sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Muitas importantes personalidades venezuelanas haviam destacado, antes do plebiscito de 2 de dezembro sobre a reforma constitucional proposta pelo governo de Hugo Chavez, que o sistema eleitoral totalmente automatizado da Venezuela já não era confiável. Entre outras razões das críticas ao sistema estava, por exemplo, a questão da simples aceitação do súbito aumento do número total de eleitores do país – que subiu de 10 para 16 milhões em apenas 5 anos; ou ainda registros que mostravam a incrível quantidade de 100 mil eleitores que já estariam com mais de 100 anos. Além disso, temia-se pela fraude dentro dos próprios programas internos das urnas (fraude mais difícil ainda de ser detectada) e também pela quebra de sigilo dos votos (coisa que há razões de sobra para se suspeitar que realmente já tenha ocorrido).

Mas, e agora, que a opção pelo NÃO à proposta de reforma da Constituição venceu com pouco mais da metade dos votos? Naturalmente, muitos pensam, aliviados, que não houve como acontecer fraudes que estariam planejadas, por causa da intensa vigilância nacional e internacional sobre as votações do plebiscito e ainda que tenha havido uma espécie de ressurreição do Estado de Direito democrático e das oposições venezuelanas ao chavismo. Sem querer retirar o mérito inegável e invejável do povo venezuelano – que já deu inúmeras demonstrações de que não vai para a forca calado e de cabeça baixa -, é óbvio que, infelizmente, as coisas não são tão simples assim como parecem ser e que, na verdade, preparam o cenário para a entrada definitiva e triunfante do comunismo bolivariano de Chavez.

É muito simples. De que andava sendo acusado o coronel Hugo Chavez? De antidemocrata; de que o que fazia na Venezuela não era fruto de legítima concessão democrática da maioria dos venezuelanos e de que poderia estar fraudando os pleitos, desde alguns anteriores ocorridos naquele país. Então, qual seria o verdadeiro triunfo de Chavez nesse plebiscito tão importante sobre sua “precipitada” proposta de reforma constitucional de viés nitidamente comunista? Perder e aceitar a derrota “democraticamente” – desde que fosse por margem muito pequena, é claro, para, depois de certo tempo, quando fizer outro e se sair vitorioso, dar a impressão de que as coisas possam facilmente ter se invertido. Assim, o ditador venezuelano caberia perfeitamente na carapuça de “que pode ser acusado de tudo, menos de não ser um legítimo democrata”, como declarou recentemente seu fiel colega do Foro de São Paulo, o Sr. Lula, presidente do Brasil.

Não consigo entender como não houve uma só linha em nenhum jornal de grande circulação que especulasse sobre o assunto sob esse ponto de vista. A nós brasileiros, por exemplo, não nos falta experiência: não viram para que serviu o referendo sobre o Desarmamento? A vitória do NÃO à proibição de venda de armas e de munições em território brasileiro foi praticamente inócua, posto que o Estatuto do Desarmamento, votado e aprovado pelo Congresso, estabelece regras que já, na prática, instituem o desarmamento dos cidadãos brasileiros, além de colocarem sob risco de prisão inafiançável qualquer cidadão honesto que possua uma arma dentro de casa, mas que não tenha condições financeiras de desembolsar mais de R$ 2000,00 para renovar o registro desta arma, se não me engano, de 3 em 3 anos.

Isso para não falar que o respeito “democrático” à derrota no referendo deu legitimidade à “segurança e à inviolabilidade” das urnas eletrônicas, que, nas eleições seguintes revelaram a reeleição incompreensível de “mensaleiros”, de “invasores de contas bancárias de caseiros indefesos” e de um presidente que conseguiu a proeza – inédita na história das eleições mundiais – de retirar de seu adversário cerca de 11 milhões de votos, da noite para o dia, no segundo turno das eleições presidenciais, e de ainda levar mais de 2 milhões de eleitores que haviam anulado seu voto no primeiro turno, a mudar de idéia e resolver votar no candidato do PT, que acabou sendo reeleito.

Ora, no caso agora do plebiscito da Venezuela, trata-se da mesma jogada, para dar às ditaduras o respaldo “democrático” de que precisam para fingir que enganam o mundo. É, na verdade, as pessoas fingem que estão sendo enganadas e quem engana finge que não sabe que todo mundo finge que não sabe que está sendo enganado.

