sexta-feira, 28 de setembro de 2007

CARTA AO COMANDANTE DA PM DO RJ

Carta ao Comandante da PM do RJ
Por Claudio B Ferreira

Ilustríssimo Senhor CEL PM UBIRATAN DE OLIVEIRA ANGELO

MUI DIGNÍSSIMO Comandante Geral

Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro


Sr Cel Comandante Geral,


Mais uma vez, é rotineiro, bravos SDs PM dessa Corporação são assassinados por bandidos.

Expostos estavam às vítimas ao assédio da escória assassina.

Solicito a V.S., por si ou por Assessores, informar.

O local perigosíssimo era desconhecido por esse Comandante?

Se não, solicito informar a causa de apenas dois e somente dois Sds estarem estacionados, aguardando ser mortos, condição imposta por esse Comandante.

Solicito informar por que as viaturas da Corporação não são blindadas a fim de dar um mínimo de segurança aos bravos soldados?

Se há falta de verba, o que esse Comandante tem feito para convencer o governador e o SSP/RJ a liberar recursos para evitar mais assassinatos de Soldados.

E assim tem procedido esse Comandante, sem qualquer êxito, parece ser a hora de passar o cargo a alguém com maior poder de convencimento. Homens honrados assim procedem.

O governador, exaustivamente, reclama Força Federal, o que bastaria a quem que não tem apego a cargos entregar o Comando a alguém com mais poder.

Assassinatos rotineiros em troca de cargo é desumano,é cruel, é perverso, é injusto, Sr Comandante.

Cordialmente,
Pelo menos 30 tiros mataram a dupla de policiais que patrulhava esquina onde carro da mãe do menino foi levado.

Por: Marco Antonio Canosa (O DIA - 2/05/07)

Rio - Dois policiais militares foram assassinados, ontem à noite, na esquina da Rua João Vicente e a Estrada Henrique de Melo, em Oswaldo Cruz — mesmo local onde, em fevereiro, bandidos roubaram o carro da mãe do menino João Hélio Fernandes, de 7 anos, que foi brutalmente assassinado ao ser arrastado, preso ao cinto de segurança, por sete quilômetros. A pedido dos moradores, preocupados com a insegurança na região, a patrulha reforçava a presença no local desde a tragédia.

A execução dos policiais ocorreu por volta das 20h, quando os dois iniciavam o plantão. Os soldados Marco Antônio Ribeiro Vieira e Marcos André Lopes da Silva, lotados no 9º BPM (Rocha Miranda), estavam na patrulha quando o veículo foi cercado pelos criminosos e atingido nos quatro lados por pelo menos 30 disparos. No local, peritos recolheram cápsulas de fuzil 7.62 e pistola 9 milímetros. Os tiros perfuraram os coletes à prova de balas dos policiais. Um dos soldados chegou a ser socorrido por um taxista. Marco Antônio morreu no local. Marcos André foi levado para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, mas não resistiu aos ferimentos.

ARMAS ROUBADAS

Seis homens teriam saltado de três carros — dois identificados como um Astra e um Toyota Corola — a poucos metros da patrulha e começado a disparar contra os PMs. Testemunhas afirmam que os criminosos fugiram em direção a Madureira. Carregando os fuzis e as pistolas dos policiais, os assassinos saíram atirando para o alto em comemoração.

Os soldados estavam no 9º BPM há dois meses, para onde foram transferidos com a extinção do Grupamento Especial Tático Móvel (Getam).

O clima na rua era de revolta entre moradores e até policiais militares. Um PM que não quis se identificar falou sobre o medo constante de patrulhar a área: “Quero que chamem os comandantes que ordenaram que essa viatura ficasse aqui exposta. Todos sabiam que eles poderiam ser mortos”.

A decisão de colocar patrulha no local foi tomada depois da repercussão da morte de João Hélio. No local, há homenagens ao menino: cartazes colados em poste e parede e uma cruz fincada num gramado. No asfalto, ao lado de onde a viatura estava parada, havia frase pintada comemorando o Dia do Trabalhador.

Moradores contaram que, na noite de domingo, um grupo armado passou pela esquina e disparou contra patrulha da PM, mas ninguém foi atingido.

