Professor-Orientador de Mestrado e Doutorado, Pesquisador Social, Consultor Internacional, Escritor, empresário.
Fonte: http://www.escolasempartido.org/index.php?id=38,1,article,2,196,sid,1,ch
EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROMOTOR DE JUSTIÇA
, vem perante Vossa Excelência REPRESENTAR para que sejam tomadas as medidas cabíveis em razão dos seguintes fatos:
Que como munícipe da Cidade de Santos/SP, tem seus filhos matriculados na rede municipal de ensino público, mais especificamente nos anos 3º (terceiro), o mais novo de sete anos e, 6º (sexto), o mais velho de onze anos. Ambos na Escola Municipal Florestan Fernandes, situada na Rua Oswaldo Cochrane.
Que no início do ano letivo de 2008 (dois mil e oito) seus filhos, assim como todas as crianças matriculadas na rede municipal de ensino público, receberam o material didático enviado pelo Ministério da Educação (livros, cadernos, lápis, etc.) as expensas dos recursos públicos.
Que os livros recebidos por seus filhos bem como, acredita-se, todos os alunos da rede municipal de ensino público, contém inúmeras citações ideológicas e inclusive propaganda eleitoral, buscando claramente massificar a ideologia esquerdista, usando de um proselitismo que classifica sórdido, vil e criminoso.
Criminoso, assim o classifica, pois tal proselitismo político e ideológico está doutrinando nossas crianças e lhes roubando a capacidade de sonhar e acreditar que podem ser mais que meros apadrinhados de um estado assistencialista. Note-se que o dito material didático não destaca imagens de profissionais com ensino superior ou liberais de qualquer formação.
Pode apontar os seguintes indícios de veracidade e/ou indicar os meios de prova a seguir descritos:
Do livro de história intitulado “HISTÓRIA E VIDA INTEGRADA”, de autoria conjunta de Nelson Piletti e Claudino Piletti, publicado pela editora Ática (pgs. 11; 12 e 13) pôde destacar:
a) Já na página 9 (nove), em seu capítulo primeiro “Em busca do passado”, o que se vê é uma saudação ao primeiro de maio, data tão festejada por sindicalistas e seguidores de certos partidos políticos de ideologia esquerdista. Inclusive com a clara identificação da organização sindical “Força Sindical” no canto esquerdo da página (pg. 14). O livro deveria abordar a história antiga e não as conquistas trabalhistas.
b) Ao abordar profissões em suas páginas 15 (quinze) e 17 (dezessete), bem como em todo o conteúdo, não há referência a profissionais com ensino superior (pgs. 15 e 16). Como se isto fosse impossível e a única coisa válida fosse a luta pelos direitos dos trabalhadores assalariados sem formação superior.
c) Em sua página 45 (quarenta e cinco) o livro trás o seguinte texto ao abordar as pinturas rupestres: “Em muros e prédios de muitas cidades, especialmente das grandes, é comum vermos numerosos grafites, muitas vezes em locais de difícil acesso, como no alto de edifícios. Ao contrário do que poderíamos pensar, esse tipo de expressão não é nenhuma novidade, pois há milhares de anos os seres humanos costumavam deixar marcas nas paredes das cavernas e nas rochas a céu aberto, como nos informa o texto a seguir.” (pg. 17). Como se pode ver claramente, o autor, não se entende como, traçou um paralelo entre a pintura rupestre de nossos ancestrais e as pichações, que chamou de grafismos, feitas por marginais que se penduram em edificações públicas e privadas para lá deixar suas mensagens indecifráveis. Há claramente um enaltecimento do ato da pichação e, como pichação é crime, o leitor, no caso o aluno do ensino público municipal, é levado a encarar com naturalidade o crime cometido. Desinformação, para não dizer apologia.
d) Em sua página 107 (cento e sete) o livro trás a propaganda político partidária do presidente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA e seu partido PT de maneira aberta e sem qualquer constrangimento. Ao abordar os Gregos o que se vê é a imagem do atual presidente da república segurando a bandeira de nosso país. Onde dever-se-ia ver o ato do sufrágio, identificamos apenas o Sr. Luis Ignácio sorrindo e ostentando na lapela de seu paletó a estrela do PT, partido do qual faz parte (pg. 18). Aqui vale lembrar, estamos em ano eleitoral.