Ser um democrata é, antes de respeitar a vontade da maioria, respeitar a lei, viver sob um Estado de Direito, com Instituições fortes e independentes (e não aparelhadas por militantes de um partido só) e onde exista liberdade de imprensa e amplo acesso a todo tipo de informação por parte da população. Assim, quando a “democracia” se limita, simploriamente, à expressão, por voto, da vontade e/ou da opinião da maioria, o que existe, na verdade, é a ditadura do voto - quase sempre a expressão de doutrinamento e de falta de informação. Portanto, dizer que uma pessoa seja democrata apenas por transformar todas as grandes questões nacionais em plebiscito, comprometendo-se a acatar os resultados, ou por ter sido eleito ao poder pelo voto popular é reduzir a democracia à simples “ditadura votocrcrática manipulada”, na qual, na realidade, uma minoria paralisa e emudece a maioria.

Será que não há entre nós quem perceba que as ações e os planos de todos os líderes de esquerda – incluindo muitos dos presidentes dos países - da América Latina sejam todos “coincidentemente” coordenados e todos visando a uma longa continuidade que não pode vir a sofrer interrupções futuras por causa das alternâncias de poder nos governos locais de cada país da região? O sonho megalômano esquerdopata - alimentado pela esquerdopatia comunista internacional, diga-se de passagem - de transformar em realidade a União das Repúblicas Socialistas da América Latina (URSAL) está se convertendo em realidade – mesmo que por imposição. São tantas e tão óbvias as evidências desse processo que fica difícil acreditar que o discurso de muita gente que se diz séria e patriota ainda possa estar voltado para eleger o Estado norte-americano como o maior dos inimigos imperialistas do Brasil.


Veja-se, por exemplo, a última proposição do governo Lula:
Brasil vai propor defesa única para litoral do continente (matéria de Kayo Iglesias – JB de 29/11/2007), revelada pelo assessor especial de assuntos internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia, ao dizer que “Lula pretende propor, em janeiro, na 3ª reunião de chefes de Estado da União Sul-Americana de Nações, em Cartagena, Colômbia, a criação de uma junta de defesa do continente. O grupo seria formado pelos ministros da Defesa de todos os países e teria como principal missão proteger a Região Amazônica e as fronteiras marítimas”. Sabem o que MAG disse para justificar a tal proposição? Que “a descoberta de novas riquezas e a consolidação do continente como principal fonte de recursos naturais geradores de energia requerem atenção e preocupação com possíveis interferências externas”.

Nossa perguntinha inocente: “Quer dizer que só devemos nos preocupar ou considerar como interferência externa aquela que vier de fora do Continente sul-americano?”

MAG disse mais. Ao ser questionado sobre os problemas que o Brasil enfrenta com outros países da região, especialmente com a Bolívia, disse que “as relações econômicas entre os dois países não seriam afetadas por causa dos problemas ocorridos com a Petrobrás naquele país e nem por causa dos problemas com o fornecimento de gás para o Brasil”. Preste-se atenção em sua justificativa: “A riqueza, quando é um bem compartilhado, é um fator de paz”. É isso mesmo que o leitor leu – nosso “sem problemas e biliardário” país deve compartilhar suas riquezas com os povos irmanados da região, por imposição de sua excelência, o escravagismo comunista.


A matéria do JB revelava ainda que Lula já estaria em conversações a respeito desse plano de defesa continental unificada com os ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores, e Nelson Jobim, da Defesa. Para Amorim, a “importância da Amazônia” seria “como um fator agregador entre as nações” e que, por lá, haveria “entidades que simulam papel de protetoras da floresta, mas que representam interesses econômicos de outros países”.

Não vou repetir a perguntinha inocente.



O jornalista Merval Pereira escreveu sobre esse plano em
artigo para o jornal O Globo no qual citava a análise do cientista político Amaury de Souza (*) de que "para contra-arrestar a ameaça militar norte-americana, três linhas de ação vêm sendo implementadas: 1) uma nova visão estratégica de defesa nacional no marco de uma guerra assimétrica; 2) a defesa integral da nação com base em uma aliança cívico-militar; 3) o fortalecimento e a preparação da Força Armada Nacional, com a modernização de seu equipamento e a criação de uma força conjunta para a defesa da América do Sul". Para Amaury de Souza o que estaria sendo “menos perceptível no esquema militar chavista” seriam os "esforços em prol de uma integração militar e geopolítica paralela à integração econômica da região e do desenvolvimento de um pensamento militar autóctone".