O caso foi registrado na 30ª DP (Marechal Hermes). O delegado Hércules Nascimento esteve no local do crime e disse que ainda é cedo para saber qual foi o motivo do crime. “Vamos tentar localizar testemunhas para desvendar mais esse assassinato bárbaro”, afirmou.

HÁ TRÊS MESES, LADRÕES MATARAM MENINO

Cruz fincada na esquina da Estrada Henrique de Melo e Rua João Vicente lembra a moradores, motoristas e pedestres que aquele ponto de Oswaldo Cruz foi palco de uma das mais brutais e covardes ações de bandidos no Rio. Em 7 de fevereiro, Rosa Cristina Fernandes Vieites levava os filhos, João Hélio e Aline, de volta para casa no Corsa da família, quando dois homens armados os renderam e os obrigaram a sair.

Rosa e Aline saltaram do carro, mas o pequeno João ficou preso ao cinto de segurança do banco traseiro, e a mãe não conseguiu soltá-lo. Os ladrões arrancaram com o veículo e arrastaram o garoto por sete quilômetros. O menino morreu nos primeiros metros, de traumatismo craniano. O veículo foi abandonado minutos depois.

Foram presos Diego Nascimento da Silva,18; Carlos Eduardo Toledo Lima, 23; Thiago Abreu Matos, 19; e Carlos Roberto da Silva, 21, além do menor E, que poderá ficar três anos internado.


Associação de PMs quer Estado de Defesa no Rio

Fonte: O DIA (2/05/2007)

A Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae) divulgou nota na manhã desta quarta-feira em protesto pela morte dos dois policiais militares, na Zona Norte, na noite desta terça-feira. Em seu texto, o presidente Melquisedeque Nascimento aproveita para defender a criação do Estado de Defesa, no qual todas as polícias seriam unificadas.

Confira a íntegra do documento:

"A Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae) vem a público se manifestar sobre o assassinato de dois policiais militares, os soldados Marco Antônio Ribeiro e Marcos André Lopes, ocorrido por volta das 20h desta terça-feira, no mesmo local onde foi barbaramente assassinado o menino João Hélio, bem como se pronunciar sobre fatos que demonstram o quanto caótica está a questão da segurança pública em nosso país.


Os policiais estavam em uma viatura, portando fuzil e pistolas, fazendo a segurança da população, quando foram mortos com tiros de fuzis que lhes furaram os coletes balísticos, disparados por cerca de seis bandidos em três veículos roubados. Trata-se de um ataque a legítimos representantes do Estado Democrático de Direito, pondo em risco o regime democrático no país. Quando

profissionais de segurança pública, portando fuzis, que são armas de guerra, não conseguem se proteger, comprova-se que chegamos ao ponto máximo que uma sociedade pode suportar.


Este ano já chegamos à assombrosa cifra de 50 policiais mortos no estado do Rio de janeiro, fato que já está sendo analisado inclusive pela OEA (Organização dos Estados Americanos), provocados por esta entidade, quando solicitamos que o Governo Federal seja notificado sobre o desrespeito aos direitos humanos dos policiais no Brasil.


É motivo de alerta para o povo brasileiro os fatos conexos que ocorrem com o assassinato dos dois policiais militares no Rio de janeiro. Hoje o STF (Supremo Tribunal Federal) julgará ações contra o Estatuto do Desarmamento , em um total de dez representações, a maioria em defesa da liberdade de utilização de armas de fogo por parte de cidadãos de bem para sua defesa. O que mais nos chama a atenção é o fato de que uma das ações contrária ao SINARM (Sistema Nacional de Armas), criado em 1997, cuja principal atribuição é autorizar ou não a compra de armas de fogo por cidadãos honestos, só agora em 2007 será julgada, ou seja, dez anos após, o que é um símbolo contundente de como as questãos relativas à segurança pública são tratadas no Brasil. A falta de celeridade na questão da proteção do direito à vida do cidadão cumpridor dos seus deveres neste país está se tornando um insulto a nossa cidadania.