Os demais livros trazem de maneira mais sutil, mas evidente, esta doutrinação ideológica. Inclusive erros grosseiros na ortografia e análise de dados (pg. 19). Cita como exemplo o erro na analise do gráfico no livro Matemática na Medida Certa, onde o autor analisa incorretamente o gráfico dado e não contente incentiva o uso da calculadora, o que julga não ser possível para o exercício proposto, pois os números são muito grandes e não cabem em calculadoras, sugerindo ao aluno fazer a conta de um modo qualquer e depois “AJEITAR” o resultado. Ora o autor parece desconhecer os avanços da tecnologia. Bem como parece desconhecer que a matemática é uma matéria exata que não permite “jeitinhos”.
Várias são as publicações a respeito do assunto e acredita ser pertinente citar algumas aqui:
Educação ou lavagem cerebral? (por Juan Ygnacio Koffler Anazco)
Iniciemos conceituando o termo “educar”: é o ato de preparação do indivíduo para o pleno ingresso ao ambiente social, em termos de preparação para a vida, para o trabalho, para o convívio respeitoso com o seu semelhante, para uma profissão e para o aprimoramento da espécie. Assim, longe da mera transmissão de posturas sociais e de conhecimentos acadêmicos, a educação se reveste de uma missão que transcende a exposição de simples disciplinas, para alcançar o ser humano como um todo, em sua função de célula vital da sociedade.
Como se educa? A priori, a educação se inicia no seio do lar e parte dos pais ou responsáveis pelo ser infante [1] se amplia mediante a inter-relação deste com o seu meio primário, cresce com a aquisição de experiências de vida e se complementa com a absorção de conhecimentos ao largo de toda sua existência, na formação profissional e humana.
O que é necessário para que alguém seja um educador, no sentido estrito ao âmbito da escola? Certamente que uma formação especializada (pedagogia) e continuada, uma sólida formação ética e profissional, humana, uma escala de valores que privilegie princípios genéricos de compartilhamento, humildade, respeito, amor pelo outro, empatia, condescendência, capacidade de transigir, equilíbrio. E, com ênfase especial, uma postura profissional (em sala de aula) neutra, isenta de tendências estranhas àquelas específicas que compõem o processo ensino x aprendizado. Se não for assim, estar-se-á falando não de educação, mas sim de doutrinação.
Neste momento, o leitor pode estar se perguntando: aonde é que este indivíduo quer chegar? Bom, a resposta poderia ser outra pergunta: onde é que se encaixa o Sr. Paulo Coelho, na comitiva do presidente Lula, no ato de oficialização do Brasil como sede da próxima copa mundial de futebol, em 2014? Ambas as questões possuem resposta fundamentada, embora a primeira derive de uma situação de mera curiosidade e expectativa, enquanto a segunda tem mais a ver com o caráter insólito e torpe de uma atitude: o abuso despudorado de poder de um mandatário que cria e mantém uma camarilha de apaniguados, observando um apelo populista deprimente. E isto também é educação, embora mais deseduque que eduque.
Ora, a educação está, inclusive, nesses atos públicos de ostentação desse poder, através do qual o MEC criou verdadeira estratégia de massificação da ideologia esquerdista, adquirindo e distribuindo milhões de livros ostensivamente doutrinários desta e distribuindo-o a alunos da rede pública. Só por este episódio isolado, em meio a tantos outros que podem estar se mantendo solapados da grande imprensa, já se pode ter uma idéia bastante elucidativa de a quantas anda as estratégias de “lavagem cerebral” aplicadas pelos administradores da educação pública em nosso País.
