sexta-feira, 28 de setembro de 2007

HOJE COMO ONTEM!

Hoje, como Ontem!

Cel.-Av. Luís Mauro
Em 10 de abril de 2007

– Estado de São Paulo: Controladores se amotinam e fecham os aeroportos do país;

– Folha de São Paulo: Motim de controladores de vôo pára aeroportos – Militares passam o dia aquartelados e em greve de fome e suspendem decolagens;

– Jornal do Brasil: Motim: Controladores de vôo fecham todos os aeroportos brasileiros – Omissão de Waldir Pires provoca colapso no país;

– O Dia: Passageiros viram reféns em motim de controladores – Greve de militares provoca colapso em aeroportos e bloqueia decolagens – Acordo só saiu de madrugada;

– O Globo: Motim aéreo pára o País – Vôos nacionais são suspensos e os internacionais, desviados, após greve de militares inéditas desde 1964 – Não confiamos nos nossos equipamentos e não confiamos nos nossos comandos! dizem os rebelados;

– Tribuna da Imprensa: Controladores param aeroportos – Operadores do trafego aéreo dizem que não confiam nos equipamentos nem nos Comandos.

As manchetes acima, constantes da primeira página das edições de 31 de março, dos principais jornais do País, nos mostram que, unanimemente, os meios de comunicação reconhecem a existência de motim, de rebelião, de greve de militares por trás do caos que se abateu sobre no controle do espaço aéreo brasileiro, às vésperas da Semana Santa.

Para que dúvida não ficasse, quase todos esses periódicos publicaram, com ligeiras variações de ângulo de tomada, fotografia em que militares fardados, sentados no chão, mostram-se em flagrante desafio às ordens de seus chefes para que voltassem ao trabalho.

Motim

Controladores de vôo rebelados tomam instalações do SIVAM, em Manaus: greve de fome para exigir mudanças do governo.


Fotografia e legenda: Estado de São Paulo, 31/03/2007.


Ao contrário, o governo vem, desde o início, tratando a crise como se fosse, “simplesmente”, um caso de reivindicação salarial. Esqueceu-se, porém, de que militares da ativa são proibidos de fazer essa ou qualquer outra reivindicação.
Mas isso não se deu por acaso. Há toda uma orquestração para ferir, profundamente, as Forças Armadas, destruindo-lhes os pilares em que se sustentam, a Hierarquia e a Disciplina. Esse processo insidioso culminou, quando o presidente da República, em viagem ao exterior, a bordo de aeronave da Força Aérea Brasileira, segundo disse, proibiu o Comandante da Aeronáutica de resolver, militarmente, a insubordinação de militares controladores de vôo, atribuindo ao Ministro Paulo Bernardo a responsabilidade de “negociar” com os grevistas.

Este, mais um que nada entende de Força Armada, revelou-se, ainda, um péssimo negociador, pois cedeu a todas as reivindicações dos rebeldes, prometendo que haveria aumento salarial, assegurando que o serviço seria “desmilitarizado” e garantindo que não haveria punições.

Entrevistado, saiu-se com esta pérola: “Houve quebra da hierarquia, sim, mas era a única coisa que se poderia fazer, e eu somente negociei com os militares, porque o Comandante não poderia fazê-lo com os seus subordinados”.

Realmente, comandantes não negociam com subordinados, mas ninguém mais o poderia fazer por eles, sem que se quebrasse, além da Hierarquia, também, a Unidade de Comando, tornando o fato ainda mais grave. Resta, portanto, apenas a confissão da quebra da Hierarquia.

De volta ao Brasil, consciente da inconseqüência dos seus atos, ameaçado de processo por crime de responsabilidade, pelo presidente do Clube de Aeronáutica, e vendo-se diante da reação enérgica dos Comandantes Militares (particularmente, o da Aeronáutica), respaldados pelo apoio quase unânime de todas as Instituições castrenses, percebeu que, na ânsia de desmoralizar as Forças Armadas, havia-se colocado em “cheque-mate”. Qualquer das duas opções que lhe restavam – honrar a palavra empenhada e enfrentar a pior crise de seu governo, que talvez lhe custasse o mandato, ou negar o dito e desmoralizar-se – seria catastrófica para uma pessoa séria, mas, para o presidente, foi muito fácil. Bastou usar a velha técnica, já exaustivamente testada, de negar o que todos sabem, dizer que não disse o que disse, alegar que nada viu, que nada sabia, que foi traído, apunhalado nas costas pelos militares amotinados, militares esses que, até muito pouco tempo, eram manipulados, como inocentes úteis, em proveito dos propósitos furtivos do grupo palaciano.

Esse comportamento conta, para prosperar, com a memória fraca dos brasileiros que só se lembram da última versão difundida pela propaganda institucional.
Mas não permitiremos que isso aconteça. Vamos refrescar a vaga lembrança que ainda resta nos nossos cidadãos.

O presidente não foi surpreendido por essa crise em pleno vôo, como declarou. Ele já vinha sendo usado, freqüentemente, no processo instalado em seu governo para esvaziar as Forças Armadas, não tendo sido o seu último desatino um fato isolado.

Para fundamentar o que dissemos, transcreveremos, abaixo, o trecho do artigo intitulado “Negociação entre Comandante e Comandados”, que escrevemos em 8 de dezembro de 2006:

São grandes as evidências de que não se quer resolver o problema (da crise no controle do espaço aéreo), mas, simplesmente, desgastar o referido Comandante (ainda o Ten.-Brig. Luiz Carlos da Silva Bueno), quem sabe, para atingir objetivos escusos, como a desmilitarização da atividade, que proporcionem ao partido do governo novas fontes de desvio de recursos.