Recentemente, o jornal Correio Brasilense publicou uma
reportagem do jornalista Cláudio Dantas Sequeira dizendo que Chavez teria um projeto para transformar o Brasil numa “democracia socialista” e que, entre outras coisas, para isso, teria enviado 15 “diplomatas” para ajudar a implantar e/ou a organizar os Círculos Bolivarianos e outras unidades de apoio à causa chavista. A matéria dizia ainda que o trabalho de campo estaria sendo coordenado pelo venezuelano Maximilian Arvelaiz, homem de confiança de Chavez, e que toda a articulação culminaria na realização da primeira Assembléia Bolivariana Nacional em dezembro, no Rio de Janeiro. Trata-se de uma frente antiimperialista dedicada a transformar o Estado numa “democracia socialista”, como consta do próprio estatuto desse futuro organismo, cujas linhas teóricas repetem, claramente, o ideário da Reforma Constitucional chavista e sua meta de construir um “poder popular” para formar uma “federação socialista latino-americana”.

Agora, imagine o leitor se os EUA resolvessem promover aqui movimento semelhante, só que de ideologia democrata... E quantos movimentos nazi-fascistas já foram destituídos no Brasil por serem, evidentemente, considerados ilegais? Entretanto, o movimento revolucionário bolivariano pode instalar-se aqui, sem a menor cerimônia, e contar com a ajuda explícita da Venezuela, através de seus consulados espalhados pelo país.

No site do Círculo Bolivariano Leonel Brizola (
http://assembleiabolivariananacional2007.blogspot.com), cujo coordenador é o jornalista Aurélio Fernandes, membro da CUT-RJ e do diretório nacional do PDT, pode-se ler, entre outras coisas, o estatuto do movimento, que terá como fachada jurídica a Associação Nacional pela Educação Popular e a Cidadania, em cujo nome estarão todas as propriedades e documentos legais. Um dos responsáveis pelo Círculo Bolivariano Che Guevara, ligado ao Círculo Bolivariano Leonel Brizola confirmou à reportagem do Correio: “A gente conta com a ajuda deles (dos consulados), não só formando uma base de solidariedade à revolução na Venezuela e em Cuba, mas ajudando na construção de uma revolução no Brasil.” A mesma pessoa ressaltou o trabalho intenso do novo cônsul no RJ, mas garantiu que se trata de apoio político e não financeiro. Ainda segundo ele, quem banca os Círculos são os próprios integrantes, não havendo financiamento externo. No entanto, segundo a reportagem, “o capítulo novo do estatuto do Movimento determina que as finanças terão origem em contribuições não só dos militantes, mas ‘doações de pessoas e entidades jurídicas’ — o que inclui qualquer tipo de patrocinador”.


Em outra reportagem, publicada pelo Estado de São Paulo, em 2 de fevereiro deste ano, já se falava que o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) britânico apontava em seu relatório anual que Venezuela teria adquirido armas além de sua necessidade e que estaria repassando armas ao governo boliviano (será que realmente esse repasse seria somente para a Bolívia?). O informe ainda ressaltava que o governo boliviano do presidente Evo Morales se comprometia, segundo
acordo militar bilateral, a receber efetivos militares venezuelanos "em tempos de crise", e a aceitar financiamento da Venezuela em instalações militares. Na ocasião, Morales disse não saber precisamente quantos militares provindos da Venezuela estariam na Bolívia, mas disse que a missão dos soldados seria humanitária. Também, segundo o IISS, a Venezuela estaria construindo um porto sobre o rio Paraguay e uma base militar, a de El Prado, próxima à fronteira com o Brasil, que abrigaria 2.500 soldados e que havia transferido à Força Aérea Boliviana dois helicópteros Cougar, incluindo os que o operavam - integrantes do X Grupo de Operações Especiais das forças armadas venezuelanas.

Ora, todas as vezes que um avião ou helicóptero militar sai da Venezuela em direção à Bolívia deve necessariamente cruzar o espaço aéreo brasileiro, precisando para isso pedir autorização. Sabem quantas autorizações a Venezuela já pediu, só este ano? Mais de 50! Ontem, dia 6/12, um avião venezuelano foi recebido a pedradas por populares na Bolívia, de modo que teve que levantar vôo novamente e pedir para pousar em Rio Branco, no Acre. Os bolivianos contrários ao governo do cocaleiro Evo Morales garantem que o avião estava carregado de armas.

Em outubro deste ano, o jornal El Universal publicou reportagem sobre os acordos que o governo da Venezuela tem com a Rússia de compra de armas em valores que somam 4 bilhões de dólares, mas que podem chegar ainda a três vezes esse valor. Como se sabe, Moscou já vendeu à Venezuela 24 caças Su-30MK, 50 tipos de helicópteros de combate e de transporte, sistemas de defesa aérea Tor-M1 e 100 mil fuzis Kalashnikov, além de se comprometer a construir três fábricas de armamentos militares: uma de fuzis AK-47, uma de munição e outra para a manutenção e conserto de helicópteros. Não acabou. A Rússia ainda vai vender lanchas patrulla "Mirazh", lanchas de desembarque "Murena-E", helicópteros de "Kamov" e sistemas costeiros de mísseis capazes de alcançar alvos situados entre 7 e 130 quilômetros.