Permitam-me afirmar que a educação, historicamente, sempre se aproximou demais da doutrinação ideológico-partidária, comprometendo e enlameando a sagrada missão de ensinar. Os bancos escolares sempre serviram mais como auditórios manipulados por um palco professoral tendencioso e autoritário, ao invés de assumirem sua verdadeira e precípua função: acomodarem indivíduos sedentos do saber-sem-ideologias, de aprender uma arte ou uma ciência, de se formarem verdadeiros cidadãos do amanhã.
Num curso de doutoramento em Educação Superior que atualmente acontece numa das mais famosas universidades da Argentina, a bibliografia preponderante é de autores como Freire, Bauman, Bunge, Marx e outros que seguem uma cartilha doutrinadora claramente voltada à esquerda, defendendo teorias de uma “sociedade ideal” onde tudo é perfeito, tudo está em seu lugar, todos os seres humanos são estritamente iguais entre si. Supõe-se, para um curso de doutorado, que o nível de debate deva ser eclético, não direcionado a uma determinada ideologia – sob pena de empobrecê-lo.
Tal fenômeno, todavia, não parece ser exclusividade dessa universidade argentina, mas sim de se constituir num certo paradigma do ensino superior sul-americano, ambiente onde, com inegável teimosia, tenta-se ressuscitar o movimento alienador dos anos 60, onde os ícones idolatrados pela juventude eram Fidel Castro, Ernesto “Che” Guevara e compadrio. Atualmente, diante da incapacidade gestora e da falta de uma proposta condizente com os anseios populares, por parte dos governos ditos de direita (ademais dos conluios que tipificam a relação político-partidária em nosso País), as esquerdas ganharam crescente espaço mediante um discurso de mera retórica comunista, bem ao estilo do que se ouvia entre os anos 50 e 60 do século passado. Lá como cá, as massas – facilmente manipuláveis, historicamente – acabaram chancelando o ingresso ao poder do grupo petista e sua infame busca pela perpetuação nele. “O lema-convocação cunhado por Marx, ‘Proletários do Mundo, Uni-vos’, não se trata de mera peça de retórica ou de proselitismo, é um ideal político-globalizante!”, afirmava já em 2003 o economista e conferencista Armando Abreu [2], preocupado com o rumo que se mostrava claro nas estratégias do governo Lula – e que hoje define o caminho da educação brasileira, bem como de todo o entorno social lato sensu.
A constatação é mais do que fácil de comprovar. Desde uma professora da primeira série, até um douto mestre de pós-graduação universitária (salvaguardadas as raras exceções), o discurso segue a mesma retórica: a defesa das minorias e a inclusão social. Apenas deixam de apontar – capciosamente – soluções exeqüíveis, para preferir o discurso utópico do inatingível, pois, afinal, somos e devemos ser diferentes, como seres humanos. Uma igualdade paradigmática da espécie seria similar a um conjunto de robôs despersonalizados, sem pensamento próprio, sem as características da individualidade e do livre arbítrio que identificam o homem desde seus primórdios. Daí a célebre frase: “toda unanimidade é burra”, do não menos célebre dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues. “A educação é a arma mais letal de alienação e subversão social, quando em mãos de quem não a possui, efetivamente” (J. Koffler, 2000).
A escola, destarte, é âmbito dissociado de qualquer cor partidária, de qualquer ideologia predominante, pois, se assim não o for, terá deixado de cumprir com sua precípua missão: a formação do indivíduo em sua mais pura e equilibrada essência. O destino que desejamos, somos nós que escolhemos. Mas o nosso, pelo visto, é o da ignorância massificada que se nos está a impingir – pelo visto, de forma vitalícia.
O QUE ENSINAM ÀS NOSSAS CRIANÇAS?