Eis algumas dessas evidências:

– a permanência do ministro da Defesa no cargo, apesar de seu comportamento esdrúxulo ter potencializado as nefastas ocorrências no sistema de controle de tráfego aéreo, aumentando-lhes a gravidade e a duração;

– a designação da ministra Dilma Rousseff – que, certamente, não tem boas relações com os militares, nem a isenção imprescindível ao trato do caso – para presidir o grupo de trabalho que, supostamente, deveria procurar a solução de um problema sobre o qual, além do mais, ela nada sabe; (...).

Mas tudo isso se torna pequeno, quando se lê a matéria de Kennedy Alencar na Folha de São Paulo, de 8 de dezembro, da qual extraímos o seguinte trecho:

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao comandante da Aeronáutica, Luiz Carlos Bueno, que ceda aos controladores de vôo e que negocie uma solução para a crise no setor aéreo. Para Lula, o governo perdeu a batalha contra os controladores”.

Agora, não se trata mais de um ministro da Defesa perdido que dialoga com militares em greve ilegal e criminosa (...), mas é o próprio presidente da Republica quem determina a um comandante militar que “ceda e negocie” com seus comandados insubordinados, respaldando, assim, a irresponsabilidade de seu ministro da Defesa.

Presidentes não devem dar ordens absurdas ou inconstitucionais, nem Comandantes podem negociar com comandados. Se isso vier a ocorrer, já não haverá mais presidente, nem comandante, nem Força Armada, nem militares. Quando muito, talvez haja sindicalista, patrão, empresa e empregados.

Como se pode ver, o presidente não foi surpreendido agora, como também não o havia sido em dezembro. Tampouco, foi novidade a idéia de negociar com militares insurretos. Já, naquela época, as ações presidenciais eram totalmente coerentes com as medidas que, recentemente, tomou a bordo do avião.

O fato novo foi a reação uníssona dos militares, que, finalmente, consideraram que as hostilidades às Forças Armadas já tinham ido longe demais, e era preciso por fim ao estímulo governamental à indisciplina.

Assim, esse triste espetáculo pode ter sido muito benéfico. Que ele sirva para demarcar uma nova fase na vida dos militares. Que os dias de reclusão se tenham terminado. Que o 31 de março seja comemorado, não somente como o aniversário da redentora Revolução de 1964, mas, também, como o dia em de os militares estabeleceram os seus novos limites e recuperaram a voz.

Os velhos adversários do País, de quarenta e três anos passados, escolheram a dedo o dia para tentar a nossa desmoralização final. Usaram a mesma arma de outrora – fomentar a Indisciplina e quebrar a Hierarquia – e uma vez mais, fracassaram.

Mas eles não desistem nunca. São, simplesmente, covardes. Quando percebem que há resistência, param e fingem que houve, apenas, um mal entendido, enquanto esperam condições mais convenientes para voltar à carga. Enfrentar de peito aberto, jamais.

É triste que a idade avançada não tenha trazido maturidade ao ministro da Defesa, que foi figura central, tanto em 1964, quanto em 2007.
Esperamos que, finalmente ele seja demitido, uma vez que, se a sua presença no Ministério já era muito incômoda, depois dos últimos acontecimentos, tornou-se inaceitável.

E, se o presidente insistir em nomear, para substituí-lo, militantes políticos contaminados por convicções ideológicas estranhas às tradições das Forças Armadas brasileiras, como o deputado Aldo Rebelo ou o ex-presidente do STM, Nelson Jobim, entre outros sempre insinuados, quando se fala em troca de ministro da Defesa, estará, meramente, perpetuando as crises militares, que se tornarão cada vez mais graves.

É preciso que tenhamos consciência de que eles se agigantaram a ponto de tentar nova ofensiva contra a Hierarquia e a Disciplina, exclusivamente pela nossa omissão, que finalmente chegou ao fim.

Permaneçamos atentos, antecipando-lhes os próximos movimentos para impedir que se rearticulem.

Os primeiros passos nesse sentido já estão sendo dados. Como em casos anteriores, sempre que o presidente ou o seu partido se vêem em situação difícil, logo, surge, do nada, um instituto de que divulga, contrariando toda a lógica política, pesquisa que lhes infla os índices de aprovação, para, não somente, desviar a atenção das acusações, como também, para aparentar uma legitimidade que não têm.

Paralelamente a isso, as emissoras de televisão vêm noticiando, com grande insistência, que a OAB aceitou pedido do Sindicato dos Controladores de Vôo para intermediar as “negociações” com o governo. Segundo os anúncios, ainda, a OAB vai propor uma auditoria no sistema e a “desmilitarização” do setor. Para tanto, já teria agendo um encontro com, o ministro Paulo Bernardo, que, supostamente, nada mais teria com o caso, depois que o presidente o afastou das negociações que nunca deveriam ter ocorrido, e para as quais jamais deveria ter sido designado.

A técnica é conhecida. Trata-se de voltar a discutir, com novos interlocutores, se necessário, tudo o que já fora decidido antes, como se nenhum compromisso tivesse sido assumido.

Não podemos permitir que isso aconteça. Está na hora de endurecermos as nossas posições para impedir que, por preconceito, por ignorância ou por outros interesses inconfessáveis, pessoas irresponsáveis venham a destruir um bem sucedido trabalho, de décadas, da Aeronáutica brasileira.

Basta! Já chega o desmonte praticado no DAC e na INFRAERO.

Não podemos aceitar que assunto tão sério seja tratado com tamanha irresponsabilidade.Consolidemos os novos limites. E que sejam estreitos! Fizemos um juramento e temos uma Missão a cumprir. Com o governo, ou apesar dele.

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