25/02/2008
Redação
O Estado de S. Paulo
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A velocidade incrível, que permite que se baixe um DVD inteiro em cerca de 5 minutos, é apenas um dos fatores que fazem da Coréia o país mais conectado do planeta.
“A internet aqui é tão importante quanto a eletricidade”, conta o vendedor Choi Jin Siek, de 32 anos. “Muito apartamento novo já tem conexão de fibra óptica. Não dá para viver sem a web porque todo o nosso mundo está lá.”
O governo sul-coreano apostou pesado na tecnologia para espantar a crise econômica que tomou conta da Ásia no final dos anos 1990. Investiu US$ 24 bilhões em infra-estrutura de rede e hoje consegue oferecer para qualquer pessoa conexões absurdamente velozes por menos de US$ 20 (R$ 34) por mês. Sem limite de downloads. Cerca de 90% da população está plugada na banda larga.
Hoje, conexões de 50Mb/s e 100 Mb/s são normais nas casas. No Brasil, a conexão mais rápida é de 8 Mb/s, mas poucos têm acesso a ela. Em Seul, em breve a velocidade chegará a 1Gb/s (gigabit por segundo), quase um quinto da impressionante velocidade da conexão oferecida na Campus Party Brasil há cerca de duas semanas.
Essa aposta na internet não poderia ser mais acertada. Toda uma nova cultura digital está se desenvolvendo graças a essa iniciativa, e é essa cultura que coloca a Coréia no topo do mundo digital.
Essa aposta na internet não poderia ser mais acertada. Toda uma nova cultura digital está se desenvolvendo graças a essa iniciativa, e é essa cultura que coloca a Coréia no topo do mundo digital.
Muito antes de Orkut, FaceBook e MySpace, a Coréia já tinha seu site multimídia de rede social. O Cyworld, criado em 1999, reúne 43% da população do país. O site tem ainda mais peso do que o Orkut tem no Brasil.
A sacada do Cyworld em relação aos outros sites de rede social é a forma como outros produtos são oferecidos. Fazer uma página pessoal é grátis, mas adicionar novos recursos, como músicas personalizadas, vídeos de artistas ou gráficos mais bonitos custa dinheiro. São microtransações, de baixo valor. Uma música, por exemplo, custa US$ 0,50. Mas apenas essas músicas já movimentaram dentro do Cyworld mais de US$ 100 milhões.
Esse modelo de negócios da web é a base de muitos serviços online na Coréia, inclusive os games online. Tudo é gratuito para quem quiser a experiência básica, mas uma experiência mais elaborada é cobrada.
Nos games online, é normal comprar itens que aumentam o poder dos personagens ou modificam o visual, como uma roupa ou um adereço.
O Messenger, que no Brasil é o programa de mensagens instantâneas mais usado, quase não tem vez aqui. O NateOn Messenger domina. Integrado ao Cyworld, o pequeno programa também serve como uma espécie de leitor de RSS, que avisa quando os contatos atualizaram suas páginas pessoais.
O Google praticamente não tem importância para o internauta coreano. Quando precisa de uma informação, ele segue direto para o Naver, o maior site de busca da Coréia. O grande diferencial em relação aos outros mecanismos de busca é a forma como a informação é tratada. A grande sacada do Naver foi, em 2002, permitir que os usuários alimentassem a base de dados do buscador de forma colaborativa.
O Google praticamente não tem importância para o internauta coreano. Quando precisa de uma informação, ele segue direto para o Naver, o maior site de busca da Coréia. O grande diferencial em relação aos outros mecanismos de busca é a forma como a informação é tratada. A grande sacada do Naver foi, em 2002, permitir que os usuários alimentassem a base de dados do buscador de forma colaborativa.
É como se o Google fosse fundido com a Wikipédia. O resultado foi a criação de uma comunidade em torno do buscador. Como o sistema é baseado nas pessoas, e não em algoritmos de busca, o resultado sempre é satisfatório.
O web designer Park Soo, de 21 anos, só usa o Naver em suas buscas. “Quando procuro por restaurantes na área onde moro, em vez de um script automático me mostrar o resultado, eu vejo essa informação e a recomendação pessoal de várias pessoas, que endossam ou não a informação que o sistema me oferece. O Google não tem nada parecido”, conta.
Outra mostra da força do meio digital na Coréia é a forma como conteúdo multimídia é vendido.
Enquanto no Ocidente a venda digital de músicas não passa de 10% do total, na Coréia, mais de 57% das canções já são vendidas digitalmente.
Conteúdos criados pelos usuários movimentam a rede. Vídeos, wikisites, textos e músicas podem até render dinheiro. Quanto maior a visibilidade e relevância do conteúdo, mais dinheiro pode render.
O acesso à web também possibilitou que a população tivesse muito mais acesso à informação e papel mais ativo na vida política do país . Ao mesmo tempo, o governo investiu pesado na digitalização dos serviços públicos.
Em vez de obrigar os cidadãos coreanos a perder horas de trabalho em filas e burocracia desnecessária, houve um maciço esforço para a digitalização dos serviços públicos.
Com mais informações online, o governo procura baixar custos e otimizar processos, além de barrar a corrupção.
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