(por Ali Kamel)
Fonte: http://www.escolasempartido.org/index.php?id=38,1,article,2,196,sid,1,ch
Fonte: http://www.escolasempartido.org/index.php?id=38,1,article,2,196,sid,1,ch
Não vou importunar o leitor com teorias sobre Gramsci, hegemonia, nada disso. Ao fim da leitura, tenho certeza de que todos vão entender o que se está fazendo com as nossas crianças e com que objetivo. O psicanalista Francisco Daudt me fez chegar às mãos o livro didático "Nova História Crítica, 8ª série" distribuído gratuitamente pelo MEC a 750 mil alunos da rede pública. O que ele leu ali é de dar medo. Apenas uma tentativa de fazer nossas crianças acreditarem que o capitalismo é mau e que a solução de todos os problemas é o socialismo, que só fracassou até aqui por culpa de burocratas autoritários. Impossível contar tudo o que há no livro. Por isso, cito apenas alguns trechos.
Sobre o que é hoje o capitalismo: "Terras, minas e empresas são propriedade privada. As decisões econômicas são tomadas pela burguesia, que busca o lucro pessoal. Para ampliar as vendas no mercado consumidor, há um esforço em fazer produtos modernos. Grandes diferenças sociais: a burguesia recebe muito mais do que o proletariado. O capitalismo funciona tanto com liberdades como em regimes autoritários."
Sobre o ideal marxista: "Terras, minas e empresas pertencem à coletividade. As decisões econômicas são tomadas democraticamente pelo povo trabalhador, visando o (sic) bem-estar social. Os produtores são os próprios consumidores, por isso tudo é feito com honestidade para agradar à (sic) toda a população. Não há mais ricos, e as diferenças sociais são pequenas. Amplas liberdades democráticas para os trabalhadores."
Sobre Mao Tse-tung: "Foi um grande estadista e comandante militar. Escreveu livros sobre política, filosofia e economia. Praticou esportes até a velhice. Amou inúmeras mulheres e por elas foi correspondido. Para muitos chineses, Mao é ainda um grande herói. Mas para os chineses anticomunistas, não passou de um ditador."
Sobre a Revolução Cultural Chinesa: "Foi uma experiência socialista muito original. As novas propostas eram discutidas animadamente. Grandes cartazes murais, os dazibaos, abriam espaço para o povo manifestar seus pensamentos e suas críticas. Velhos administradores foram substituídos por rapazes cheios de idéias novas. Em todos os cantos, se falava da luta contra os quatro velhos: velhos hábitos, velhas culturas, velhas idéias, velhos costumes. (...) No início, o presidente Mao Tse-tung foi o grande incentivador da mobilização da juventude a favor da Revolução Cultural. (...) Milhões de jovens formavam a Guarda Vermelha, militantes totalmente dedicados à luta pelas mudanças. (...) Seus militantes invadiam fábricas, prefeituras e sedes do PC para prender dirigentes 'politicamente esclerosados'. (...) A Guarda Vermelha obrigou os burocratas a desfilar pelas ruas das cidades com cartazes pregados nas costas com dizeres do tipo: 'Fui um burocrata mais preocupado com o meu cargo do que com o bem-estar do povo.' As pessoas riam, jogavam objetos e até cuspiam. A Revolução Cultural entusiasmava e assustava ao mesmo tempo."
Sobre a Revolução Cubana e o paredão: "A reforma agrária, o confisco dos bens de empresas norte-americanas e o fuzilamento de torturadores do exército de Fulgêncio Batista tiveram inegável apoio popular."
Sobre as primeiras medidas de Fidel: "O governo decretou que os aluguéis deveriam ser reduzidos em 50%, os livros escolares e os remédios, em 25%." Essas medidas eram justificadas assim: "Ninguém possui o direito de enriquecer com as necessidades vitais do povo de ter moradia, educação e saúde."
Sobre o futuro de Cuba, após as dificuldades enfrentadas, segundo o livro, pela oposição implacável dos EUA e o fim da ajuda da URSS: "Uma parte significativa da população cubana guarda a esperança de que se Fidel Castro sair do governo e o país voltar a ser capitalista, haverá muitos investimentos dos EUA. (...) Mas existe (sic) também as possibilidades de Cuba voltar a ter favelas e crianças abandonadas, como no tempo de Fulgêncio Batista. Quem pode saber?"