Mais recentemente, em junho de 2007, o jornal Estado de São Paulo publicou outra reportagem sobre a proposta de Chavez de um pacto militar na Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), entre Venezuela, Bolívia, Cuba, Nicarágua e que pretende incorporar também o Equador. Segundo o presidente venezuelano, o pacto é necessário por causa “do terrorismo e da agressão permanentes dos EUA” na região. Ele permitiria compartilhar equipamentos e incluiria outras formas de cooperação militar, além dos serviços de inteligência. De acordo com Chávez, a Alba deveria se transformar, no futuro, numa “confederação de Estados”. “Devemos nos ver como um projeto de uma grande nação, que transcenderá os espaços nacionais - uma Confederação dos Estados da Alba”, explicou o presidente venezuelano. “Só unidos poderemos ser livres para desenvolver nossa própria visão de mundo.”

Em novembro deste ano o jornal Estadão (SP) publicou outro artigo dizendo que o planejamento militar de Chavez seria de longo prazo: “Até 2010, ele quer ter garantido, ao menos sob contrato, o fornecimento de outros 120 aviões de combate, 15 submarinos lançadores de mísseis, 138 navios, 25 radares tridimensionais e fábricas inteiras para produção de sistemas de defesa. Se possível, quer ainda alguma capacidade nuclear. “É para gerar energia elétrica”, garantiu Chávez numa apresentação em Moscou, há quatro meses”... “Há dois prováveis parceiros bem cotados para essa empreitada - a Rússia, que responde pela maioria das encomendas dos novos equipamentos de defesa da Venezuela, e o Irã, de Mahmud Ahmadinejad, que ofereceu o serviço.

Já em fevereiro de 2005,
o site Defesa @ Net publicava com exclusividade um trecho da entrevista coletiva que Hugo Chavez concedeu aos jornalistas no V Fórum Social Mundial, no Rio Grande do Sul, quando respondeu sobre qual deveria ser o papel desempenhado pelos militares da América Latina hoje: “O papel dos militares na América Latina já foi definido por Simon Bolívar, líder, libertador e militar, há quase duzentos anos: ‘Os militares devem empunhar suas espadas para defender as garantias sociais’”... “Nesse momento, quando a força imperialista arremete contra nosso povo e do mundo, os militares da América Latina devem se preparar e empunhar suas espadas na defesa de suas nações, mas nunca subordinar-se ao imperialismo americano e aos interesses das oligarquias”... “Enfim, o papel de nossos militares hoje, deve ser o de libertadores. Mas ... devem estar subordinados ... à vontade popular. Assim como acontece na Venezuela, os militares latino-americanos não devem tão somente se preocupar com a defesa da nação e de seus limites territoriais, mas também se incorporar ao povo e construir a nação, numa intensa integração comunitária e política, no desenvolvimento de projetos sociais, técnicos, científicos e universitários, como pude ver hoje em Tapes (Rio Grande do Sul), onde encontrei no acampamento do MST o General Gonzáles, do Exército Venezuelano, que estava trabalhando pela Universidade Bolivariana da Venezuela, onde é estudante”... “Agora está sendo colocada em prática a nova estratégia de defesa nacional da Venezuela: 1º- O fortalecimento do aparato militar do país; 2°- Fortalecimento da união cívico-militar; e 3°- Incremento da participação popular na defesa nacional, ou seja, a população capacitando-se e treinando-se para a defesa do país".


É por essas e outras que o governo brasileiro não vai mais propor ao Congresso a tipificação do crime de terrorismo. Para o general Jorge Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, qualquer definição de terrorismo como crime especificado no Código Penal seria mortal para movimentos sociais e grupos de resistência política de países invadidos: “dependendo da ótica, eles são movimentos de resistência ou são terrorismo” - disse Félix ao GLOBO na última quinta-feira.

Engraçado este tipo de raciocínio inverso ao que se costuma adotar aqui no Brasil para justificar a criação de normas e de leis, no qual “infelizmente, explicam, os justos devem pagar pelos pecadores”. Ou seja, os justos são obrigados a cumprir uma série de procedimentos, nas mais variadas situações, por causa de uma minoria desonesta que se aproveitaria de brechas na segurança ou da boa fé das pessoas para aplicar golpes e/ou praticar crimes. Não é assim no caso do desarmamento ou no caso de se querer controlar a navegação na internet? No entanto, no caso da tipificação do crime de terrorismo, usou-se justamente o argumento contrário: ou seja, de que não é justo correr o risco de se punir “inocentes” por causa de minorias criminosas. Quanta conveniência... quanta incoerência “cara-de-pau”!