No dia anterior ao assassinato dos PMs em questão, a sociedade fluminense foi surprendida com duas notícias mais do que absurdas:

a primeira é sobre o furto do veículo usado na escolta do prefeito César Maia do Rio de janeiro. Para cúmulo dos males, em seu interior havia um fuzil AR-15 da PM, sob a responsabilidade de dois sargentos PMs, seguranças do prefeito. O veículo e o fuzil foram furtados, porque os sargentos foram almoçar e deixaram a arma no interior do veículo, resultando este ato de irresponsabilidade em mais um armamento de guerra nas mãos dos bandidos. Entretanto, ficou claro para a sociedade o quanto alguns profissionais da área de segurança pública estão descompromissados com a proteção do cidadão.

A outra notícia que torna ainda mais cristalino esse descompromisso, é que dois cidadãos foram vítimas de roubo por meliantes e, ao serem levados por PMs a uma delegacia policial da zona oeste do Rio, para o devido registro da ocorrência, ficaram nove horas na DP, como também ambos os PMs que os acompanharam. Portanto, devido a esse modelo arcaico de sistema policial de duas instituições policiais, a sociedade ficou com menos policiais para fazer a sua segurança. Urge reformar esse modelo de sistema policial! Precisamos de uma polícia única nos estados.

Finalizando, temos os jornais de hoje noticiando o lançamento, amanhã de um relatório sobre violência no

Brasil por parte da ONG Anistia internacional, a qual profere duras críticas aos nossos governantes - porém continuam na mesma cantilena, pregando a plenos pulmões contra os veículos blindados da polícia, conhecidos por caveirão, o qual reduziu em mais de 50% o número de policiais mortos em serviço no estado, pois no Rio de janeiro coletes balísticos não protegem policiais.

Os membros da Anistia Internacional, desconhcendo que o banditismo daqui é de narcoterrorismo, totalmente diferente do banditismo dos EUA e da Europa, verborragiam sem irem ao ponto central da questão, que é citar que estamos em um estado de guerra civil não declarada, que está fragilizando paulatinamente o estado de direito no Brasil, cujas propostas reais de solução para o problema devem ser duras, sem ferir a democracia, enquanto há tempo, razão pela qual defendemos a urgente decretação do estado de defesa no Rio de janeiro, pois somente com a questão da segurança pública submetida à autoridade total e irrestrita das Forças Armadas o problema começará a ser remediado.

Trata-se de um remédio estabelecido no Art 136 da Constituição Federal, portanto totalmente democrático. A demora em enfrentar essa questão no Brasil, chegando-se ao absurdo de dez anos para tomadas de decisões é que tem permitido aos narcoterroristas se fortalecerem,transformado nosso país em uma terra sem lei.

Diante dos imbróglios supracitados, só nos resta reivindicar : Estado de defesa já!"

Melquisedeque Nascimento

Presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae)

Retrato de uma guerra urbana

Número de pacientes baleados no Hospital Albert Schweitzer aumentou 290% entre meses de março e abril

Por Alexandre Caroli e Vania Cunha (O DIA - 2/05/2007)


RIO E CAMPOS - Situado numa área onde traficantes travam confrontos quase diários, o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, registrou em abril aumento de 290% na quantidade de atendimentos a baleados, em comparação ao mês anterior. De acordo com dados divulgados ontem pelo secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, 10 feridos foram socorridos na unidade em março, enquanto no mês passado o número pulou para 39.

Há uma semana, tiroteio entre facções provocou a morte da universitária Juliana Pereira da Silva, que passava de carro na hora, e, domingo, deixou o frentista Francisco Eudes Martins ferido, enquanto trabalhava em um posto de gasolina.Segundo Côrtes, o hospital atendeu 12 baleados em janeiro e 27 em fevereiro. “Dos 88 feridos este ano, 84 foram salvos”, afirmou.

Desde o ano passado, traficantes rivais da Favela do Batan, em Realengo, aliados a criminosos da Vila Vintém, em Padre Miguel, tentam invadir o Conjunto do Fumacê, em Realengo. Durante confronto no domingo, foram lançadas sete granadas, e paredes de casas e prédios ficaram perfuradas. A assessoria da Secretaria Estadual de Segurança informou que vai analisar dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) para traçar estratégia para a região. Os estudos do mês de março ainda não foram concluídos.

SITUAÇÃO DE HOSPITAL


Os dados sobre os atendimentos foram divulgados em entrevista coletiva do secretário e do diretor-geral do Albert Schweitzer, Cesar Fontes. Os dois apresentaram justificativas sobre problemas recentes provocados pela falta de estrutura e de equipamentos na unidade.