Sobre os motivos da derrocada da URSS: "É claro que a população soviética não estava passando forme. O desenvolvimento econômico e a boa distribuição de renda garantiam o lar e o jantar para cada cidadão. Não existia inflação nem desemprego. Todo ensino era gratuito e muitos filhos de operários e camponeses conseguiam cursar as melhores faculdades. (...) Medicina gratuita, aluguel que custava o preço de três maços de cigarro, grandes cidades sem crianças abandonadas nem favelas... Para nós, do Terceiro Mundo, quase um sonho não é verdade? Acontecia que o povo da segunda potência mundial não queria só melhores bens de consumo. Principalmente a intelligentsia (os profissionais com curso superior) tinham (sic) inveja da classe média dos países desenvolvidos (...) Queriam ter dois ou três carros importados na garagem de um casarão, freqüentar bons restaurantes, comprar aparelhagens eletrônicas sofisticadas, roupas de marcas famosas, jóias. (...) Karl Marx não pensava que o socialismo pudesse se desenvolver num único país, menos ainda numa nação atrasada e pobre como a Rússia tzarista. (...) Fica então uma velha pergunta: e se a revolução tivesse estourado num país desenvolvido como os EUA e a Alemanha? Teria fracassado também?"
Esses são apenas alguns poucos exemplos. Há muito mais. De que forma nossas crianças poderão saber que Mao foi um assassino frio de multidões? Que a Revolução Cultural foi uma das maiores insanidades que o mundo presenciou, levando à morte de milhões? Que Cuba é responsável pelos seus fracassos e que o paredão levou à morte, em julgamentos sumários, não torturadores, mas milhares de oponentes do novo regime? E que a URSS não desabou por sentimentos de inveja, mas porque o socialismo real, uma ditadura que esmaga o indivíduo, provou-se não um sonho, mas apenas um pesadelo?
Nossas crianças estão sendo enganadas, a cabeça delas vem sendo trabalhada, e o efeito disso será sentido em poucos anos. É isso o que deseja o MEC? Se não for, algo precisa ser feito, pelo ministério, pelo congresso, por alguém.
LIVRO DIDÁTICO E PROPAGANDA POLÍTICA
(por Ali Kamel)
Ali Kamel é jornalista e sociólogo brasileiro, atual diretor-executivo de jornalismo da Rede Globo e colunista do jornal O Globo.
Fonte: http://www.escolasempartido.org/index.php?id=38,1,article,2,196,sid,1,ch
Fonte: http://www.escolasempartido.org/index.php?id=38,1,article,2,196,sid,1,ch
Ainda os livros didáticos, um problema mais grave do que eu imaginava. Para 2008, o MEC me informa que já comprou mais de um milhão de exemplares do livro de história “Projeto Araribá, História, Ensino Fundamental, 8”, a ser distribuído na rede pública a partir de janeiro. Para ser exato, 1.185.670 exemplares a um custo de R$ 5.631.932,50. É agora o campeão de vendas.
Sem dúvida, o livro tem mais compostura que o “Nova História Crítica”, que analisei aqui há 15 dias, mas, em essência, apresenta os mesmos defeitos e um novo, gravíssimo: faz propaganda político- eleitoral do PT. Na unidade 3, “A primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa”, o livro diz o seguinte, logo na abertura, sob o título “Um sonho que mudou a história”: “Em 1º de janeiro de 2003, o governo federal apresentou o programa Fome Zero. Segundo dados do IBGE, 54 milhões de brasileiros vivem em estado de pobreza. Em nenhum país do planeta existem tantos pobres vivendo entre pessoas tão ricas. No mundo, segundo o relatório do Banco Mundial, 1,2 bilhão de pessoas vivem com uma renda inferior a 1 dólar por dia, cifra que deve chegar a 1,9 bilhão em 2015. Por que, apesar de tantos avanços tecnológicos, pessoas continuam morrendo de fome? É possível mudar essa situação? Os revolucionários russos de 1917 acreditavam que sim. Seguros de que o capitalismo era o responsável pela pobreza, eles fizeram a primeira revolução socialista da história. Depois disso, o mundo nunca mais seria o mesmo. Hoje, passado quase um século, o capitalismo retornou à Rússia, e a União Soviética, que nasceu da Revolução Russa de 1917, não existe mais. Valeu a pena? É difícil responder. Mas como dizia um membro daquela geração de revolucionários, é preciso acreditar nos sonhos.”