É importante nesse ponto citar o conteúdo do artigo
A Conexão Chavez, de Manuel Marlasca e Luis Rendueles, de 2/12, traduzido pela articulista Graça Salgueiro, e publicado no site Mídia Sem Máscara. Os autores chamam a atenção para o fato de que “não é por acaso que Chávez também mantenha fluidas relações com a guerrilha colombiana FARC, financiada com cocaína e com seqüestros. Tampouco é por acaso que quase todos os grandes narcos tenham um passaporte venezuelano”.

Em 2005, Chávez expulsou a agência anti-drogas americana, a DEA, da Venezuela. Que hoje é responsável pelos informes em poder da Polícia espanhola que afirmam que a Armada venezuelana escolta com seus patrulheiros os barcos carregados de droga, enquanto sulcam o delta do rio Orinoco até a desembocadura. A Polícia espanhola detectou em alguns países africanos, como Marrocos e Togo, a presença de prováveis homens de negócios com passaportes venezuelanos dedicados na realidade ao tráfico de cocaína. Não apenas a Espanha tem se queixado de Chavez. Também se queixou a Colômbia, local de saída da coca: “A organização de empresas narcotraficantes formadas por redes de colombianos e de venezuelanos, permitiu aproveitar a experiência acumulada na Colômbia para converter a Venezuela em exportador de drogas ilegais de primeira ordem para a Europa e para os Estados Unidos”.


O diário colombiano El País informou em julho deste ano que a droga procedente da Venezuela para a Europa e para o México havia aumentado cinco vezes sob o mandato de Chavez - 80 por cento da cocaína que chega à Espanha já procede da Venezuela. Mas, se os serviços anti-droga espanhóis não estão nada contentes com Chávez, tampouco o estão os grupos anti-terroristas: organizações fundamentalistas islâmicas violentas, como o Hamas e o Hezbollah, já têm escritório e simpatizantes na Venezuela, assim como também os etarras (do ETA) - que vivem na Venezuela, muitos desde os anos 80 -, além de militantes da organização
Askapena (Libertação), especialmente mimados por Chávez.

Não resta mais dúvidas de que os planos dos governantes de esquerda da América Latina sejam todos de longo prazo e de viés ideológico comunista – por isso, eles precisam garantir que seus sucessores no poder sejam de mesmo perfil ideológico – para dizer o mínimo (assim como aconteceu na Argentina, que trocou 6 por meia dúzia ao eleger Cristina Kirshner para ocupar o lugar de seu marido na presidência do país). A outra opção é conseguir reformar as constituições para permitir a reeleição eterna. O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou recentemente, em Santo Domingo, que ficará durante muito tempo no poder: “Os oligarcas bolivianos diziam que não permaneceríamos no poder por mais de quatro ou seis meses, mas o que não sabem é que ficaremos no Governo por muito tempo". Hugo Chavez vai, com certeza, voltar ao tema da reforma constitucional na Venezuela.

O jornalista da Folha de São Paulo, Kennedy Alencar (aquele que a gente só lê quando e se quiser saber o ponto de vista do PT), no último dia 23/11, escreveu
artigo em que falava sobre a venezuelização, não a do governo, mas, ao contrário, a da oposição brasileira. O jornalista diz que é bobagem achar que Lula vai tentar um terceiro mandato: “Leitores indagam as razões para este jornalista não acreditar que Lula tentará um terceiro mandato seguido. Resposta: O petista não quer um terceiro mandato em 2010 e sabe que não deve querer”. Então, que fique claro: Lula não iria pleitear um terceiro mandato SEGUIDO e, conseqüentemente, NÃO EM 2010. Mas, nada impede que em 2010 vá para o Planalto um candidato-ponte-para-Lula.

Mas, o assessor para assuntos internacionais de Lula, Marco Aurélio Garcia, falou, em entrevista concedida à BBC, que a derrota de Hugo Chávez no plebiscito para alterar a Constituição venezuelana em nada altera a disposição do PT de propor uma Constituinte para mudar a constituição brasileira. O PT começou, durante a eleição para a executiva nacional, a recolher assinaturas para a apresentação de um projeto "popular" para criar uma Assembléia Constituinte. MAG disse que: "Não é uma Constituinte abrangente e refundacionista como está colocado em outros países".


(*) artigo para a revista "Digesto Econômico" da Associação Comercial de São Paulo.



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