"Medo, horror e indignação"
Por Otacilio Alcantara
PONTO DE VISTA/Ordem social
Certa ocasião um bebado estava dormindo caido na sarjeta quando um garoto travesso, quase delinquente, num ato de vandalismo encheu-lhe o bigode de "cocô". Quando recobrou os sentidos e acordou sentiu o mau cheiro caracteristico, vistoriou a roupa, a sola dos sapatos e não viu nada, pois, o mal estava bem debaixo do seu nariz. Tratou, então, de sair dali. andou e continuou sentindo o mau cheiro. Virou a esquina, outra, outra e o mau cheiro persistiu incomodando. Olhou novamente a roupa e os sapatos e não conseguiu ver nada, donde, resmungando, pela infestação que o perseguia e incomodava, blasfemou:"cagaram no mundo"!
Os brasileiros estão passando por uma situação muito parecida, não por infestação de "cocô" nos bigodes, mas pela generalização do crime país afora (ou seria pais a dentro?), em todas as escalas, em todos as classes, em todos os setores, de todos os gêneros e de toda ordem. Perdeu-se o controle e por onde andamos ou para onde vamos, a criminalidade está presente. Grassa numa velocidade surpreendente, em volumes cada vez maiores, em pontos diferentes e n'alguns nunca dantes imaginados. Nos encarcera, nos rouba, nos furta, nos encurrala, nos envergonha e nos decompõe, além de nos atemorizar. Por mais que olhemos as roupas e os sapatos, lá está a criminalidade nos perturbando, pois, a sociedade está impregnada dela em seu seio.
A população está acuada, mesmo já sendo(????) uma minoria a parte sadia e não envolvida com algum tipo de crime. São os "pés-de-chinelos" que roubam, matam, traficam e aterrorizam por todos os cantos, em todas as cidades e até no campo, principalmente nas periferias dos grandes centros urbanos; é a classe média que se deteriora a passos largos premida que está pelas dificuldades e pelos espelhos sociais, pelo consumismo massacrante, prostituição exacerbada, tráfico seletivo de entorpecentes, decadência e decomposição dos seus valores; é a classe alta e poderosa que pratica crimes maiores e os chamados crimes do colarinho branco, protegida que se sente pelas disparidades e com a proximidade com o poder, facilidade nas ações, insuspeição social e motivada que é pela ambição e pelo "status". É tão grande os descaminhos que nem sobram lugares e nem posições imunes à estes maus comportamentos. Pelo que se vê, espalhou-se de alto a baixo, linearmente, que até dá medo.
Temos crimes políticos danosos, e o que é pior, os crimes praticados pelos políticos que fazem corrupção, roubam os cofres públicos, desviam verbas, aliando-se aos criminosos e aos lobistas, fragilizando a democracia, envergonhando os poderes, humilhando o eleitor, sufocando as liberdades e encurtando a ordem. Tem os pseudos-empresários e os empresários mal intencionados que usam dessa capitalista atividade tão salutar para ter poder, chegar nele, usufruir dele e participar das patifarias, roubar o tesouro, sangrar a economia, solapar os orçamentos públicos, conturbar os concorrências, maltratar o povo, sacrificar a todos e encher as contas em paraisos fiscais. É um horror!
A justiça, que sempre se manteve mais ou menos a salvo desse submundo, mesmo os seus agentes afrontando à nossa inteligência, à população empobrecida e à realidade do país com altos salários e arábicas mordomias, ultimamente faz parte, cotidianamente, dos noticiários policiais. São juizes, desembargadores, ministros(?) de tribunais maiores e funcionários menores envolvidos em ações criminosas, vendendo sentenças, burlando a lei, protegendo crimes e criminosos, e enfraquecendo a sociedade que fica sem ter a quem recorrer, a não ser reclamar p'ro Bispo. É grave demais a sucumbência da justiça, dos servidores da justiça e dos descaminhos dela. Ela já não é mais tão cega assim, e causa indignação.
Pelo visto e pelo que se pode ver, a sociedade está ficando podre. Pesquisas são divulgadas e nos dão conta de que ninguem mais confia em ninguem, a não ser nos bombeiros como instituição e na Igreja como instrumento da fé. É uma decepção generalizada, tal como generalizada está a criminalidade. Não há mais paz, sossego, esperança, crença ou ilusão. Tudo decepciona, agride, violenta e nos faz reféns da situação.
A imoralidade cresce vertiginosamente, mesmo que isto faça parte dos tempos modernos; a prostituição se alastra com muita naturalidade; a mulher se envolve cada vez mais; o homem desbrilha; a violência amedronta; os costumes falseiam; os valores se perdem;e a ordem se desorienta. Os rumos ficam sem norte, as regras perdem o porte, Deus fica distante e até esquecido, enquanto a fome, a saúde, as migalhas, os pequenos favores governamentais, os interesses duvidosos e a mesquinhêz se interpõem entre nós e Ele que um dia haverá de nos cobrar, e aí haverá ranger de dentes, choro e lamurias, conforme está escrito na Bíblia."Tudo passará, mas a palavra de Deus não passará".
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