Entenderam a sutileza? Os alunos são levados a acreditar que não há país no mundo com mais pobres do que o nosso (os autores esqueceram-se da Índia, para citar apenas um?). E que o Fome Zero seria o sonho de 1917 revivido.
O livro prossegue com pequenos tópicos sobre os principais acontecimentos mundiais, a revolução russa e seus antecedentes: grande pobreza no campo, extrema exploração dos operários. Vitoriosos os revolucionários, seus primeiros feitos são assim descritos: “Estradas de ferro e bancos foram nacionalizados, as terras foram divididas e distribuídas entre os camponeses e a produção nas indústrias passou a ser controlada pelos operários. As medidas revolucionárias do novo governo feriram os interesses da burguesia e das grandes empresas que atuavam no país.” Segue-se um breve resumo da guerra civil — a burguesia e a aristocracia, apoiados pelos EUA e Grã-Bretanha, contra os revolucionários liderados por Lênin e Trotsky — e um pequeno verbete intitulado “A ditadura de Stálin”. Nele, lê-se que a URSS foi governada de 1924 a 1953 por Stálin, como um ditador. “As liberdades individuais foram suprimidas e os adversários do regime , inclusive os líderes da revolução, acabaram presos ou assassinados pelo regime.” Parece honesto, mas não é: omitir os detalhes da monstruosa ditadura de Stálin, que levou milhões à morte, é esconder dos alunos o mal que o socialismo real provocou. Especialmente porque os autores não se esqueceram de destacar o “bem” que Stálin proporcionou: “O Estado promoveu o desenvolvimento da indústria de base, como energia elétrica e metalurgia, investiu em educação e na qualificação de mão de obra e formou cooperativas agrícolas (...) para ampliar a produção no campo.”
Bonito, não? No fim do capítulo, nas atividades propostas aos alunos, fica estabelecida a distinção entre capitalismo e socialismo: “Os anos 1920, nos EUA, caracterizaram-se por consolidar a sociedade de consumo. Numa cultura de consumo, grande parte do tempo e das energias humanas está voltado (sic) para a aquisição de bens materiais. Sob a orientação do seu professor, debatam os seguintes aspectos: a) dados que comprovam o caráter consumista da sociedade atual; b) os efeitos negativos da cultura do consumo para o indivíduo e a sociedade."
A orientação socialista do livro fica patente em muitas passagens. Veja por exemplo como os autores definem o Welfare State europeu: “Apesar de ter sido elaborado, no contexto da Guerra Fria, para afastar a ameaça representada pelo prestígio que o socialismo despertava no Ocidente, o Welfare State serviu, também, para concretizar antigas reivindicações do movimento sindical (...).” O livro se apressa a dizer que o Welfare State durou pouco, graças à crise do petróleo de 1973 (sic): “Nos anos 1980, os governos de Margareth Thatcher, na Inglaterra (sic), e de Ronald Reagan, nos EUA, adotaram o modelo econômico de livre mercado, tornando nula (sic) a intervenção do Estado na economia (...)." Os alunos devem achar que viver naqueles dois países é um horror.
