/articles/biographies/kropotkine_pierre.htm>; acesso em 20-10-2003.
[8] COURTOIS, Stéphane et alii. O livro negro do comunismo. Rio de Janeiro: Bertrand, 1999. p. 722.
[9] WOOLLEY, Barry. The Darwin/Trotsky connection. Disponível em <http://www.answersingenesis.org/home/area/magazines/docs/v23n2_trotsky.asp>; acesso em 16-05-2004.
[10] Morre o stalinista Malenkov. O Estado de São Paulo, 02-02-1988.
[11] CABRAL, Antônio. As revoluções não se fazem com semideuses. O Estado de São Paulo, 07-09-1986.
[12] BOSCOV, Isabela. O maior sanguinário. Veja, nº 1931, p. 124, 16-11-2005.
[13] Veja, nº 1158, p. 44, 28-11-1990,.
[14] GATTAI, Zélia. Anarquistas, graças a Deus. Rio de Janeiro: Record., s/d. p. 13.
[15] Sarte: Auto-retrato aos 70 anos. Manchete, nº 1212, p. 104-111, 12-07-1975.
[16] CHRISTO, Carlos Alberto L. de [Frei Betto]. Fidel e a religião. 15. ed. São Paulo: Brasiliense. p. 96-97.
[17] GUEVARA, Ernesto Che. Textos políticos e sociais. São Paulo: Edições Populares, 1981. p. 95.
[18] PÉREZ, Carlos Tablada. El marxismo del Che. El economista de Cuba (Edición on line). Disponível em < http://www.eleconomista.cubaweb.cu/2006/nro282/282_895.html >; acesso em 29-12-2006.
[19] A trágica utopia de Allende, o revolucionário. Veja, nº 263, p. 48-49, 19-09-1973.
[20] MACFADEN, Robert D. Aristocrata convertido ao socialismo. O Estado de São Paulo, 02-03-1986, p. 3.
[21] Berlinguer, o “surdomuto”. Veja, nº 405, p. 37-39, 09-06-1976.
[22] AUGELLI, Marielza. Senador mais rico na Itália é do PC. O Estado de São Paulo, 09-03-1988, p. 9.
[23] COLLIER, Richard. Duce! Ascensão e queda de Benito Mussolini. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, s/d. p. 85.
[24] REALI JÚNIOR. Conflito no PS aguarda o gabinete de Rocard. O Estado de São Paulo, 12-03-1988.
[25] EMEDIATO, Luiz Fernando. Pinochet vence. Isso é bom. O Estado de São Paulo, 22-11-1981.
[26] NEPOMUCENO, Eric. Até que caia Pinochet. Veja, São Paulo, nº 625, p. 3, 27-08-1980.
[27] AMADO, Jorge. Navegação de cabotagem. Rio de Janeiro: Record, 1992. p. 469.
[28] MORAIS, Fernando. Olga. 8.ed. São Paulo: Alfa-Ômega, 1986. p. 18.
[29] NATALI, João Batista. Aos 88, Prestes mantém idolatria pela União Soviética. Folha de São Paulo, 04-05-1986. p. 14.
[30] João Goulart [1918-1976]. Veja, nº 432, 15-12-1976.
[31] Cr$ 3 bilhões para Noé. O Estado de São Paulo, 16-09-1984.
[32] Termina o processo do filho de Jango. O Estado de São Paulo, 17-08-1988.
[33] Gente. Veja, nº 601, p. 12, 12-03-1980.
[34] Filho de Goulart não vai à Assembléia mas recebe. O Estado de São Paulo, 23-05-1986, p. 2.
[35] Radar. Veja, 20-04-2988. p. 39.
[36] Sérgio Buarque de Holanda [1902-1982]. Veja, nº 713, p. 123, 05-05-1982
[37] TOURINHO, Luiz Carlos Pereira. Respingos. Gazeta do Povo, Curitiba, 27-09-1987.
[38] O Estado de São Paulo, 26-11-1987.
[39] Gazeta do Povo, Curitiba, 17-09-1979.
[40] Radar. Veja, nº 599, p. 23, 27-02-1980.
[41] GOERTZEL, Ted. Still a Marxist. Disponível em <http://www.brazzil.com/blaapr97.htm> Acesso em 03-10-2003.
[42] Perspectivas do governo Lula. Revista Enfrentamento, nº 1, fev. 2003. Disponível em <http://www.enfrentamento.hpg.ig.com.br/enfrentamento1html.html>; acesso em 07-10-2003.
[43] HENRIQUES, LUIZ Sérgio. As idéias fora do lugar. Disponível em <http://www.artnet.com.br/gramsci/arquiv8.htm>; acesso em 07-10-2003.
[44] Depoimento. Língua e Literatura. São Paulo, v. 10-13, p. 168-169, 1981-84, (Número comemorativo).
[45] Idem, p165.
[46] ALENCASTRO, Cid. Mais um violento golpe contra a propriedade agrária. Catolicismo, fevereiro 2003. Disponível em < http://www.tfp.org.br/Secoes/Colunas/Cid/2003/02/01/RefAgraria-FHC-Kerenski/RA-Kerensky.htm>; acesso em 15-10-2003.
[47] Marta, feminista e “brigadora”. O Estado de São Paulo, 15-11-1985.
[48] Veja, 04-12-2002.
[49] ROLDO, Deonilson. Bisol emprega agricultores sem carteira assinada. Folha de São Paulo, 26-11-1989, p. B-4; O Estado de São Paulo, 26-08-1989.
[50] Fazendas de Brizola no Uruguai valem US$ 2 mi. Jornal do Norte, Apucarana, 03-09-1989. p. 3.
[51] O Estado de São Paulo, 06-07-1982.
[52] O Estado de São Paulo, 26-08-1989.
[53] Mais detalhes sobre sua fortuna em Veja, 07-11-2001, ou no site: http://veja.abril.com.br/071101/p_042.html
[54] NUNES, Thayana de Almeida. FSM: Um outro mundo é possível. Littera, Londrina, nº 3, p. 5, fevereiro de2003. O jornal comunista A Classe Operária cita dados até mais vultosos: “O último FSM contou com mais de 100 mil participantes, de 156 países e 5.717 organizações.” (PRESTES, Ana Maria. O Brasil te espera em Belo Horizonte. Disponível em <http://www.vermelho.org.br/classe/233/forum.asp#Planeta fêmea>; acesso em 08-11-2003)
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