Côrtes afirmou que o tomógrafo que está encaixotado há três anos no hospital, conforme O DIA mostrou ontem, será consertado pela Siemmens. A empresa aguarda apenas o pagamento de consertos de outros sete equipamentos. A falta do aparelho obrigou que o frentista Francisco fosse removido para fazer o exame no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande.


Em Campos, o governador Ségio Cabral afirmou, com base em informações da Secretaria de Saúde, que o equipamento seria da fabricante Toshiba e que estaria em funcionamento dentro de 60 dias. Mais tarde, a secretaria admitiu que o aparelho do Albert Schweitzer é da Siemmens. Cabral fez questão de elogiar a direção da unidade. “Eles acabaram com as macas nos corredores”, referiu-se à superlotação da Emergência.


Côrtes disse ainda que o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do hospital terá 30 leitos e anunciou a contratação de novos profissionais e a compra de materiais para a unidade. O secretário afirmou ainda que 25 cirurgiões vasculares já foram convocados para trabalhar na rede e um ficará na Zona Oeste. Mas não está definido se esse profissional ficará no Albert Schweitzer ou no Hospital Pedro II, em Santa Cruz.


Frentista vai abandonar o Rio


Internado desde domingo no Albert Schweitzer, o frentista Francisco Eudes Martins Caxias, 30 anos, baleado no peito durante confronto entre traficantes da Favela do Batan e do Conjunto Fumacê, em Realengo, está traumatizado e vai deixar o Rio. “Eu já pensava em sair da cidade porque está muito perigoso viver aqui. Mas, depois que isso aconteceu comigo, não tenho mais dúvida: assim que me recuperar, assim que minha saúde estiver boa, vou embora o mais rápido possível. Não dá para viver no Rio com essa violência toda. Vou voltar para minha cidade no Ceará”.


Abalado, Francisco recebeu ontem visita de uma psicóloga do hospital, onde se recupera, ainda sem previsão de alta. Se não houver infecção no ferimento, o frentista não precisará de cirurgia, mas terá que passar por nova tomografia — no exame feito domingo, no Hospital Rocha Faria, o laudo não foi emitido. “Quando levei o tiro e fui trazido para cá, não me saiu da cabeça o que aconteceu com a universitária. Tive muito medo de tudo se repetir”, contou.


LONGA ESPERA PARA MÃES E CRIANÇAS


Ontem à tarde, cerca de 50 pessoas — a maioria com crianças pequenas — passaram mais um dia de espera e reclamações sobre atendimento no Hospital Albert Schweitzer. “Estou aqui há uma hora, com meu filho ardendo em febre, e só dizem para aguardar o chamado”, disse Alessandra Vieira Gonçalves, 33 anos, que tentava acalmar o filho, Marcos Vinícius, 6 meses.


Adriana Pestana, 28, cumpria seu segundo dia de vigília no hospital. “Ontem (segunda-feira) fiquei aqui das 10h às 17h com meu marido. Hoje (terça-feira) estou há três horas esperando atendimento para minha filha de 10 anos, sem qualquer informação”, reclamou. Às 14h, uma funcionária, nervosa com a aglomeração de pacientes, pediu às mães que retornassem mais tarde. “Quem estiver com o filho com um pouco de febre é melhor ir para casa, dar um remédio e voltar depois das 22h, quando o movimento é menor!”, aconselhou. “A gente tem que esperar a criança morrer primeiro e voltar depois?”, questionou Maria das Graças Santana, que esperava há três horas com o filho Gustavo, 8 anos.


Depois da chegada de equipe de O DIA, pacientes foram chamados. Porém, muitos disseram que a demora continuaria. “Levam todos lá pra dentro, mas não atendem ninguém! É só para não ficar à vista”, afirmou um ambulante, que não quis se identificar. A auxiliar de serviços gerais Nadja Gomes de Azevedo reclamou que o marido estava internado há 39 dias à espera de cirurgia no ombro. “Os médicos disseram que faltava um fio cirúrgico, que teria chegado semana passada. Mas até agora ninguém deu previsão para a cirurgia. Isso é um descaso. Parece mais uma casa de repouso. Os médicos mandam pacientes ficar em casa no fim de semana, para internar de novo depois”.

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