E Mao? Este parece ser um fetiche dos autores de livros didáticos. O livro conta que Mao derrotou o capitalismo na China e relata dois episódios, sem referência aos milhões de mortos que os dois eventos provocaram. “Em 1958, a fim de aumentar a produção, foram criadas cooperativas rurais e novas indústrias também. Essas iniciativas econômicas foram conhecidas como o ‘Grande salto para a frente’. Preocupado com a influência de valores ocidentais na China, Mao iniciou a Revolução Cultural, uma campanha oficial marcada por intensa doutrinação e repressão.” E mais não se diz.
Deixando de lado a História Universal, o que mais espanta no livro é a sua novidade: a propaganda político-eleitoral. Depois de relatar o sucesso do Plano Real no Governo Itamar, o livro explica assim a vitória de FH sobre Lula nas eleições de 1994: “Uma habilidosa propaganda política transformou o candidato do governo, Fernando Henrique, no pai do Plano Real.” Sobre os resultados do primeiro governo FH, o livro contraria tudo o que os especialistas dizem sobre os efeitos imediatos do Plano Real: “A inflação foi controlada, mas a um preço muito elevado. O desemprego cresceu, principalmente na indústria, elevando a miséria, a concentração de renda e a violência no país.” Herança maldita é pouco.
Depois de contar como o governo foi obrigado a desvalorizar o real, o livro diz que o segundo mandato de FH trouxe duas conquistas no campo social, como ampliar as matrículas no ensino fundamental e reduzir a mortalidade infantil. Mas o capítulo termina assim: “O PT chegou ao poder com a responsabilidade de vencer um enorme desafio: manter a inflação sob controle e combater a desigualdade social no Brasil, onde 54 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza.” Como os autores disseram no início, o sonho não acabou.
O livro termina com oito páginas sobre a fome no mundo e no Brasil. Há afirmações assim: “Há mais pessoas desnutridas na Nigéria, um país de 120 milhões de habitantes, do que na China, onde vive mais de 1,2 bilhão de pessoas.” A China é socialista, certo? As causas da fome, apontadas pelo livro, são as dificuldades de acesso à terra, o aumento do desemprego e a divisão desigual da renda. Depois de repetir que “o nosso país tem fome” o livro “esclarece”: “O combate à fome é o principal objetivo do governo Lula, que tomou posse em janeiro de 2003. Para isso, o governo lançou o Programa Fome Zero. A implantação do programa tem como referência o Projeto Fome Zero _ uma proposta de política de segurança alimentar para o Brasil, um documento que reúne propostas elaboradas pelo Partido dos Trabalhadores em 2001. Leia agora parte desse documento.”
E as crianças são expostas a 52 linhas do documento de propaganda partidária elaborado em 2001 pelo Instituto da Cidadania, do PT. E a nenhum outro. O Fome Zero, que não conseguiu sair do papel, vira História. Tudo isso distribuído gratuitamente pelo governo federal a mais de um milhão de alunos. Isso é possível? Isso é republicano?
Não acredito que o presidente Lula aceite que propaganda política de um único partido seja distribuída com o uso de dinheiro público como se fosse aula de história. Não acho também que o MEC concorde com isso. Fica aqui o alerta.
Três detalhes.
O livro, deliberadamente, confunde pobreza com fome. A OMS admite até 5% de pessoas magras em qualquer população (os geneticamente magros e não os emagrecidos pela falta de alimento). O Brasil tem 4% de magros e, em pouquíssimas áreas, esse percentual chega a 7%; a Índia tem 50%. A fome no nosso país é, portanto, um fenômeno localizado, na casa das centenas de milhares de pessoas, nunca na casa dos milhões.
O livro, que se bate contra a globalização e o neo-liberalismo, foi impresso na China. Usando uma linguagem que poderia ser a dos autores, “roubando empregos brasileiros.”
E, por último, para que o leitor tenha certeza da péssima qualidade do projeto, sugiro uma visita à página 83 do livro de geografia para oitava série, da mesma coleção (1.087.059 exemplares ao custo de R$ 4.859.153,73). Lá, num texto sobre o Islã, está escrito que a corrente sunita é a mais moderada e que “a xiita ou fundamentalismo islâmico é a mais radical”. Sim, eles acham que o xiismo e o fundamentalismo são sinônimos. Sim, eles ignoram que a Al-Qaeda, a manisfestação mais brutal do fundamentalismo, é sunita. No mesmo texto, está escrito também que a Arábia Saudita, o berço do sunismo radical, é ... xiita.
Pobres de nossas crianças.
Esta denúncia fora feita verbalmente na própria escola, Florestan Fernandes, onde a Orientadora Pedagógica, Professora Maria Cristina classificou como normal o conteúdo do dito livro de história e a direção da escola, após visita da supervisora de ensino, limitou-se a lavrar uma mera ocorrência, da qual tomei ciência.
A Ouvidoria do Município igualmente classificou como normal o conteúdo do livro de história. Segundo as palavras do ouvidor, o livro fora escrito por “pessoas gabaritadas” para isto e que o livro não fora “encomendado pelo governo” sendo um livro “vendido em livrarias”, como se isto por si só justificasse os abusos cometidos pelos “gabaritados” autores de tamanho descalabro.
De todos os pais, este que se apresenta, é o único que, até onde se sabe, resolveu tomar alguma atitude.
É realmente constrangedor ter seu filho estudando em uma escola pública e ser tratado como um idiota pelos ditos educadores que por conivência ou descaso preferem permitir que esta situação absurda continue.
Igualmente constrangedor é ser tratado, pai e filhos, como se a escola pública fosse um favor, quando os impostos pagos em cada pacote de bolacha que seus filhos comem, em cada copo do achocolatado que eles tomam, em cada mínima coisa que toda sociedade, como cidadãos brasileiros, compram deveria servir para financiar esta escola.
Isto posto vem a este Ministério Público praticamente, implorar para que as crianças da Cidade de Santos e do país possam decidir por elas mesmas se são de esquerda ou não.
Vem a este Ministério público praticamente implorar para que este doutrinamento ideológico das crianças da Cidade de santos e de nosso país tenha fim.
Vem a este Ministério Público praticamente implorar para que as Leis Eleitoral e Civil e a Constituição sejam respeitadas até mesmo como exemplo para nossas crianças.
Vem a este ministério público praticamente implorar para que nossas crianças em especial seu filho possa ter um futuro.
Por ser verdade, firma a presente e pede deferimento.
Santos, 14 de março de 2008
Paulo Vieira da Silva Filho
Capa do livro História e Vida Integrada
Página um do livro História e Vida Integrada trazendo a qualificação dos autores.
Página 3 do Livro História e Vida Integrada (Editorial)
Página um do livro História e Vida Integrada trazendo a qualificação dos autores.
Página 3 do Livro História e Vida Integrada (Editorial)
Página 9 do Livro História e Vida Integrada, Capítulo Primeiro “Em busca do passado”.
Página 45do livro História e Vida Integrada, onde se compara os pichações a pinturas rupestres.
Página 15 do livro História e Vida Integrada mostrando coincidentemente METALÚRGICOS.
Página 17 do livro História e Vida Integrada mostrando profissões primárias em detrimento de outras mais especializadas.
Página 107 do Livro História e Vida Integrada. Capítulo décimo segundo.
Fatos históricos ou propaganda político partidária?
Página 27 do livro Matemática na Medida Certa. Erro grosseiro na análise do gráfico, e a palavra “ajeitar” o resultado.
Página 45do livro História e Vida Integrada, onde se compara os pichações a pinturas rupestres.
Página 15 do livro História e Vida Integrada mostrando coincidentemente METALÚRGICOS.
Página 17 do livro História e Vida Integrada mostrando profissões primárias em detrimento de outras mais especializadas.
Página 107 do Livro História e Vida Integrada. Capítulo décimo segundo.
Fatos históricos ou propaganda político partidária?
Página 27 do livro Matemática na Medida Certa. Erro grosseiro na análise do gráfico, e a palavra “ajeitar” o resultado.
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